Apocalipse de Im Yeojin

A Natureza do Caos

Já devo ter falado sobre isso aqui, mas sempre é bom reforçar. Viajar através das almas com a minha sombra nunca era fácil. Muitas vezes eu me perdia nas almas que havia marcado e acabava parando em situações constrangedoras. Todas as vezes que isso ocorria eu lutava muito para acordar como eu mesma em meu corpo.

Mas pela primeira, pela primeiríssima vez eu não lutei tanto assim para despertar, pela primeira vez eu vaguei de alma em alma e não me preocupei se iria ou não acordar como Im Yeojin outra vez. Pela primeira vez eu quis ser outra pessoa, qualquer outra pessoa, que não eu mesma.

Talvez, de uma maneira torta, meu desejo tenha sido realizado.

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Castelos não eram tão agradáveis como os contos de fadas mostravam. Eles em geral eram feitos de pedras frias, com péssima ventilação, iluminação e sistema de esgoto, requeriam muita mão de obra e eram extremamente desconfortáveis. Nos contos de fadas as princesas sempre eram presas nas torres mais altas dos castelos, e apesar desta história não ser nem de longe um conto de fadas, mesmo assim Chaeryeon se via no mesmo cenário de um, apenas com a diferença de que ela não era a princesa presa na torre e sim fazia parte do bando de vilões que a prendeu lá. Nesse conto de fadas distorcido, Park Chaewon era a princesa, Yeji era a bruxa má, Hyunjin era o príncipe mimado, Caos era o rei tirano, Yuna era o carrasco e ela, ela era o pior dos personagens, o servo submisso, cuja a única função era agradar os vilões, não ser notado e ter pena dos mocinhos que não sabiam de nada.

Parada frente a Yuna, Chaeryeon desempenhava seu papel de serva com perfeição, aguardando Yuna parar de resmungar para que ela desse os primeiros pontos em seu ferimento. Fazia pouco tempo que haviam retornado ao castelo que estavam usando como base, elas estavam na segunda torre mais alta onde Chaewon ficaria aguardando a chegada dos gêmeos e do pai Caos.

- Droga, isso dói! - Yuna choramingou com o punhal enfiado em seu ombro

- Pare de se mexer Yuna, não vou conseguir tirar assim. - Chaeryeon estava preocupada com os movimentos que a garota fazia, isso iria piorar muito a situação.

- Tá, mas conta até três e daí puxa. Eu preciso me preparar. - Ela fez um bico chorão. Era nesses momentos que Chaeryeon era transportada para o passado onde as coisas eram mais simples e Yuna não era o monstro que era agora, ou melhor... o tempo em que ela fingia não ver o monstro que Yuna sempre foi.

- Tudo bem. - Ela suspirou e começou a contagem - Um...

- Dois...

- Três! - Gowon que só estava observando tudo em silêncio foi quem as surpreendeu retirando com tudo o punhal levando Yuna a sentir uma dor extrema, porém muito curta.

- Você! O que pensa que está fazendo? - Yuna rapidamente se recuperou e a segurou pelo pescoço.

- Terminando com essa palhaçada. - A garota se permitiu sorrir de forma debochada e jogou o punhal em sua direção - Vocês me trouxeram aqui, estão me mantendo nesse quarto e acharam mesmo que podiam agir dessa forma fingida e eu não iria fazer nada.

- Eu vou matar você!

- Não vai não, porque seu querido Oppa me quer viva - Ela apertou o ferimento no ombro até Yuna solta- lá pela dor extrema que sentiu - e sua Chaery ali - apontou para a garota congelada no canto do quarto - disse que não queria mortes. Agora por que você ainda obedece tanto e o por que de todo o resto, isso eu não faço ideia. Por que me trouxeram aqui exatamente?

Mal Gowon teve tempo de reação Yuna a acertou com um tapa tão forte que a derrubou no chão. Ela agarrou pelos cabelos dando outro tapa e então outro e outro, até que ela pegou o punhal e o trouxe bem perto do rosto da Park desorientada pela sequência de golpes.