64. Diferente

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DOMINIQUE

— Ah, graças a Deus — disse minha mãe me abraçando. — Eu rezei tanto, tanto, para eu não chegasse bem aqui.

— Até que foi bem tranquilo.

— Não deveria ter voltado, Dom. E se eles tivessem pegado você?

— Então eles teriam me pegado — dei de ombros. — Nunca vou ficar distante dela.

— E nunca agradeci tanto a Deus por algo como agradeci por ter conseguido tirá-la das mãos daquele monstro. Eu não estava nem dormindo direito, pensando na minha Anna lá.

— E como você conseguiu isso? De novo sozinho — perguntou Jonas.

— Eu não estava sozinho. Um dos guardas de James me ajudou. Quero inclusive que descubra tudo sobre ele. Seu nome é Peter, ele acabou morrendo, mas sem ele não teria conseguido sair de lá com Anna.

— Tudo bem, eu vou achar a família dele. Ainda assim, só vocês dois, parece impossível.

Eu sorri.

— Você lembra do dia que Anna foi curada?

— Com certeza, lembro. Nunca vou esquecer daquilo.

— Mas parece impossível se você for contar a alguém, não é?

— Sim.

— Então. O que eu vivi dentro daquele palácio é como isso. Se eu te contar, vai parecer impossível. E o João?

— Deixamos com a Anna. Achei que fosse o que você ia querer.

— Sim, sim. Vai ser bom para os dois.

Ouvimos batidas na porta do apartamento.

— Está esperando alguém? — perguntei.

— Sim, na verdade, tinha alguém que estava muito querendo ver você.

Ele abriu a porta e do lado de fora estava Natacha. Ela entrou devagar me encarando, enquanto Jonas fechava a porta.

— Dom, eu sei que...

Caminhei até ela e a abracei, para sua total surpresa.

— Eu sabia, no começo não, mas depois ela me fez acreditar — falei.

— Dom — ela olhou para mim surpresa.

— Eu amo você, Nat, sempre foi e sempre vai ser uma pessoa especial para mim. A minha melhor amiga.

— Eu não estou entendendo. Não está mais com raiva de mim?

—Não. Eu entendi tudo que Anna fez, entendi por que ela não desistiu de você nenhum segundo sequer. E hoje sou tão grato a ela por isso.

— Você está diferente — ela disse. — Está parecido com...ela.

Eu sorri.

— Eu quero deixar tudo aquilo para trás. Agora que está do nosso lado, eu não poderia estar mais feliz em relação a você.

— Dom... — ela sorriu e enxugou uma lágrima. —Eu não estava esperando por isso. Eu me sinto tão culpada.

— Eu sei exatamente como você sente. Eu também fiz coisas ruins, porque não conseguia ver. Está tudo bem agora, Nat..

— Eu nem sei o que dizer. Achei que nunca me perdoaria por tudo aquilo.

— Eu não estou em posição de perdoar ou não alguém, Nat, mas como eu já disse, eu não me importo mais.

— Somos amigos de novo?

— Nunca deveríamos ter deixado de ser.

— Eu prometo que nunca mais vou fazer algo como aquilo. E que não vou ficar entre você e a Anna.

— Que eu saiba você agora tem um motivo bem forte para não ficar mais entre mim e Anna — brinquei e ela sorriu sem graça.

— Não é nada, ele só...

— Está completamente apaixonado.

— Mas não acredita em mim.

— É, se tem uma pessoa que pode entender você nesse mundo, sou eu. Mas agora, se ainda achava que eu estava com raiva de você, por que veio aqui?

— Porque eu descobri algo muito importante e que você vai gostar de saber.

— Por que não sentamos? — minha mãe perguntou e nós sentamos em um sofá velho que havia ali.

— Então — Natacha começou. — Como você já deve saber, eu estou com Eduardo...

— O quê?

— Achei que você já soubesse. Você não contou? — ela perguntou para Jonas.

— É que eu sabia que o Dom não ia gostar nenhum pouco.

— E está certo — falei. — Natacha, o 12 está atrás de você. Se Eduardo te trair...

— Por que o 12 está atrás de mim?

— Eles estão atrás de qualquer pessoa que tenha algum envolvimento comigo.

— Ah, não importa, estou fazendo isso para ajudar você e a Anna.

— Eu dispenso sua ajuda se isso a coloca em risco. Não pode confiar no Eduardo.

— Acho que muito mais eu engano ele do que ele me engana. Ele só quer me usar para provocar César.

— E está conseguindo — Jonas disse.

— A questão é que vocês precisam de alguém lá dentro se querem destruir a Campanha. E eu descobri quem é a mente por trás de tudo, o líder da Campanha. Quem dá as ordens.

— E quem é?

— A coitadinha. Raquel Magoro.

— Então foi ela quem criou o Motim Civil?

— Tudo. Ela é a cabeça. Mas se finge de vítima, de coitada, mãe trabalhadora e solteira.

— Enquanto planeja uma guerra para o nosso país — comentou Jonas.

— Achava que ela estava envolvida com a Campanha, mas não imaginava que tinha sido ela quem criou tudo. Precisamos tomar muito cuidado.

— Posso conseguir mais informações — Natacha anunciou.

— Nat, não gosto de você lá.

— Mas eu não vou sair, Dom, não enquanto a Campanha não estiver destruída. É uma decisão minha.

— Então eu vou usar isso.

— Eu sei que vai.

— Tenho certeza que James está esperando a Campanha provocar uma guerra civil para invadir Camellia, o que significa que já entraram em contato um com o outro. Vou ficar na cola dela, não vão provocar uma guerra, e você vai me ajudar com isso.

Ela assentiu satisfeita.

— Eu faço o que for necessário.

— Ótimo.   

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora