Começo de uma longa noite

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A chuva estava forte lá fora. Raios e mais raios caíam para combinar com a tensão dentro da casa. Heejin e Hyunjin não olhavam na cara uma da outra como sempre, Jinsoul tentava se esconder o máximo possível, devido ao barulho dos trovões que a assustava. O rosto de Yves finalmente havia parado de sangrar, e agora ela brincava com uma das maçãs que Gowon lhe deu, passando o fruto de uma mão para a outra. Haseul andava de um lado para o outro tentado pensar em algo. Ou seria se livrar de alguns pensamentos? Kim Lip lixava as unhas tentando ignorar a todas, em principal jinsoul. Já Gowon brincava com sua nova habilidade, ela fazia folhas verdes crescerem de uma das sementes de maçã, e depois a fazia voltar ao que era antes, apena uma semente. Chuu batucava em sua câmera de forma repetitiva, Kahei estava em silencio acompanhando Haseul com os olhos, como se estivesse em alerta para qualquer situação de risco que a Jo pudesse sofrer. Por fim, tinha Choerry e Hyejoo. A primeira não parecia bem e a segunda estava pior ainda.

Yerim estava distante, porém ela insistia em sorrir daquela maneira irritante e forçada como um palhaço assustador, já Hyejoo estava suando frio. Ela começou a ficar assim do nada e conforme a noite ia se aproximando, ela parecia piorar mais. 

Todas nós parecíamos, na verdade. 

Aquela sensação estranha que eu não conseguia explicar estava percorrendo meu corpo outra vez, era de aflição, de raiva, muita raiva, tristeza e solidão, mas principalmente de saudades de casa.

Grande parte desses sentimentos não eram meus, eu podia sentir. Eu sentia falta de coisas que não tinham nada haver comigo, sentia falta do piano do vovô, de dançar, de ver filmes antigos e clichês comendo sorvete. De olhar as estrelas no terraço, de comer o pão caseiro feito na hora, de conversar com o motorista, jogar videogame, ganhar apostas, de ler tranquilamente, de tirar fotos da minha família e de abraça-los. Esses sentimentos, apesar de alguns compartilhados, eles não eram meus, porque eu sabia exatamente de quem eu sentia falta...

– Se continuar andando assim, vai fazer um buraco no chão. – Lip pontuou enquanto lixava as unhas.

– Estou tentando pensar, mas... Ugh! É frustrante! Muitos pensamentos, uma hora param, depois voltam...

– Poderia tentar fazer isso sem ficar andando? A labirintite tá atacando aqui. – Hyunjin disse seguindo os passos de Haseul com o olhar.

– Hye, como você está se sentindo?

– Um lixo. – todas nós respondemos ao mesmo tempo surpreendendo Haseul.

– É que você já perguntou isso dez vezes Haseul, senta logo ai! — Eu falei.

Vivi cansada de ver a garota andando a colocou sentada em uma cadeira da cozinha a força.

– Fica! – ordenou

– Tudo bem. – falou vencida – Choerry repasse de novo o que temos.

– Pelo amor de Deus, outra vez?! – Yves reclamou

– Um saco de arroz — Choerry ignorou Yves e começou a responder — óleo, água e um resto de farinha. Temos algumas roupas, uma arma, mais dois cartuchos de balas, uma garrafa de vodca e velas – esses últimos encontramos no “porão infinito”. Lá era escuro e assustador.

– Só isso?

– Pela décima segunda vez Haseul, só temos isso! – Eu disse irritada.

– Eu sei, mas não temos nada ainda. Parece que estamos andando em círculos.

– Se você não sabe o que fazer, quem dirá eu! – Heejin debochou enquanto olhava para pequenos raios que se formavam em suas mãos.

– Ainda! – Ela deu ênfase – eu "ainda", não sei o que fazer. Estamos em uma situação crítica aqui! não dá pra alimentar doze garotas com um saco de arroz e resto de farinha de trigo.

Apocalipse de Im YeojinOnde histórias criam vida. Descubra agora