Último dia

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O domingo começou de preguiça. Elas não queriam levantar da cama nem tão cedo. Estavam abraçadas, com a tv ligada passando qualquer coisa, não estavam prestando atenção. Elas se beijavam e ficaram de carícias por horas, só se curtindo mesmo.

- Temos que voltar para o mundo real...- Carmem falava olhando para o teto - Queria ficar aqui assim com você pra sempre, só de namoro!

Paula deu um sorriso feliz - E você acha que a nossa vida vai ser diferente disso? Te prometi felicidade meu amor e é isso que pretendo fazer até o final de nossos dias! - levantando seu rosto do peito da loira, dando um beijo em seus lábios.

- Você promete? - tinha o olhar inquieto, com medo.

- Eu juro! De novo....- beijando os dedos cruzados em sinal da cruz

- Eu amo você!

- Eu também te amo! Agora chega disso, vamos ter que sair pra almoçar, não pedimos nada para a coisinha e eu estou cheia de fome! Ou você quer voltar pro Rio antes?

- Vamos almoçar, com toda certeza! Mas depois, agora quero ficar mais um pouco assim com você. - ela puxava a esposa de volta para seus braços. Assistiram juntas a um episódio de Ratched, o primeiro na verdade. Acharam a trama interesse e combinaram de assistir juntas o restante depois em casa. Seria rápido, só tinha uma temporada.

Resolveram comer num quiosque na praia. Se arrumaram sem saltos, por incrível que pareça. Paula deixou o salto agulha de cores fortes e Carmem suas famosas botas.

Chegaram na praia e logo decidiram por um dos quiosques, o lugar era muito arrumadinho. Tinham mesas na areia e na parte de cima do calçadão. Sentaram ali, uma do lado da outra, de frente para a imensidão azul. Pediram um gim para Paula e um suco pra Carmem, afinal, ainda pegariam a estrada naquela tarde.

- Aqui é muito lindo! - a morena falava admirando a paisagem.

- Eu acho a minha visão muito mais linda! - a loira tirava uma mexa de cabelos da frente do rosto da esposa, colocando atrás de seu ouvido, fazendo um carinho na região.

Logo o pedido delas chegou, como não haviam tomado café da manhã, comeram tudo, estavam realmente famintas!

Em um dado momento a morena ficou quieta, observando uma cena que acontecia na areia da praia. Um casal de mulheres brincava com um menino, aproximadamente uns 3 anos e uma delas tinha um barrigão de grávida. Ela ficou um tempo ali, admirando aquela família.

- Amor? Paula? O que houve? Ficou quieta do nada. - A loira perguntava preocupada, a esposa não fazia o tipo de se calar assim, a não ser que houvesse algo.

- Desculpa. Eu...eu me distrai com aquela família linda ali. - ela apontou para a areia.

- Uma família linda mesmo!

- Você acha...não, deixa pra lá. - ela ia começar a falar mais desistiu com medo da possível resposta.

Com os dedos em seu queixo, a loira levantava seu rosto, olhando em seus olhos - Pode falar meu amor. Não temos segredos!

Ela respirou fundo - Bom....você acha que um dia, isso....isso poderia acontecer com a gente?

- Você quer ter um filho comigo mein schatz?

- Eu sei que não fui uma mãe muito boa mais com você do meu lado eu acho que conseguiria, seríamos juntas as melhores mães desse mundo! - ela falava entusiasmada.

- Eu não tenho mais idade pra gerar meu amor.

- Poderia ser adotado também, eu não ligo. Desde que seja um filho nosso! Fruto desse amor gigante que sentimos uma pela outra.

A mais velha ficou admirada com a esposa. Nunca pensou que ela poderia ter essa vontade. Carmem já havia pensado nisso, seria lindo ver a amada com um barrigão, mais nunca iria falar sobre isso. Sabendo da história da esposa, nunca se atreveria. - Bom, eu tenho uns óvulos congelados, se você quiser gerar, já temos meio caminho andado!

Os olhos de Paula brilharam ainda mais! Sua esposa era formidável! Ela teria um bebê com o amor da sua vida e melhor, teria a carinha linda dela!

- Você não sabe como me faz feliz! - beijando a esposa.

Voltaram para casa, precisavam arrumar as malas. Paula se perdeu um tempo na frente do espelho, admirando a barriga ainda negativa que não tardaria a abrigar um pequeno ou pequena Terrare-Wollinguer.

Carmem chegou por trás dela, a abraçando e fazendo carinho em sua barriga - Você vai ser a grávida mais linda de todas! Mais eu vou mimar tanto vocês! - elas olhavam seus reflexos no espelho - Pera aí - pegou uma almofada - Coloca pra eu ver! - assim a morena fez, colocou a almofada por debaixo do vestido, fazendo alusão a futura barriga - Viu, lindíssima!

Logo estavam no carro, de volta ao Rio. Paula comandava as músicas, todas as que a loira não gostava, a esposa fazia questão de colocar pelo simples fato de implicar com a mulher. - Essa não Paulinha, não....- ela pedia mais não adiantava nada, a morena colocava assim mesmo e ria da cara dela. - Na próxima viagem você dirige e eu escolho as músicas! - ela tinha um estilo mais clássico, uma MPB, um rock anos 80/90, já Paula colocava sertanejo, pagode, forró....como elas podiam se amar tanto sendo tão diferentes? Nem elas sabiam explicar.

- Ta bom cascacu, as próximas 2h eu coloco as suas músicas! - se aproximando e dando um beijo em seu pescoço.

Estavam animadas pra voltar. Viajar era maravilhoso, naquela casa então era um sonho. Só que elas tinham saudades da correria da cidade grande, de ir todos os dias à empresa. Voltavam com emergia carregada e várias ideias na bolsa e muito presentes também, principalmente para a netinha delas.

- Chegamos família! - Paula falava abrindo a porta e não encontrando ninguém- Cadê o povo dessa casa?

- A senhora pode me ajudando com essas malas aqui! Ta pensando o que? Anda Paula! - A loira falava puxando duas malas de dentro do elevador.

- Já vai! Já vai! - bufava indo ajudar a esposa

- Ta muito silêncio mesmo, acho que não tem ninguém!

- Devem estar aproveitando o domingo! Vamos tomar banho, depois eu ligo pra saber porque não estão aqui nos esperando! - A morena foi andando pro quarto deixando novamente a esposa sozinha com as malas.

-PAULA!

- Desculpa! Esqueci coisa linda! - levantando as mãos em sinal de rendição, deu um selinho na esposa e finalmente a ajudou com as malas.

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora