34. Sangue das Nossas Famílias

29 1 6
                                    

DOMINIQUE

Acabei adormecendo. Com Anna perto de mim, uma certa calmaria me tomou e dormi com ela em meus braços. Acordei, no entanto, ouvindo sua respiração alta.

 — Anna! — Eu a ajudei a colocar o respirador.

Logo sua respiração começou a voltar ao normal.

— Tudo bem, está tudo bem — falei para que se acalmasse. Ela sempre ficava muito nervosa.

Depois de um tempo, ela respirou fundo e disse:

— Só queria melhorar logo. Por que não melhoro?

— Tudo tem seu tempo.

Eu beijei sua cabeça.

— Eu sei que não quer dos dar mais preocupações, mas é melhor aceitar que sempre vamos nos preocupar com você. Volte a dormir agora.

— É já — ela estava parada encarando o teto.

— O que foi?

— Nada, eu só... — ela continuou parada.

 — Tentando não chorar?

— Tem sido mais difícil nos últimos tempos.

Eu já conhecia Anna bem o suficiente para saber que ela tinha essa questão com o choro. Ela não gostava de chorar, o que era bizarro, já que na vida da Anna não faltavam motivos para isso.

— Por que faz isso?

— Porque tem coisas demais na minha vida para me fazem chorar, se eu chorar por tudo, vou ser apenas uma menina chorona. Uma rainha não deve ser assim.

— Isso parece... é uma regra da sua mãe?

— Não.

— Anna.

— Tudo bem, é.

— Isso é inacreditável.

— Mas não é tão terrível quanto parece. Ela disse que isso me ensina a ser forte e de fato ensina.

—Não acho que força tem a ver com chorar ou não.

— Talvez esteja certo, mas eu aprendi assim.

— Tudo bem. Volte a dormir. Eu vou ficar aqui de olho em você.

E daquela vez eu de fato fiquei, até de manhã, quando ela acordou. Sabia que Anna não dormia muito bem, então eu ficava satisfeito quando estava por perto e podia lhe proporcionar isso.

A médica apareceu e, depois de uma bateria de exames, liberou Anna.

A médica orientou que ela descansasse, mas Anna decidiu que estava bem, e que queria ir à festa, por isso foi com as amigas para o salão de beleza.

Eu fui para o escritório tentar trabalhar, o diretor aproveitou o tempo que estava no hospital para sair da escola, sem me dar a oportunidade de interrogá-lo. Mas eu sabia que aquele alarme falso não havia sido disparado em vão. Uma hora ele iria voltar e eu ia descobrir o que aconteceu.

Ouvi vários toques seguidos na minha porta e não precisei pensar muito, já sabia quem não sabia bater comedido.

— Pode entrar, João.

Ele abriu a porta com um largo sorriso, depois fechou e sentou no sofá que era muito grande para seu tamanho.

— Oi, pai.

— Achei que fosse passar o dia com a Anna — falei enquanto preenchia alguns papéis.

— É, eu sei, estava preocupado, mas agora ela está bem e salão de beleza é muito chato, aí vim ficar aqui com o senhor.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora