O fim e o início

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A moça com nome de flor saiu de casa sem olhar para trás, havia tomado sua decisão e nada a mudaria.

Partiu sozinha, apenas com a dor em seu peito e as lágrimas rolando em seu rosto. Pegou o caminho mais curto, não queria que houvesse a possibilidade de alguém a encontrar antes do grande final.

Chegou na beirada da cachoeira, não imaginara que fosse tão alto! Mais ela não desistiria, seu amor valeria! E sem pensar mais, ela se joga, em direção ao desconhecido, pensando na amada que tão longe estava. - Me espera meu amor! Eu vou te achar, uma hora eu vou te achar!

No convento...

Doroteia amanhecera mais inquieta que nos outros dias. Fazia um pouco mais de uma semana que estava trancada ali, em sua cela, só saia para fazer as refeições e ir até a capela na hora das orações.

Seu pensamento estava sempre em Violeta, a saudade a consumia. Depois da noite linda que tiveram, um futuro pela frente...nem conseguiu se despedir da amada. Isso a corroía por dentro. Mas nessa manhã, ela não sabia explicar, a sensação estava mais forte!

Resolveu então passar o dia na capela rezando para conseguir sair logo daquele lugar, para que a mãe a perdoasse...no meio de uma oração, Dorotéia sentiu um forte aperto no peito - VIOLETA!! - ela gritou, desmaiando logo em seguida.

Quando acordou estava na ala de enfermaria com a madre superiora sentada a seu lado, com ar de preocupação - Quem é Violeta minha jovem? - pergunta a mais velha.

- É uma amiga muito querida madre......Mais como a senhora sabe dela? - a mais nova sabia que a mãe não havia lhe contado a verdade.

- Antes de desmaiar você chamou seu nome.

- Eu...eu só lembro de uma forte dor no peito madre, não sei o porque de ter dito o nome dela... - ela sabia sim, era saudades, só poderia ser saudades.

Não se passou muito tempo e a carta de Violeta chega ao convento. A madre recebe, olha o nome, Olavo, guardou bem na memória e foi entregar-lhe o envelope. - Aqui minha querida, acabou de chegar para você. Quem é Olavo?

Com uma cara de surpresa, Dorotéia pega a carta e reconhece na hora o aroma que ele exalava, era o perfume de sua Violeta - É meu primo madre, ele também é padre junto a meu irmão Lucas, deve ter escrito pois soube que me juntei a Ordem das Irmãs Carmelitas. - Falou já correndo para seu quarto, precisava ler logo a carta de sua amada, oque será que ela tinha para lhe contar? Será que estava com saudades assim como ela? Teria um plano para tira-la daquele lugar e depois fugiriam para bem longe onde conseguiriam ser felizes?

O conteúdo da carta fincou seu coração como um punhal quente, dilacerando cada fibra de seu ser, ela entendera, sua amada desistiria da vida, ela nem pode se despedir! Dorotéia então se desespera, precisava sair daquele lugar, precisava impedi-la daquilo! Correu até a madre e contou-lhe que uma amiga muito querida havia falecido, que o primo lhe escrevera para avisar do enterro e ela precisava ir! A moça nunca havia mentido tão bem, pela força de sua insistência a madre concedeu sua saída.

Foi até seu quarto, pegando apenas umas poucas mudas de roupa e saiu daquele lugar com a esperança de nunca mais ter de voltar.

Tarde demais, ela chegara tarde demais! Na casa de Violeta já haviam encontrado seu corpo, boiando no rio, sem vida.

- QUEM É ESSA? NÃO VIOLETA, VOCÊ NÃO FEZ ISSO MEU AMOR! PORQUE NÃO ME ESPEROU! -  a mulher gritava, abraçada ao corpo da amada. Sendo amparada pela mãe de seu amor.

- Venha Dorotéia, venha! - ela a abraçava - Sei que você ama muito a minha filha, ela também te amava muito. Eu sinto que as coisas aconteceram desta maneira, se eu soubesse....se eu desconfiasse...tudo seria diferente! Não fique triste, ela não gostaria! Toma - entregava o caderno de desenhos - Ela me pediu para te entregar. - e dando um beijo na testa da mais nova, foi ao encontro do corpo da filha.

A cena era de partir o coração. Uma moça jovem, cheia de vida. Dona Emília quando soube do ocorrido se corroeu de remorso, mais ela havia feito oque achava certo, não passou por sua cabeça tamanha tragédia.

Dorotéia ficou hospedada na casa de Dona Luzia por mais alguns dias, não queria nenhuma relação com a família, por culpa deles ela perdera o grande amor de sua vida.

Resolveu voltar ao convento, onde rezaria pelo fim de seus dias para reencontrar finalmente sua amada. E assim foi, por longos 40 anos. Sozinha, triste, até que a morte chegou e ela a abraçou como uma antiga conhecida.

2022

Era um dia normal da Terrare Cosméticos, Paula estava em reunião com seu vice e os três coisinhas, a contabilidade da empresa não andava boa. Desde que Celso morrera, essa era a pior crise que a empresa enfrentava.

- É isso mesmo Paula, se não conseguirmos ninguém para investir na empresa, nós vamos falir!

- Nada de sócio Marcelo, precisamos de um produto revolucionário! Algo muito bom para nos tirar desse buraco!

- Se fosse simples assim....Mesmo sabendo que você talvez não aceitasse, eu marquei uma reunião com uma possível sócia para hoje depois do almoço....

- MARCELO! - Paula estava irritadíssima com seu vice, como ele poderia marcar algo sem a aprovação dela? - Olha, eu vou receber essa pessoa porque não sou sem educação, mais você nunca mais repita isso! - e saiu da sala de reuniões, com seus colares fazendo barulho, os saltos batendo forte no chão e os empregados falando sozinhos.

Algumas horas depois...

- Cadê essa pessoa Marcelo? Tenho mais oque fazer! Não vou esperar o dia todo! - Paula já estava inquieta!

- Acabou de chegar! - Ele apontava para o elevador, de onde saía uma mulher loira, de cabelos curtos, alta, vestida toda de preto, linda! - Seja bem vinda, Carmem Wollinger! - estendendo sua mão para um aperto que foi sumariamente ignorado. Ela não tinha a fama de ser uma pessoa muito sociável, mais tinha dinheiro, isso que eles precisavam!

- Ta bom queridinho...Você deve ser a Paula Terrare! - a loira chegou perto da morena, podendo sentir a tensão que ali se formara.

- Sim, eu mesma e se falarem que tem outra, manda matar! - Falava com um tom altivo, batendo no peito.

- Interessante você, gostei! - Carmem olhava dos pés à cabeça a mulher a sua frente. Algo dentro dela se ascendeu, uma chama que ela não reconheceu - De onde eu conheço essa mulher? - Pensava ela.

- Então Srª Carmem, pode se sentar aqui. Vamos começar a reunião.

Marcelo falou por cerca de 1 hora, expondo a história da empresa, seus projetos futuros e oque eles esperavam da nova sociedade. Paula ficara quieta o tempo todo, só encarando a loira a sua frente. Tinha a certeza que já a conhecia, mais de onde?

- Gostei muito do que ouvi hoje aqui - Carmem falava olhando fixamente para a morena - Até o final do dia meu advogado entra em contato com vocês para transmitir a proposta - e sem dar a chance de alguém falar algo, ela se levanta e sai da sala, sem olhar para trás.

- Que mulherzinha arrogante! Onde você achou essa cobra Marcelo? - Paula estava irritada com a atitude da loira. Mais aquela sensação de já conhece-la não saia de sua cabeça.

NOTAS DO AUTOR: Bom dia gnt. O final da novela não foi nem perto daquele que esperávamos. Deu uma desanimada geral, por isso eu os pergunto: vocês querem continuar a ler? Querem que eu termine essa fic? Por favor, me falem a verdade, agora vou escrever por vocês! Tentar dar mais um final digno do nosso maravilhoso CARRARE! 🥺

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora