Apocalipse de Im Yeojin

Ter poder

Nunca pensei que ter superpoderes fosse tão difícil, nos filmes parece sempre tão fácil. O herói sempre vence no final e mesmo que a cidade esteja destruída, nunca é uma consequência relevante.

Acho que no final de tudo eu descobri que na verdade as pessoas passam muito mais tempo se achando heróis do que realmente sendo, e eu me incluo nisso, pois ser herói não é só ter poder, mas saber quando usar seu poder e quando não usar, porém saber quando fazer uma coisa ou a outra é muito, mas muito difícil.

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– Muito bem, se concentre. – A voz de Nicolas soava extremamente calma – Você está em um lugar calmo e silencioso, nada pode chegar até você. Só existe o mais puro e absoluto silen...

– HYEJOO, LARGA ESSE FUZIL! SOLTA ESSA MERDA HYEJOO!! – os gritos raivosos de Yves acabaram com a minha concentração.

– Sooyoung, não a chame assim. Ela não gosta!

A voz aguda de Gowon parecia mais irritada com Yves do que com a loba gigante.

– Foda-se Gowon! Só faz a Hyejoo/ Olivia, que seja, largar a merda da metralhadora. Porra, ela catou uma caixa de granadas!

– Se você continuar chacoalhando assim ela vai achar mesmo que você está brincando e vai querer pegar. – ouvi a voz de Chuu tentando apartar.

– Eu não estou chacoalhando, eu estou tentando afasta isso dela.

– Não movendo desse jeito!

– E como você quer que eu mova? Eu estou com uma perna fodida, esqueceu?

– E tem como? Você me lembra disso toda hora! – vish! Acho que agora Chuu se irritou.

– Pelo amor de Deus. – E foi com esse murmurou de Nicolas que eu tirei a venda de meus olhos.

Estávamos na sala de administração do bloco B, que nada mais era do que uma sala em que os soldados de alta patente ficavam monitorando os outros ou entravam para descansar mesmo. Consistia em uma sala média, com um sofá de couro, uma mesa de madeira, extremamente rústica e uma grande janela que dava para o nosso centro improvisado de treinamento. Havia também bandeiras dos países aliados na criação da base. Tudo extremamente macabro como um consultório de um psicólogo, saído de um filme de terror se você juntasse essa breve descrição com as manchas de sangue no carpete e paredes, mas apesar disso, essa sala não tinha nada a ver com algo horrível, pelo contrário, ela foi por muitos dias o que me manteve bem.

– Eu vou ver o que está acontecendo. Não saia daqui, continuamos em alguns estantes. – Nicolas conferiu seu relógio antes de partir.

Tirei aquele tempo para acompanhá-los pela janela, era engraçado o quanto tínhamos evoluído e ao mesmo tempo continuávamos as mesmas. Já fazia alguns meses que estávamos na base e meio que construímos uma rotina juntos. Nós ajudávamos, treinávamos e cuidávamos uns dos outros.

 – Chega disso vocês! A granada não é brinquedo, ela pode nos matar! – Nicolas gritou com a loba – e você pare de usar “Hyejoo” para se referir a Olivia, ela nunca vai atender nenhum chamado seu assim.

Pela janela pude observar a loba abaixar suas orelhas em sinal de arrependimento e Yves abaixar a cabeça envergonhada. Elas tiveram uma boa evolução durante esses dias. A perna de Yves cicatrizou, ela ainda não conseguia se apoiar muito tempo nela, mas não era tão dolorido como antes. Passamos a entender um pouco mais Olivia a ponto de suas transformações ficarem bem melhores e mais rápidas, ela acabou sendo bem útil quando a comida se tornou mais escassa como nossa caçadora oficial.