45. Eu Fui Sua Família

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ANNA

James tinha me ligado na noite anterior, avisando que chegaria de manhã. Entendi que aquilo era o final do plano deles, e ignorar seria pior. Eu acreditava ser difícil ficar pior do que aquilo, mas resolvi deixar que fizesse o que tinha que fazer. Aceitar a derrota talvez fosse melhor. Eles tinham ganhado.

Eu me dirigi para a sala de visitas, onde ele já me esperava.

— Você não vai entrar aí dentro sozinha — avisou César.

— Não é você quem decide isso.

— Anna!

— Vou ignorar seu protesto, César. Aguardem aqui fora.

A sensação de estar perto de James não era mais tão apavorante, por mais que fosse extremamente incômoda.

— Querida Anna, que bom que aceitou me receber.

— Por favor, seja direto. O que quer?

— Vim lhe propor um acordo.

— Um acordo?

— Soube que o Dominique finalmente finalizou o plano. Chegou minha vez de agir. E você sabe o que eu quero.

— Se acha que só porque Dominique tirou tudo de mim, vai me convencer a casar com você, está enganado.

— Não acho que seja vingativa, não estou aqui por isso. Mas porque conheço você bem o suficiente para saber que ainda se importa com ele.

— Não me importo com ele.

— Não? Não se importaria se ele morresse?

— Não — falei firme.

— Então não se importaria se eu contasse a todos quem ele é de verdade. Você sabe: assim que isso for anunciado ele se torna o procurado número um de todas as polícias de Camellia, assim como vai para primeiro lugar na fila da pena de morte, e é claro que eu ia dar um empurrãozinho para que meu amigo Dom não passasse tanto tempo fugindo.

— Está mentindo. Não tem como provar isso — falei.

— Ah, então você está preocupada? — Ele sorriu. — Eu tenho as gravações, princesa. As mesmad que mostraram a você toda a verdade. Se bem que...talvez esteja certa, aquilo é de querer matar um, talvez seja até um favor a você entregar Dominique. Assim ele vai morrer, e você não vai precisar se sentir culpada. Foi um erro ter vindo até aqui ameaça- lá com isso, mas acho que vou fazer esse favor para a você de toda forma.

Ele começou a caminhar para fora da sala, e eu pensei sobre aquilo, sobre as suas palavras. Não queria fazer aquilo, não queria fazer outro sacrifício por Dominique, ele me odiava. Mas eu não conseguia me ver deixando aquilo acontecer, deixando James entregá-lo, eu não poderia vê-lo morrer.

E tinha o João, pensei de repente.

— Espere — falei.

—Ah, até que enfim. Achei que ia deixar mesmo o pequeno João ver outro pai morrer.

Não, não deixaria, nunca deixaria. Droga.

— Tudo bem, eu aceito seu acordo.

Ele caminhou até mim.

— Muito bem. Mas é importante que você saiba — ele segurou meu queixo — que agora você está nas minhas mãos.

Eu me afastei, mas ele me segurou e colou seu corpo junto ao meu. Virei o rosto.

— Não, não. Não é assim que vai funcionar. Eu consegui, eu finalmente consegui, agora você é minha, completamente minha. E Camellia também. — Ele gargalhou, gargalhou alto. — Ai, Anna, bem vinda ao resto da sua vida, e digo logo, vai ser um inferno.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora