50. Era Tudo que Eu Tinha

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THOMAS

Caitlyn já ia se afastando com Diogo quando eu me aproximei.

— Eu queria falar com você.

— Eu não quero falar com você — ela deixou claro.

— Cait, por favor — pedi.

— Fala com ele, Cait — disse Diogo.

Ela pareceu pensar.

— Tudo bem.

Nós nos afastamos e fomos andar pelo jardim.

— Eu não sei como começar a dizer isso...

— Você não vai dizer que sente muito, vai? Porque eu sei que odeia minha família, e com razão.

— Cait, você realmente ainda olha para mim como o garotinho que cresceu sendo mal tratado e humilhado, não é? Esse não sou mais eu, eu sou diferente agora. — Ela não disse nada. — Por que veio rezar hoje? Você acredita em Deus?

— Eu acredito no amor, acredito em Anna, como isso se liga a Deus eu não entendo bem, mas Diogo me ensinou que há uma ligação.

— Por que acredita em Anna?

— Eu não sei.

— Por que escolheu o lado dela? Consegue responder isso com sinceridade?

— Porque me apaixonei por alguém que a ama.

Não pude esconder minha surpresa com a sua confissão. Conhecia Caitlyn como alguém que reprimia seus sentimentos. Ali ela declarava tão facilmente seu amor por Diogo.

— Qual mágoa você tem de mim?

Ela riu sarcástica.

— Você realmente não sabe?

- Não, não sei.

— Qual é, Thomas? Todos sabiam. O que acontecia depois que um convidado ia embora?

— O que acontecia? Eu normalmente ficava preso no quarto por uns dois a três dias. Para mim era isso que acontecia.

— E ninguém te dizia?

— Eu realmente não sei do que está falando.

— Você não sabia que meu pai espancava James até deixá-lo apagado? Por causas dos showzinhos que você dava. Nunca entendeu porque quase sempre que um convidado ia embora, minha mãe fazia alguma "viagem com James"?

Eu fiquei calado raciocinando aquilo.

— Você poderia ter motivos para não gostar da nossa família, mas o que você fazia não me deixava com nenhum pouco de pena de você. Vocês sempre fazia questão de se aparecer para um convidado quando ele chegava, e eu sempre soube que é porque você sabia o que acontecia depois. Não se importava de ficar trancado porque sabia que o que acontecia com James era pior. Por isso meu irmão quando criança, já pensava em te matar, já tinha tanta maldade no coração. O que você fazia, e, por Deus, Thomas, você fazia sempre, aumentava a ira de todos naquela casa, principalmente de James. Você foi a ruína da minha família, você provocava meu pai e sabia o que isso gerava.

— Ele... Ele batia em você?

— Não sempre, não por sua causa. Ele fazia isso porque não... Porque não podia fazer outra coisa.

Ela não precisava explicar mais que aquilo, eu já havia compreendido.

— Meu pai era um homem doente.

— E você realmente acredita que a ruína da sua família é minha culpa?

Ela fechou os olhos, percebi que segurava as lágrimas.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora