DOMINIQUE
Acordei no meio da madrugada, por estar ouvindo um som estranho. Olhei para o lado e vi Anna sentada no chão. O som estranho que ouvia era sua respiração que estava alta.
— Anna — eu me levantei em um pulo. — O que está fazendo?
— Eu só estava tentando algo.
— Você não pode tirar o respirador.
— Eu sei, eu só estava tentando algo.
— O que?
— Nada.
Eu a peguei e coloquei de volta na cama.
— Anna, coloque o respirador novamente.
— Tudo bem — ela colocou. — Pode voltar a dormir. Desculpe.
Eu me apoiei em sua cama.
— O que aconteceu?
Ela fechou os olhos e controlou sua respiração outra vez.
— Queria ver quão bem eu estava. E ver se conseguia respirar sem isso.
— Anna, eu não acho que isso tem a ver só com a lesão, também inalou muita fumaça.
— É, tem razão.
— Por que está apressada?
— Não estou. — Eu a encarei. — Camellia precisa de você.
— Eu não vou abandonar Camellia.
— Eu sei, mas estou preocupada, estou muito preocupada. E estou com medo, Dom. Estou com medo porque as coisas ficam cada vez mais complicadas e fora de controle. Camellia está a beira do caos, as pessoas me odeiam, mas estão contando comigo e nem sabem disso. E agora tem isso, essa minha doença. Não quero ser fraca ou dependente. Estou com medo de não poder suportar esse fardo, parece ficar cada vez mais pesado e eu acho que não sou forte o suficiente. Você ouviu o que o médico disse? Eu não posso me estressar muito por esses dias. Como faço isso? No cargo em que estou? Sendo quem eu sou?
Enquanto Anna falava, eu percebia que sua respiração voltava a ficar alta de novo.
— Anna.
— E se eu não aguentar tudo isso, Dom? Eu me sinto tão pequena agora, tão frágil, tão...
— Anna — falei mais alto e ela parou de falar, tentando tomar fôlego e percebendo que não conseguia.
— Dom — ela me olhou com urgência nos olhos.
— Calma. Fique calma. Fique calma. Eu vou chamar ajuda — comecei a me afastar, mas ela segurou meu braço.
— Eu consigo — arfou. — Só um instante.
— Afaste-se — falei. Ela se afastou e eu deitei na cama com ela.
Eu a segurei em meus braços, coloquei-a em meu peito.
— Tudo bem, está tudo bem. Vai passar, Anna, vai passar. Eu estou aqui — beijei sua cabeça.
Ela apenas fechou os olhos por alguns e aos poucos voltou a respirar normalmente. Ficou com os olhos fechados durante um tempo.
— Minha Flor — chamei e ela olhou para mim. — Eu sei que é difícil, e sei que fica cada vez mais difícil, mas você é a pessoa mais forte que eu conheço, não conheço ninguém mais forte que você, Anna. Você já passou por tanto, e continua aqui. E sei que, não importa o que aconteça, vai continuar aqui. Você sempre conseguiu encontrar alegria na sua vida. Você tem o João, lembra?
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Flor De Um Reinado: O Homem e a Flor
RomantikLIVRO 3 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...