90. Nossa Principal Arma

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DOMINIQUE

— Diogo, fica calmo — disse Caleb. — Nós vamos achá-los.

— Eu vou matar esses desgraçados — ele exclamou furioso. — Vou matar todos eles.

César apareceu correndo vindo do cercado.

— Não deixaram nada.

O local a minha frente estava cheio de guardas e policiais. Ninguém tinha se ferido, por mais que a droga ainda tivesse me deixando meio tonto. Os outros já pareciam estar sem os efeitos, mas eu sentia que se ficasse de pé, cairia ou vomitaria bem ali.

Eu estava sentado em um tronco de árvore com os cotovelos apoiados nas pernas, minha visão ainda meio embaçada.

— Droga! — César gritou. — Sabia que não deveríamos ter ficado tanto tempo aqui, devia ter feito algo.

— Não acho que isso é sua culpa, César — disse Thomas. — Todos nós queríamos ficar. E Deus...

— Thomas, agora não. Estou furioso — disse Diogo.

Minha cabeça estava a mil, tentando entender qual seria o plano por trás daquilo. E tentando não surtar. Iam matá-los? Por que não nos levaram também? Iam matá-los? Minha cabeça parecia que ia explodir.

A frase ficava se repetindo na minha mente, mas eu sabia que tinha algo a mais, algo que o medo estava me impedindo de ver, e talvez essa fosse a intenção, por isso eu tinha que ficar firme, principalmente quando meus amigos pareciam precisar tanto de mim.

Ainda assim, além das minhas amigas, minha mulher, meu filho e minha mãe haviam sido levados, e justamente naquela lugar, naquela comunidade, quando nós poderíamos ter ido embora mais cedo, aquilo mexia com meu estômago, e por isso não aguentei. Levantei rapidamente, o que me deixou tonto, então cai de joelhos e vomitei ali mesmo na grama.

— Dominique — Jonas colocou a mão nas minha costas. — É melhor você ir deitar em algum lugar, ainda está com os sintomas da droga.

Limpei a boca com a manga da camisa.

— Estou bem — sentei no gramado, respirando fundo.

— Você não parece bem — disse César. — E cara, eu sei que tudo isso é bem mais pesado para você. Toda a sua família, e aqui.

— Mísseis hemeranos — uma guarda chegou correndo e avisou arfante.

— Quantos? — César perguntou.

— 3, interceptamos 2, mas o que sobrou atingiu uma frota marinha.

Fechei os olhos. Droga.

— Hemero está se preparando para tomar as costas — disse Jacob.

— Já tivemos um primeiro confronto e agora as bombas — lamentou Valter.

— Por que querem acordo se o confronto já deu início?

— Não é mais possível fazer acordo — disse Ben.

— E por que levaram as meninas e o João?! Vão matá-los?

Fiquei de pé, Jonas me ajudou.

— A guerra começou — falei. — Marquem a data de hoje. Ninguém aqui esperava que fosse fácil, e tende a piorar cada vez mais. Não vão matá-los, se fossem matá-los, teriam nos matado também. Mas não o fizeram. Há um motivo pelo qual ficamos. E vou descobrir. E vou achá-los, nós vamos, juntos. Vamos retornar ao palácio e começar a fazer nossa parte. Tenho ordens para todos aqui, então não percamos mais tempo. As bombas e os confrontos já eram esperados do dois lados, mas há algo que eles não estão esperando, e é a nossa principal arma.

Thomas jogou um terço para mim.

— Rezei uns dez desse por dia quando Anna estava vivendo aquele inferno. A partir de hoje, e até o último tiro ser disparado nessa guerra, porque tão logo ele será, iremos rezar o rosário às três da tarde e às três da manhã. Estamos de acordo?

— Estamos — disseram eles.

— Cedric, preciso saber, se for necessário, e Deus queira que não, Gérbera estará conosco?

— Estão com a minha esposa. Mesmo que meu pai ainda ainda não tenha dado uma resposta ao seu rei, vou fazer com que seja sim.

— Eu agradeço.

Nós voltamos ao palácio determinados a lidar com aquilo tudo, assim que passei pela porta tive ordens para ir até a sala do rei o mais rápido possível.

— Começou — ele disse. — Acha que vão matá-los?

— Não.

— Também acho que não, que bom que também concorda.

— Mas não acho que vão entrar em contato conosco nas próximas 48 horas, querem nos deixar nervosos.

— Você acertou o ataque as frotas da costa leste, conseguimos interceptar 2, teríamos conseguido mais se a tecnologia nos fornecesse exatidão. O confronto em Azaléia também ocorreu como você disse, estamos nos saindo bem, pelo que recebi. Até amanhã de manhã provavelmente teremos uma probabilidade. As cidades vizinhas estão sendo afetadas. Até agora a única coisa que não conseguiu prever foi o sequestro em massa que aconteceu.

— É, e não é a toa que eles estão iniciando pelo plano mais óbvio.

— Certo — ele olhou para o mapa em cima da sua mesa. — Na lógica básica, eles vão conduzir confrontos armados e ataque bélicos ao centro de Camellia, a fim de enfraquecer as costas e Hemero poder invadir. Essa jogada nos já perdemos, não temos como evitar isso sem correr o risco de causar uma guerra mundial.

— E mais, majestade, é necessário encarar uma dura realidade, se quisermos que isso não passe de um ano, inocentes terão que morrer sob nossas ordens. Sem frente forte não há qualquer chance.

— E há alguma chance?

— Para nós? Sempre há. No entanto, será necessário um movimento muito complexo de mecanismos para lidar com isso. Porque aqui temos dois tipos de guerra, regional e civil, nossas infantarias podem perdem em massa aqui, mas não há país com maior poder bélico do que nós, então precisamos usar isso.

Meu celular tocou, era Jonas, ele sabia que eu estava em reunião, então devia ser importante. Atendi e ele apenas disse:

— Liga a TV.

Liguei a TV que havia ali, e logo notei o que Jonas queria me mostrar. Um canal noticiário mostravam um ridícula ação midiática de Raquel Magoro. Ela tinha ido a Azaléia mostrar apoio aos seus guerrilheiros, em uma das ruas vazias. Ela gritava a quarto ventos os mesmos dizeres de sempre, para fortalecer a Campanha. O confronto havia cessado para sua passagem. Os rebeldes não queriam atacar sua lidar e o militares não queriam machucar a criança.

Vi o rei fazer uma ligação.

— Têm permissão para disparar munição não letal — disse o rei.

— Majestade — adverti.

— Não tenho mais paciência para essa mulher, e ela já deixou bem claro que não se importa mais com o filho dela.

— Bem, eu me importo — falei.

O jornalista anunciou que o militares se colocaram em posição de atirar. Antes que isso acontecesse no entanto, dois homens que trabalhavam para ela apareceram e começaram a arrastar a força.

— Aguardem — disse o rei.

Raquel colocou Emanuel no chão para se desvencilhar dos caras, e um deles acabou levando ele, Emanuel não parecia ter medo do homem. Ela ainda quis resistir, mas então um deles entregou um celular a ela, que falou com alguém por 5 segundos, e depois aceitou ir de bom grado.

O rei me encarou, ele havia notado o mesmo que eu. Raquel tinha um chefe, o que só podia significar uma coisa, ela não era a verdadeira líder da Campanha. Era isso que estava faltando o tempo todo naquela situação, eu não sabia quem era meu inimigo de verdade. Eu apostava que era o pai do garoto, e eu ia descobrir quem era aquele infeliz.

    

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora