DOMINIQUE
— Ah, graças a Deus — disse minha mãe me abraçando. — Eu rezei tanto, tanto, para eu não chegasse bem aqui.
— Até que foi bem tranquilo.
— Não deveria ter voltado, Dom. E se eles tivessem pegado você?
— Então eles teriam me pegado — dei de ombros. — Nunca vou ficar distante dela.
— E nunca agradeci tanto a Deus por algo como agradeci por ter conseguido tirá-la das mãos daquele monstro. Eu não estava nem dormindo direito, pensando na minha Anna lá.
— E como você conseguiu isso? De novo sozinho — perguntou Jonas.
— Eu não estava sozinho. Um dos guardas de James me ajudou. Quero inclusive que descubra tudo sobre ele. Seu nome é Peter, ele acabou morrendo, mas sem ele não teria conseguido sair de lá com Anna.
— Tudo bem, eu vou achar a família dele. Ainda assim, só vocês dois, parece impossível.
Eu sorri.
— Você lembra do dia que Anna foi curada?
— Com certeza, lembro. Nunca vou esquecer daquilo.
— Mas parece impossível se você for contar a alguém, não é?
— Sim.
— Então. O que eu vivi dentro daquele palácio é como isso. Se eu te contar, vai parecer impossível. E o João?
— Deixamos com a Anna. Achei que fosse o que você ia querer.
— Sim, sim. Vai ser bom para os dois.
Ouvimos batidas na porta do apartamento.
— Está esperando alguém? — perguntei.
— Sim, na verdade, tinha alguém que estava muito querendo ver você.
Ele abriu a porta e do lado de fora estava Natacha. Ela entrou devagar me encarando, enquanto Jonas fechava a porta.
— Dom, eu sei que...
Caminhei até ela e a abracei, para sua total surpresa.
— Eu sabia, no começo não, mas depois ela me fez acreditar — falei.
— Dom — ela olhou para mim surpresa.
— Eu amo você, Nat, sempre foi e sempre vai ser uma pessoa especial para mim. A minha melhor amiga.
— Eu não estou entendendo. Não está mais com raiva de mim?
—Não. Eu entendi tudo que Anna fez, entendi por que ela não desistiu de você nenhum segundo sequer. E hoje sou tão grato a ela por isso.
— Você está diferente — ela disse. — Está parecido com...ela.
Eu sorri.
— Eu quero deixar tudo aquilo para trás. Agora que está do nosso lado, eu não poderia estar mais feliz em relação a você.
— Dom... — ela sorriu e enxugou uma lágrima. —Eu não estava esperando por isso. Eu me sinto tão culpada.
— Eu sei exatamente como você sente. Eu também fiz coisas ruins, porque não conseguia ver. Está tudo bem agora, Nat..
— Eu nem sei o que dizer. Achei que nunca me perdoaria por tudo aquilo.
— Eu não estou em posição de perdoar ou não alguém, Nat, mas como eu já disse, eu não me importo mais.
— Somos amigos de novo?
— Nunca deveríamos ter deixado de ser.
— Eu prometo que nunca mais vou fazer algo como aquilo. E que não vou ficar entre você e a Anna.
— Que eu saiba você agora tem um motivo bem forte para não ficar mais entre mim e Anna — brinquei e ela sorriu sem graça.
— Não é nada, ele só...
— Está completamente apaixonado.
— Mas não acredita em mim.
— É, se tem uma pessoa que pode entender você nesse mundo, sou eu. Mas agora, se ainda achava que eu estava com raiva de você, por que veio aqui?
— Porque eu descobri algo muito importante e que você vai gostar de saber.
— Por que não sentamos? — minha mãe perguntou e nós sentamos em um sofá velho que havia ali.
— Então — Natacha começou. — Como você já deve saber, eu estou com Eduardo...
— O quê?
— Achei que você já soubesse. Você não contou? — ela perguntou para Jonas.
— É que eu sabia que o Dom não ia gostar nenhum pouco.
— E está certo — falei. — Natacha, o 12 está atrás de você. Se Eduardo te trair...
— Por que o 12 está atrás de mim?
— Eles estão atrás de qualquer pessoa que tenha algum envolvimento comigo.
— Ah, não importa, estou fazendo isso para ajudar você e a Anna.
— Eu dispenso sua ajuda se isso a coloca em risco. Não pode confiar no Eduardo.
— Acho que muito mais eu engano ele do que ele me engana. Ele só quer me usar para provocar César.
— E está conseguindo — Jonas disse.
— A questão é que vocês precisam de alguém lá dentro se querem destruir a Campanha. E eu descobri quem é a mente por trás de tudo, o líder da Campanha. Quem dá as ordens.
— E quem é?
— A coitadinha. Raquel Magoro.
— Então foi ela quem criou o Motim Civil?
— Tudo. Ela é a cabeça. Mas se finge de vítima, de coitada, mãe trabalhadora e solteira.
— Enquanto planeja uma guerra para o nosso país — comentou Jonas.
— Achava que ela estava envolvida com a Campanha, mas não imaginava que tinha sido ela quem criou tudo. Precisamos tomar muito cuidado.
— Posso conseguir mais informações — Natacha anunciou.
— Nat, não gosto de você lá.
— Mas eu não vou sair, Dom, não enquanto a Campanha não estiver destruída. É uma decisão minha.
— Então eu vou usar isso.
— Eu sei que vai.
— Tenho certeza que James está esperando a Campanha provocar uma guerra civil para invadir Camellia, o que significa que já entraram em contato um com o outro. Vou ficar na cola dela, não vão provocar uma guerra, e você vai me ajudar com isso.
Ela assentiu satisfeita.
— Eu faço o que for necessário.
— Ótimo.
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Flor De Um Reinado: O Homem e a Flor
RomanceLIVRO 3 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...