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RAPHA

Rapha: essa marca aqui era de um dos meus carros, sabe aqueles pequenos? Então, uma vez eu arrastei a roda na parede. -passei a mão onde a tinta tinha ficado branca da massa. -eu fiquei trancada no quarto por doze horas sem vê uma pessoa.

Rapha: essa madeira é quebrada  porque quando eu tinha seis anos subi em cima de uma cadeira pra pegar o pote de biscoito ja que me deixaram sozinha e com fome, e o pote e mais uma louça inteira caiu no chão. -falei enquanto tirava a madeira do lugar e jogava no chão de novo. -eu nunca apanhei tanto em toda minha vida como naquele dia.

Indio: raphaella. -olhei. -chega.

Rapha: sei que ta preocupado, mas ele quer saber, eu to contando.

Xxx: eu não quero não.

Rapha: ah, vc quer sim. Essa ponta da pia é quebrada porque minha mãe acidentalmente jogou minha cabeça dela, e me deixar ficar sangrando no chão dessa merda de cozinha, até meu pai chegar de espírito santo porque os vizinhos ligaram pra ele, ja que todos estavam em uma festa na casa da titia. -limpei as lagrimas rapido.

Rapha: olha minhas lembranças. - passei a mão na parede com pingos de sangue. -gostou? A família aparentemente sim porque nem trataram de pintar.

Rapha: sabe essa porta que geralmente são pra guardar casacos? -abri a porta de baixo da escada e tinha um urso que eu costumava brincar ali.

Limpei as outras lágrimas e olhei pro advogado.

Rapha: eu já cheguei a ficar presa aqui por mais de dois dias porque me esqueceram aqui e viajaram, os vizinhos pularam o muro pra me tirar quando eu tava em prantos aqui dentro, e sabe o que eles fizeram? Compraram uma porta nova já que a antiga foi quebrada. -limpei meus olhos e respirei fundo. -a única coisa que esse senhor sentia era culpa, e por isso me deixou tudo, o que eu quero dessa família é distancia.

Rapha: e eu acho que não preciso nem dizer o porquê, não é?

Xxx: é claro.

Rapha: então vc vai ligar pra quem fez esse testamento, e vai mandar refaze-lo, e doar tudo, cada centavo, e a empresa. -olhei pras minhas tias. - fica com vc até meu irmão se tornar maior de idade.

Roberta: a empresa tá falida, precisamos do dinheiro.

Rapha: isso é com vcs, minha parte eu tô fazendo.

Olhei pro advogado 

Rapha: posso fazer isso? Não posso?

Rubi: não, claro que não.

Rapha: eu não falei com vc. Posso não posso?

Xxx: pode.

Rapha: então faz, e peça pra virem entregar ainda hoje, porque é a última vez que eu quero ve vcs.

Roberta: eu te pedi perdão.

Rapha: o seu perdão é um pedido pra ficar com o dinheiro já que sua conta tá mais zerada do que a da sua irmãzinha.

Rubi: não fala comigo no diminutivo.

Rapha: eu falo com vc como eu bem entender. -sorri. -eu tenho pena de vcs.

Rubi: por que vc ta rica?

Rapha: já cheguei na casa dos bilhões a um tempo, porque eu tive força de vontade, conhece? Não porque fui herdeira.

Rubi: duas vezes porque seu pai provavelmente deixou um dinheiro pra vc.

Rapha: pois é, duas vezes. -voltei andar pela casa e agachei no quintal e chorei, tudo o que eu tinha pra chorar, fodase.

NO MORRO- continuação Onde histórias criam vida. Descubra agora