26. Sacrifício

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DOMINIQUE

Eu estava sentado na cadeira do escritório, parado, olhando para aquela espada na parede. Era o terceiro dia desde a morte do Lorde Caio. Era o terceiro dia e minhas estimativas estavam erradas, se aquilo tudo durasse uma semana seria muito.

O tabuleiro estava em cima da mesa, ainda intacto, eu movia peças, e então voltava, refazia o jogo e repetia o processo. As paredes, haviam muitas paredes. Eu não sabia como ultrapassá-las.

Como fazer algo que fizesse a Campanha perder crédito e os estados recuarem, sendo que era considerado criminoso, o país estava a postos para a guerra e qualquer atitude ofensiva poderia dar início ao primeiro embate? Eu conseguia entender por que aquilo aos olhos de todos parecia impossível. Mas o rei não havia acionado as forças armadas ainda, significava que ainda confiava que eu encontraria a solução.

O noticiário estava ligado na TV do escritório, eu estava com a mesma roupa há três dias, já amassada e meio desabotoada. Sempre tive impressão de que aquela espada me dava respostas, que ao olhar para ela eu sabia o que fazer, mas nada daquilo estava acontecendo.

Jonas entrou na sala.

— Bom dia — ele me entregou um copo de café.

— Obrigado.

— Nada de sono?

— Mesmo que tivesse. E as atualizações?

— 33 estados fechados, polícia civil declarou posicionamento contra. Eles acham que o rei e a princesa irão ceder antes do primeiro ataque, já que ainda não há registro das forças armadas.

— Mas há o caça.

— Parece que acreditam ser um evento isolado. O avião saiu para fora de rastreio e o piloto sumiu, o que me deixa preocupado, como é tão fácil um caça militar sumir assim?

— Não é.

—Está dizendo que o comandante está por dentro? Mas em vez de prendê-lo, você o deixou fugir? Quer dizer, você o aconselhou a fugir.

— Ele não poderia deixar isso tão na cara e depois não fugir. A Campanha queria que o prendêssemos, devia haver algum plano nisso, por isso fiz o contrário. Quando tudo acabar vamos atrás dele, mas enquanto isso não quero nada que complique o que já está complicado.

— Sempre pensando em tudo.

— Se tem uma coisa que toda essa situação prova é que eu nem sempre penso em tudo.

A porta abriu outra vez e Caleb e Diogo passaram por ela. Eu tinha pedido que os dois ficassem porque precisava que quem estivesse comigo soubesse a verdade sobre mim, já que tinha que entrar em contato com muitos conhecidos rebeldes. Diogo já sabia, e resolvi contar a Caleb, já que eu sabia que ele seria o único que entenderia, e ele entendeu.

— Anna nos mandou te dizer algo.

— Como assim? Ela disse que me ligaria essa manhã.

— E vai. A questão é que isso ela queria que nós contássemos.

— O que ela fez? — perguntei sério.

— Ela fez o que você pediu. Ela garantiu que o rei e o duque esperassem por você e nada fizessem. Ela disse que Álvaro Cruz estava disposto a se juntar à Campanha e o rei Augusto estava prestes acionar as forças armadas, mas ela conseguiu convencê-los.

— Isso é muito bom, mas qual é a parte que ela não queria me contar ela mesma?

Eles se olharam.

— Bem, é... Ela teve que assinar um contrato para conseguir fazer o tio confiar em você. E nesse contrato dizia que... Diante do estopim, ela deve renunciar.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora