ANNA
Eu acordei sem ter muita noção das coisas ao meu redor, eu me sentia pesada, sem força sequer para falar algo. Dominique estava ali, dormindo no sofá, João estava por cima dele, babando. Não tinha forças para chamá-los, então tudo que fiz foi adormecer novamente.Quando acordei outra vez pude escutar Giselle e Dominique conversando.
— Dom, eu não acho bom o João ficar dormindo aqui.
— Eu também não, mas ele insiste em ficar aqui. Ele disse que quer ficar perto de mim e da Anna.
— Eu não quero ficar longe, tia Giselle. Quero ficar aqui até a tia Anna acordar — ouvi João falar.
Tentei falar e percebi que minha garganta ardia.
— Dom... — um som finalmente saiu da minha boca.
Eles viraram para mim.
— Flor — ele andou até mim.
Tentei falar de novo, mas minha garganta doía.
— Fala alguma coisa, meu amor, para eu saber que você está bem.
Só uma memória vinha na minha cabeça: Natacha em meio à fumaça.
— Na... Na...
— Você consegue, não precisa falar muito. Só precisa dizer algo para eu saber que você está bem.
— Natacha — sussurrei com a voz rouca.
— Natacha? — assenti. — Não se preocupe, Anna, ela vai pagar pelo que fez.
Eu sabia que tinha sido Natacha, mas não era isso que eu estava perguntando. Balancei a cabeça em negação.
— Natacha — repeti.
Giselle se aproximou.
— Ela está bem, Anna. Já vai receber alta.
Suspirei aliviada. Queria falar mais coisas, mas encontrava certa dificuldade.
— Os médicos disseram que você vai ficar com essa voz rouca durante um tempo, por causa das queimaduras — disse Giselle. — Mas logo passa. É só não falar muito alto.
Eu nem conseguiria se quisesse.
— Anna, você sabe quem foi ela quem fez isso, não sabe? — Dom perguntou.
Assenti.
— E o que quer que eu faça a respeito? Giselle me disse para não fazer nada, mas se sua opinião for diferente, então eu faço.
Segurei a mão dele.
— Espere — sussurrei.
— Tudo bem.
— João — chamei e ele se aproximou, segurando minha mão.
— Estou aqui, tia Anna, estou bem também.
— Eu vou chamar os médicos e avisar que você acordou — Giselle saiu do quarto.
Dominique fez carinho na minha cabeça.
— Você me deu um susto e tanto, Anna.
— O dis...discurso.
— Saiu como planejado, deu certo, ainda não começamos as reuniões do conselho. Não precisa se preocupar com isso agora.
Mas eu me preocupava. Dominique e os outros tinham que estar focando em proteger Camellia naquele momento. Tudo aquilo era apenas uma grande distração. Decidi naquele instante tentar fazê-los se preocupar comigo o mínimo possível.
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Flor De Um Reinado: O Homem e a Flor
RomanceLIVRO 3 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...