Um estranho me chamou de demônio

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Nicolas Alves gritou e chorou até não poder mais. Ele ficou mergulhado em profunda dor por dois dias inteiros, e durante todo esse tempo ele não saiu de perto do corpo de Han Minji, não procurou se alimentar, não bebeu água, não se limpou e nem disse outra palavra que não fosse um pedido para qualquer ser divino trazer Minji de volta a vida. Ele estava acabado, e nada o faria levantar de novo, bom... Quase nada.

O pequeno Winter era um furão robótico programado para medir o tempo todo seus sinais vitais e interferir caso algo saísse do padrão. Nicolas estar a dois dias sem se alimentar e se hidratar era algo que com certeza tiraria a saúde de qualquer um dos padrões saudáveis, por isso quando o pequeno furão o mordeu, Nick sabia exatamente o porque, porém ele não ligava, não dava a mínima se ele poderia morrer, isso era justamente o que ele queria no momento. Han Minji era o amor de sua vida, e se ela estava morta agora, então ele também não precisaria viver.

Mas foi ao encarar o pequeno furão, que Nicolas se lembrou do porque ainda não havia se matado, e sim estava apenas esperando acontecer de modo natural, definhando ao lado de Minji enquanto aguardava de forma paciente a morte. Ela jamais o perdoaria se ele morresse sem saber de nada, para ela isso, morrer em ignorância, era absurdo e mesmo que ela não tenha revelado todas as coisas para ele, ela jamais o fez pensar que o que queria saber não existia. Todos os dias Han Minji o instigava a ir atrás e resolver o mistério através de pequenas migalhas que ela deixava como pistas. Por isso, mesmo não sentindo nenhuma vontade de continuar a viver, alguma coisa em Nicolas dizia que ele jamais poderia se juntar a Minji sem saber de nada, Winter era a prova disso. Havia sido Minji quem o incentivou a construi-lo, e ao olhar para o pequeno robô, ele se lembrou disso tudo.

Com muito pesar Nicolas se soltou do corpo morto de sua amada, e pela primeira vez notou como ele estava despedaçado e mal cheiroso. Eram os primeiros sinais da decomposição aparecendo lentamente graças às baixas temperaturas da base Saeloun Bangbeob. Ele olhou para todo o caos ao seu redor, e se fez a pergunta que não se calava em seus pensamentos.

- Por que ninguém veio ver o que ouve nessa base? Já fazem dois dias.

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- Que droga Chuu. Você poderia andar mais rápido! - Heejin reclamou apos ter trombado com as costas da outra garota.

- Eu andaria mais rápido, mas Vivi esta andando devagar lá na frente.

Fazia aproximadamente duas horas que nós havíamos saído da igreja, e estávamos andando sem rumo na direção que achávamos ser a mais certa. Meio que olhando para trás, ter saído da igreja, talvez não tenha sido uma boa ideia, pois assim que colocamos os pés para fora dela não encontramos a cidade em um estado "normal" para padrões apocalípticos com Zumbis, pelo contrário, ela estava muito mais para "filme de terror embaçado".

Havia neblina, muita neblina, tanta neblina que era impossível enxergar o que estava a nossa frente sem chegar próximo a ponto de tocar seja lá o que fosse. Era como se estivéssemos no topo de uma montanha prestes ao nascer do sol, e sim, havia praticamente acabado de amanhecer quando saímos da igreja, mas isso não justificava o tanto de neblina que tinha na rua, e isso nos apavorava a cada passo que dávamos. Não conseguíamos enxergar então era quase impossível prever o que poderia nos atacar, isso sem falar, no silêncio agonizante. As ruas estavam tão silenciosas que nossas respirações pareciam ecoar, e juntos, nossos passos tinham o som de um batalhão marchando. Porém como tudo nessa história, prever ou nos locomover nessa situação era quase Impossível, "Quase", se não fosse pelas incríveis novas habilidades desbloqueadas de Vivi.

Apocalipse de Im YeojinOnde histórias criam vida. Descubra agora