DOMINIQUE
Nós estávamos deitados no gramado do jardim naquela dia, apenas eu e Anna, era logo depois do jantar. Ela olhava fixamente para aquele diário à sua frente.
— Já tem alguma ideia? — perguntei.
— Pensei no nome do meu avô.
— Muito óbvio.
— É, eu sei. Mas eu tenho que abrir, é aqui que estão os três meses.
— Como assim?
— Os três meses que ela sumiu, os três meses antes de tudo acontecer.
— Acha que algo aí justifica o que aconteceu?
— Para ela, sim, de certa forma. Ninguém age sem motivações, seja para bem ou para mal. Se ela fez isso, é porque algo a impulsionou, claro que nada justifica o que aconteceu, mas para ela, com toda certeza, houve um "porquê".
— E você acha que o país descobrir esse porquê vai mudar alguma coisa? Vão deixar de te ver com maus olhos?
— As pessoas sempre criam suas teorias sobre a rainha Maria. A primeira é que ela era um farsa, fingia sem alguém que não era, e depois se mostrou de verdade. A segunda é que ela tinha alguma doença na cabeça, enlouqueceu. E são essas duas coisas que pensam de mim, que sou uma mentira ou que alguma hora vou enlouquecer. Se eu puder provar que não foi isso que aconteceu, vou poder ter mais a confiança das pessoas. Eu só preciso encontrar a chave. Preciso descobrir o quanto antes.
— Você acha que vai descobrir agora? Nesse exato momento?
— Muito improvável. Preciso conversar mais com os funcionários antigos do palácio.
— Então por que não larga esse diário e me beija? Estou me sentindo rejeitado aqui do seu lado.
Ela riu e virou para mim.
— Desculpa, é que andar o tempo todo com diário faz eu não me esquecer dele.
— Só de mim — brinquei com ela.
Ela sorriu e me beijou.
— Nunca. Nunquinha. Você é o meu amor.
— E você é o meu — beijei-a.
Adorava aquelas noites em que ficávamos a sós trocando carinhos. Gostava de tê-la por perto, mesmo que apenas sua companhia, segurar sua mão, beijá-la. É claro que algum dia queria ir adiante com ela, e Anna me atraia como ninguém, mas eu sabia que com ela era diferente, e para mim era diferente. Minha relação com ela sempre pareceu bem maior do que apenas carne. Era uma junção assustadora de grande de todas essas coisas. Eu sabia que ela tinha marcas, que tinha um história que havia lhe trazido muitos traumas, nunca cheguei a perguntar se ela estaria disposta a estar assim com outro homem novamente, se ela seria capaz disso. Alguma dia perguntaria, provavelmente após estarmos casados, mas no momento eu não me importava. Seria capaz de passar uma vida inteira contendo aqueles impulsos dentro de mim se fosse para estar com ela e fazê-la feliz.
— O lado bom de estar no hospital é que eu poderia dormir ao seu lado — Anna comentou deitada sobre o meu peito. — E ninguém sabia.
— Seus guardas sabiam — comentei.
— Bem, ninguém que fosse inventar histórias.
— É, estamos tentando limpar sua imagem, é importante não dar bandeira.
— Mal posso esperar para estarmos casados, e eu poder dormir com você todos os dias. Eu adoro ver você dormindo.
— Eu que adoro ver você dormindo — falei.
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Flor De Um Reinado: O Homem e a Flor
RomansLIVRO 3 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...