58. Eu não Confio em Você

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DOMINIQUE

Tudo parecia ruir no mundo. O rei já tinha dito que mandaria tropas em dois dias para o resgate da princesa Anna. Isso não era público ainda, é claro, mas eu tinha contatos.

A questão é que aquilo era muito ruim, e mais uma vez, eu queria tentar resolver as coisas a meu modo, sem embate, sem enfrentamento. Não tinha muito mais tempo, mas ao menos tinha um aliado. o tal guarda Peter. A situação era suspeita, mas era tudo que eu tinha, então eu arriscaria.

Tracei vários possíveis planos na minha cabeça enquanto ia em direção ao palácio. Não consegui imaginar sucesso em nenhum, mas eu já havia feito aquilo antes, entrado em um local para resgatar alguém sem a mínima possibilidade de sair vivo. Eu tinha que confiar em Deus, ou não conseguiria ir em frente com aquilo.

A situação toda ainda era mais torturante por um motivo: aquele vídeo não saia da minha frente. Imaginar o que acontecia lá dentro já era perturbador, ver com meus próprios olhos era alucinante. Se estivesse sob meu poder, naquele exato instante eu teria ido até James e o matado. Não tinha como, no entanto. E depois a razão me chegou ao coração.

Mas ficar frente a ele seria muito tentador, aquilo parecia me consumir, eu tinha medo de não me segurar, de matá-lo. Mas se eu queria Deus ali comigo, eu sabia que tinha que tirar aquela intenção do meu coração. Não era fácil, no entanto.

Peter entrou no palácio antes e eu aguardei do lado de fora. Ele iria avisar James que eu estava ali, como se tivesse me encontrado fora do palácio por acaso ao retornar para o trabalho. Não demorou muito e logo eu consegui permissão para entrar.

Eu queria tanto vê-la.

Os guardas me guiaram até o gabinete de James. Tentei ficar frio, ter a cabeça no lugar, não me deixar levar por impulsos.

— Dominique, não sabia que ainda estava em Hemero — ele disse sentado em sua cadeira.

— Eu tinha algumas coisas para resolver, o que acabou sendo bem conveniente para mim.

— Você quer abrigo, não é? E quer que eu cesse a cassassão a você em Hemero.

— Sim, eu gostaria muito.

— E o que você tem a me oferecer com isso?

— Bem, depois do vídeo e das gravações, você agora é um inimigo declarado de Camellia

— Nós dois somos, meu amigo.

— Mas eu não sou um rei, e não tenho a princesa herdeira deles nas minhas mãos.

— Foi você quem me entregou — era como se ele soubesse o quanto me atingia com aquelas palavras.

— De toda forma, você já deve imaginar que o rei Augusto tem plano de invadir seu país para resgatar a filha.

- Se é sobre isso que veio me informar não perca tempo, já sei que as tropas camellinas vão invadir em alguns dias. E as tropas hemeranas já estão a postos. Hoje mesmo passei o dia cuidando disso.

— É, mas eu pensei que você gostaria de informações militares.

— Informações militares. — Ele pensou. — Isso me interessa. Se vou entrar em guerra com Camellia, pretendo ganhar. Sinceramente, eu queria que as coisas fossem mais fáceis.

James já me deixaria ficar ali de toda forma, precisava de mim, mas queria que eu lhe oferecesse algo para não ficar tão suspeito.

— Então temos um acordo? — perguntei.

— Temos, Dominique.

— Pois bem, gostaria de ver a princesa.

— Anna? Por quê?

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora