1880

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Nossa história começa no Rio de Janeiro no ano de 1880.

A bela e jovem Dorotéia é a  filha mais nova do banqueiro da cidade. Uma jovem mulher que sonha ajudar a todos e resolve abrir uma escola para as crianças carentes da região. Lógico, enfrentando a ira de seu pai, Roberto, que não acredita na mistura de classes.

Sua mãe, a Srª Emília, nada tem em comum com o esposo. Mesmo vinda de família com posses, a senhora era uma boa pessoa. Ensinara os filhos a ser pessoas de bem, a ajudar os necessitados e nunca passar por cima de ninguém, pena que seu filho mais velho, Afonso não tenha aprendido, esse era a cópia de seu pai.

O filho do meio era um santo, literalmente. Lucas havia abraçado o sacerdote ainda na juventude e pouco visitava a família.

- Mamãe, já estou indo. Hoje é o primeiro dia da escolinha, parece que estou mais ansiosa que as crianças! - Dorotéia falava com a mãe, feliz de estar podendo ajudar em algo.

- Mais tarde lhe mando um lanche minha filha! Para você e seus alunos! Vai com Deus! - se despedia da filha dando-lhe um beijo na testa.

Naquela mesma manhã, do outro lado da rua, chega de mudança uma nova família. A mãe  viúva, Dona Luzia, seu primogênito, Leopoldo e a jovem Violeta. O Sr Bartolomeu acabara de falecer, fazendo com que o filho resolvesse mudar a família toda para a capital com a desculpa de ser um lugar melhor para ele arrumar uma boa esposa e sua irmã um bom marido, já estava passando da hora, ele achava.

Quando Violeta desceu do carro, esbarrou na doce Dorotéia, que vinha atravessando a rua atolada em seus cadernos.

- Desculpas, não vi a senho.....- Dorotéia perdera a voz ao ver a nova vizinha. Era uma morena linda, com os traços finos, cabelos longos presos nas laterais com cachinhos caindo, os olhos castanhos e os lábios carnudos.

- Não precisa de desculpar, a culpa foi minh....- Violeta que estava de cabeça baixa, quando olha a nova vizinha também fica sem reação. Era uma moça alta, com os cabelos castanhos, um nariz arrebitado, olhos expressivos e tinha uma colônia inebriante.

Dona Luiza vai ao encontro das meninas, segura a mão da filha, olha para a moça que acabaram de conhecer e se apresenta - Bom dia menina! Eu me chamo Luzia e essa é minha filha Violeta e esse é meu filho Leopoldo - indicando o rapaz retirando algumas malas do carro - Acabamos de nos mudar, você mora aqui perto?

- Muito...muito prazer senhora. Me chamo Dorotéia e sim, moro ali no final da rua. Sejam muito bem vindos! Qualquer coisa que precisarem, podem falar com minha mãe, Srª Emília, tenho certeza que ela gostará muito de conhecer a senhora! Agora se me dão licença, preciso correr, meus alunos me esperam! - com um breve aceno para a Srª Luzia e um sorriso para a bela Violeta, Dorotéia segue seu caminho, sem tirar o repentino encontro da cabeça.

- Gostei da menina, acho que será uma boa companhia para você minha filha, parecem ter a idade próxima.....ainda não conhecemos ninguém nesta cidade. Depois que nos instalarmos vou procurar saber mais sobre esta família.

Na casa de Dorotéia...

- Srª Emília, olha, tem gente mudando para a casa dos antigos Mendonças! Será que são parentes? - dizia a empregada da casa, Dona Ana, olhando pela janela da cozinha a movimentação da rua.

- Pare de fuxico Dona Ana! Onde já se viu! -  a patroa a recriminara mais ria com as caras da empregada.

- Separe uma compota de laranja por favor, mais tarde farei uma visita para dar-lhes boas vinda.

Horas depois....

- Boa tarde, me chamo Emília, moro na casa ao final da rua. Vim dar boas vindas em nome de minha família. - a mãe de Dorotéia era uma mulher linda e simpática. Ganhara de cara o apreço de Dona Luzia.

- Muito prazer, eu me chamo Luzia. A menina Dorotéia é sua filha?

- Sim, é a minha caçula. Mas como a senhora sabe?

- A conheci hoje cedo quando chegávamos. Tenho uma filha na idade dela também, Violeta. Muito quieta e reservada, gostaria que arrumasse uma amiga da idade, só fica em casa com seus desenhos...

- Dorotéia é meu tesouro, agora está dando aula para algumas crianças aqui de perto sem cobrar nada por isso. Acho que podemos estreitar esses laços entre elas, o que acha? Minha filha também é muito sozinha.

- Ótimo! Deixe-me só organizar a casa que marcamos um jantar formal, para nos apresentarmos a toda a família! E muito obrigada pela compota, estaremos provando hoje mesmo na sobremesa!

- Estarei no aguardo do convite! - Emilia deixa então a nova amiga e vai para sua casa, onde já estavam arrumando a mesa do almoço. Seu esposo não tardaria a retornar.

Violeta estava na varanda de seu quarto, perdida em seus pensamentos, observando a beleza da cidade grande. La no início da rua vinha ela, Dorotéia, nunca mais esqueceria seu nome. A menina com nome de flor, sentiu seu coração acelerar ao ver a outra passando na frente da sua casa, apressada, com muitos cadernos no colo e deixando por onde passava aquele perfume de rosas...

- Violeta, querida, o almoço está na mesa! - ouvia sua mãe chamando, mais só se pós a sair a seu encontro quando seus olhos não alcançavam mais a moça.

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora