Flor De Um Reinado: O Homem e a Flor

88. O Amor de Dois Santos

DOMINIQUE

A verdade é que eu não era como Anna, eu não sabia sair de dentro da minha cabeça. Era um defeito, eu sabia. Mas esperava que com o tempo ela me ensinasse a ser mais como ela. Para mim, mesmo quando estava alegre ainda doía, já Anna parecia sentir cada coisa por vez. Se ela estava alegre, então ela estava apenas alegre. Se estava triste, então estava apenas triste, e não demorava muito se logo aparecesse algo para distraí-la. Não era literalmente assim, mas era assim que ela se sentia. Eu dava graças a Deus por isso, não seria difícil fazê-la feliz.

Comigo, por exemplo, as coisas eram um pouco mais complexas. Minha mente sempre parecia estar a mil, as emoções não só perfuravam em mim, como as vezes voltavam com intesidade. Eu me sentia um idiota que não sabia controlar as emoções.

Mas era o dia do meu casamento, então mesmo com tudo que estava acontecendo, seria um dia feliz. Porque tudo que eu precisava naquela vida para ser feliz era Anna.

— Nem acredito que finalmente vou ver um filho meu casando — disse minha mãe ajeitando minha gravata. Eu sabia fazer aquilo, mas ela fazia questão.

— Pedro é casado — comentei.

— Pedro decidiu ficar longe de nós. Não o vi casando, não conheço seus filhos. Você bem poderia ligar para ele, falar que as coisas mudaram.

— Falar que estou casando com a Anna? Acho que ele não gostaria disso. Lembra como ele era apegado ao tio Valde?

— Ele o considerava mais que o próprio pai. E você conseguiu achar seu tio?

— Nada ainda. Deixei Jonas responsável por isso, ele é bom também, agora minha mente está na guerra. Mas quanto a Pedro, a senhora já sabe que eu tentei contatá-lo alguns anos atrás e até consegui, conversamos e ele deixou bem claro que não voltaria mais a Camellia e não queria mais relação conosco.

— É uma pena. Eu sinto tanta saudade dele.

— Talvez ele mude de opinião algum dia.

— É, quem sabe. Queria que seu pai estivesse aqui também.

— Ele ainda não aceita muito que eu case com Anna, então não haveria como isso acontecer, mãe. A senhora deveria conversar depois com ele. Eu noto que ele ainda tem sentimentos pela senhora, assim como tem por ele.

— Ah, Dominique, você não deve se preocupar com isso, é assunto nosso.

— Eu sei, mas me preocupo de toda forma.

Depois de me arrumar, nós saímos da casa e nos dirigimos à igreja. No caminho para lá, encontrei com o rei Augusto. Só Anna mesmo para reunir toda a monarquia do país em uma comunidade como aquela.

— Majestade — cumprimentei.

— Podemos conversar?

— É claro.

— Com licença — minha mãe se afastou.

O rei pegou o celular e me mostrou algo. Eu peguei e li uma mensagem que dizia:

— É sua última chance de voltar atrás.

— Raquel?

— Sim.

— Isso é estranho.

— Eu também achei. Eles sabem que não têm como voltar atrás. Voltar atrás agora só beneficiaria a nós, porque ficaríamos mais protegidos.

— A não ser que isso também beneficie a eles de alguma forma.

— Não entendo como poderia.

— Mas essa mensagem não é em vão. Tem um significado. Ela quer que entendamos algo. A última chance de voltar atrás, não consigo entender.