82. Uma Bela Alvorada

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DOMINIQUE


Deus me acordou naquela madrugada. Não o ouvi dizer nada, mas pude sentir que estava no quarto comigo. E de repente eu sabia que tinha que sair dali, tinha que ir para um lugar em específico. Não questionei, estava aprendendo a não questionar. Segui o que Ele queria.

Peguei a moto e segui direto para lá.

A Praia.

O sol começava a nascer quando cheguei lá. Eu me ajoelhei na areia molhada diante do mar e comecei a rezar, tentando entender por que estava ali. Parecia importante. Olhando o mar ao longe, algo me veio. Anna.

Mas aquilo não fazia sentido. Anna estava em perigo? Não, não era isso. Eu tinha que esperá-la. Mas esperá-la para quê? Porque ela apareceria ali? Ela só apareceria se...

O sol tinha acabado de aparecer totalmente quando um vento quase me jogou para trás. Eu abri os braços, sabendo que era Ele.

— Dom — ouvi Anna gritar.

Tomei um susto e fiquei de pé. Olhei para trás e lá estava ela. E ao olhar em seus olhos, eu soube. Soube que ela havia voltado para mim. Um sorriso se formou no meu rosto ao mesmo tempo que uma lágrima saía pelos meus olhos.

— Dom — ela disse de novo com a voz embargada e correu minha direção. Eu corri na direção dela.

— Minha Flor — falei quando parei diante dela.
 
Ela colocou a mão no meu rosto e enxugou minhas lágrimas enquanto eu fechava meus olhos e me permitia sentir seu toque outra vez. Eu segurei sua mão e a beijei. Ela me abraçou e eu a abracei, matando toda a saudade que sentia. Beijei sua cabeça. O Vento continuava forte e nós dois entendíamos o que significava.

Era como se tivéssemos tendo um diálogo inteiro enquanto não trocávamos uma palavra sequer. No silêncio, nossos corações eram ouvidos completamente, e enquanto os segundos passavam, parecíamos nos reconectar em cada pedacinho que foi quebrado dentro de nós. Eu a curei e ela me curou. Eu tinha certeza que a paisagem ao nosso redor ela linda, mas naquele momento permancíamos de olhos fechados.

Nós dois sabíamos, era como respirar outra vez. Era leve outra vez, era bom. Deus era muito bom. Um tempo atrás eu nunca imaginaria estar vivendo aquele momento com alguém, mas ali estava eu e minha flor. Minha flor da praia. Minha Anna.

Confiei, confiei em Deus e aguardei. E agora ela estava ali.

Quando parecíamos estar conectados outras vez, eu a beijei. Eu a beijei com todo o sentimento que estava dentro de mim. Não importava o resto do mundo, nada poderia parar o que estava acontecendo ali, porque era Deus.

Eu parei de beija-la e olhei em seus olhos, tão profundos, guardavam tantas coisas.

— Eu te amo — falei.

E mais do que ouvir aquelas palavras de volta, ela sabia o que eu queria ouvir.

— Eu sei.

Sorri e beijei sua testa.

— Você sabe?

— Nunca mais vou deixar de saber.

Eu ri.

— O que foi? — ela disse.

— É uma pena se já tiver tomado banho hoje.

— O quê?

Eu a peguei no colo e corri com ela para o mar. Caí dentro dele com ela. Anna não estava de pijama, mas quase tão simples quanto o dia que nos conhecemos. E aquilo de alguma forma a deixava ainda mais bonita. Tomamos um banho de mar juntos em uma bela alvorada. E não poderia haver lugar melhor para o nosso recomeço, agradeci a Deus por isso.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora