25. A Guerra

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ANNA

Eu voltei para o palácio naquele mesmo dia, nem parecia que eu tinha saído dali. Só fiquei três dias na escola. Izabel, minha prima, irmã de Caio, veio conosco no jatinho.

Meu avô nos aguardava, mas é claro que por Izabel, ela estava devastada, mas se recusou a trocar qualquer palavra comigo. Eu não esperei qualquer coisa do meu avô, já tinha um tempo que ele estava distante de mim, então apenas o cumprimentei e segui meu caminho para dentro do palácio.

E ali estava o furacão do qual Dominique havia falado. A família toda estava no palácio, além de alguns nobres do conselho.

Felipe estava parado em frente ao escritório do meu pai, parecia aflito.

— O que está acontecendo? — perguntei.

— Discussão, eles estão discutindo há horas. Papai, mamãe, tio Álvaro e tia Sílvia. O corpo ainda não chegou.

— Você ouviu o que eles têm dito?

— Sim, tio Álvaro disse que não vai mais participar do plano, quer seu namorado preso, e quer cortar laços com a nossa família. Ele já falou até em se juntar à Campanha. É o que todos pensam que ele já vai fazer mesmo.

— Acho que devo entrar lá.

— Já eu acho que não. Foi você quem disse para o Caio vir, o que torna a morte do nosso primo em parte sua culpa. Ele está com raiva de você também. Sem falar que você agora usa esse cilindro aí, então qualquer coisa já fica com aquela respiração estranha.

— Ainda assim. Não posso deixar as coisas desandarem.

Dei duas batidas na porta e entrei na sala do meu pai. Quatro pares de olhos raivosos se voltaram para mim e pensei em dar dois passos para trás e sair dali.

— Anna, o que faz aqui? — perguntou meu pai.

— Eu... Eu queria conversar.

— Agora não, Anna.

— Na verdade, agora, sim — disse meu tio. — Seu namorado deve estar sendo preso nesse momento, mas eu quero que você me diga a verdade. Quero que você olhe nos meus olhos e admita que esse foi um plano de vocês dois.

Após sua fala, a sala ficou em silêncio, e eu entendi o que aquilo significava, não eram só meus tios que queriam aquela resposta, meus pais também. Eles também achavam que era capaz de algo assim. Aquilo me doeu fundo. Eles não me conheciam. Tentei não me deixar abalar, ficar nervosa naquele momento poderia estregar tudo.

— Os militares estão corrompidos — anunciei.

Meu tio jogou os braços para cima.

— É claro, é claro que planejaram a desculpa, já devem até saber quem irão culpar.

— Daniel tem muita influência no exército — disse meu pai. — Não seria tão difícil encontrar aliados na aeronáutica.

— Pai, ele foi o primeiro a dizer que não queria nenhum militar agindo enquanto a Campanha estivesse viva.

— E esse seria o disfarce perfeito, porque esse plano pode até ser ruim para a Campanha, mas é muito pior para nós. Sabe quantos estados fecharão território daqui para amanhã?

— Imagino que seja com isso que você está preocupado, já que a sua filha voou de Santa Rosa até aqui e nenhum caça derrubou o avião dela.

— A Campanha não poderia me matar sem destruir eles próprios — expliquei.

— Não venha jogar isso nas costas da Campanha para proteger seu namorado — disse minha tia. — Eles são um movimento civil, para bem ou para mal, nunca fariam nada assim.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora