Traumas que se vão, ficam ou voltam.

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Quando criança, Hyeju ficou presa horas e horas no porão de sua própria casa. Ela já não se lembrava exatamente quanto tempo ficou presa ate seu pai aparecer e nem qual das madrastas foi que a prendeu na época. Ela só se lembra do escuro e do medo que sentiu. Hyeju já estava curada desse trauma a muito tempo, mas isso não significava que ele não havia deixado cicatrizes.

Ela estava em um lugar escuro outra vez, as masmorras eram bem piores que o porão em que ela ficou, mas ainda sim tinham suas semelhanças. O escuro e a humidade eram uma delas, a outra coisa era que ambos aprisionavam crianças.

— Estou com você mestre Hyeju. Vamos em frente e vai ficar tudo bem. — Ela ouviu a voz de Olivia em sua mente assim que parou perdida no meio daquela escuridão.

A masmorra eram tão grande e escura que em três passos que você dava naquele lugar, perdia completamente o senso de direção. A presença de Olivia dentro de si era seu único conforto naquela momento em que tudo que ela podia escutar era o som abafado da luta no andar a cima.

— Eu sei, eu só... não é nada. — Ela pensou ao responder para a loba, porem mudou de ideia.

— Dividimos o mesmo sentimento mestre Hyeju, pode me falar qualquer coisa.

— Me pergunto se quando tudo acabar, elas, as crianças, vão ficar bem?

— É claro que vão mestre Hyeju. Estamos indo resgata-las, elas vão viver para encobrir suas mentes com coisas boas, até que a memória desse tempo que passaram com Caos, seja apenas uma lembrança distante e apagada do que realmente aconteceu.

— Eu... eu espero que seja assim. — Hyeju suspirou ainda perdida em pensamentos, mas logo voltando seu foco para sua missão. — Para que lado vamos?

Elas não tinham tempo para debater sobre o futuro, primeiro precisariam garantir que tivesse um futuro e no momento...

— Infelizmente estou tão perdida quanto você mestre Hyeju.

Elas estavam perdidas.

Antes que Hyeju pudesse entrar em desespero algo chamou sua atenção no imenso breu. Era pequeno, brilhante e voava de forma um tanto desajeitada, era um vaga-lume. Um pequeno, brilhante e inusitado vaga-lume que Hyeju achava que nem existiam mais, porém lá estava ele, voando graciosamente de um lado para o outro chamando sua atenção silenciosamente em meio a todo aquele escuro barulhento.

— Olie — Ela chamou atenção da loba em voz alta um tanto receosa — devemos segui-lo?

— O que você sente mestre?

Como resposta Hyeju respirou fundo e então andou lentamente em direção ao pequeno inseto brilhante. Ele voava de um lado ao outro como se estivesse em um bosque encantado e não na masmorra de um castelo mofado. Quando Hyeju começou a desconfiar que havia se enganado e o vaga-lume não a estava levando a lugar nenhum, ela de repente o perdeu completamente de vista e o imenso breu reinou de novo.

— Droga, estamos perdidas outra vez...

Praguejou irritada já sem esperanças quando...

— Isso faz cócegas! — Uma voz infantil gritou animada atrás de si

Ao olhar para trás com pressa em direção a voz, Hyeju teve sua primeira surpresa agradável da noite. Uma garota muito pequena, de olhos redondos, pele pálida e cabelos tão negros quanto o escuro da masmorra, sorria feliz rodeada por um enxame de vaga-lumes.

— Oie...— Hyeju chamou a atenção da garotinha com um misto de surpresa e receio de assusta-la

— Oi. — a menina respondeu tímida ainda brincando com os vaga-lumes que se enrolavam em seu cabelo. — Você é a garota lobo?

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⏰ Última atualização: Sep 20 ⏰

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Apocalipse de Im YeojinOnde histórias criam vida. Descubra agora