8. Duas Rainhas

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DOMINIQUE

Eu deixei o palácio no começo da noite para me encontrar com Eduardo, eu sabia que era perigoso, mas não podia evitar. Queria tirar várias pistas dessa conversa. Fui o caminho todo enquanto dirigia pensando no que dizer, e tentando adivinhar o que se daria daquela conversa.

Mas, mais importante que isso, eu fui o caminho todo tentando manter o controle. Eu sentia que assim que visse Eduardo meu primeiro instinto seria puxar a arma e atirar na cara dele.

Ele marcou comigo em um bar, mas estava fechado, como suspeitei. Esses caras não podiam andar por aí em locais públicos. Estacionei o carro e assim que desci vi dois caras se aproximarem para revista.

No mesmo momento, puxei a arma.

— Vocês não tem nada que me importa, a única coisa em risco aqui é minha vida. E eu não faço tanta questão assim de encontrar o Campos. Não vão tirar minha arma, eu não sou idiota.

— Podem deixar — disse Eduardo lá dentro.

Eles desistiram de fazer a revista e eu entrei no bar. Eduardo me esperava em pé atrás de uma mesa.

— Dominique.

— Campos.

— É um prazer reencontrá-lo outra vez.

— A última vez foi quando você era um cavalinho de Jotta e veio me convencer a entrar para o grupo 12.

— Eu avisei que Anna não desistiria fácil, você não acreditou em mim.

— Jotta achou que eu cairia na sua lábia — provoquei. — Porque você deveria ser tão inteligente quanto eu.

Ele riu.

— Deveria?

— Enganar a família real por anos, tornar-se a pessoa mais próxima de Anna, e depois entregá-la para o grupo 12. Você deveria ser mais inteligente, não?

— Por que você duvida? — ele sentou e apontou para que eu sentasse, mas não sentei. — Nós dois somos as duas rainhas desse jogo.

— É verdade — falei. — Só que enquanto eu protejo o rei, você é manipulado por ele. Uma marionete.

Ele não disse nada.

— Você já deveria estar imaginando que eu sabia, não é? Eu conheço esse jogo.

— Você não tem noção de como não sabe de nada.

— Posso não saber tudo, mas sei que você é apenas um rosto, porque eles teriam que usar alguém que está disposto a tudo.

— E como sabe que estou?

— Porque você não é normal, mas no pior sentido da coisa. Você conhece a Anna desde que ela era uma criança, você era a pessoa mais próxima dela depois do César. Você a viu crescer, não pode acreditar que aquilo tudo é fingimento. Você sabe ela é boa. Ainda assim...

— Ainda assim eu a traí, não é? E você, que ainda não a conhece nem a um ano, já se apaixonou por ela. Os outros acham que não é verdade, que é um plano seu, mas eu conheço Anna o suficiente para saber que não é, para saber que você está de fato apaixonado por ela. Ela é apaixonante.

— E ainda assim você a traiu. O que faz uma pessoa machucar de tal forma alguém que só lhe deu amor?

— Um propósito. Algo que é maior que tudo. Uma missão que é bem mais importante que a princesa Anna.

— O que?

— A salvação de Camellia.

— Do que está falando?

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora