Dejá Vu

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- 1880 -

Violeta e Dorotéia estavam ainda na escola, guardando as coisas dos alunos e corrigindo alguns cadernos. A mais velha sempre fora muito estabanada, mais depois de iniciar um namoro secreto com a amiga, as coisas pioraram muito. Ela vivia no mundo da lua ou admirando a beleza da outra.

Dito e feito, se distraiu olhando a mais nova e esbarrou em uma cadeira a sua frente, deixando-a cair bem em seu pé. A dor foi lancinante. Violeta correu para ajuda-la, segurando-a pela cintura e foi ai, que mais uma vez seus olhos se encontraram.

Não era a primeira vez que isso acontecia e estava bem longe de ser a última, mais agora era diferente. A mulher com nome de flor via em seus olhos amor e também uma dor que a deixava fora de sí! Se preocupava com a outra e ao mesmo tempo queria beija-la, como se aquilo a fizesse parar de sofrer. Como se um beijo pudesse sarar as feridas da carne!

- 2022 -

Se afastando da platinada, Paula fala - Desculpa...não era a minha intenção fazer você chorar... - aquela sensação de querer cuidar de Carmem não saia de seu coração.

- Ta tudo bem mein schatz, as vezes eu fico triste, sinto falta dele mais depois passa, eu sei que ele ta bem! - deu um sorriso amarelo - Mais você me empresta mesmo as meninas? Quero a bebê emprestada também! - ria agora de verdade.

- Não pode dar a mão que a pessoa quer logo o braço todo! - revirava os olhos - Isso você vai ter de ver com os pais dela, não comigo! Mas as meninas eu empresto sim, desde que eu esteja junto também! - ria de volta

As meninas já haviam se recolhido quando Carmem foi embora, deixando apenas um beijo para elas, a platinada saiu do apartamento de Paula. Ela estava feliz, aquela fora sem dúvidas a melhor noite dos últimos tempos.

Uns dias depois...

- Como o nosso produto novo é focado em mulheres mais....maduras, eu pensei em vocês duas chefinhas para estrelar a campanha. As fotos seriam feitas aqui na T/W mesmo, mostrando o dia a dia de duas mulheres bem sucedidas em suas carreiras mais sem perder o brilho. O que acham? - Marcelo tinha medo da resposta, mais para sua surpresa as duas pareciam gostar da ideia.

- Adorei a ideia Marcelo. E você Paulinha?

- Eu gostei da ideia, mais nós não somos modelos cascacú! Imagina sermos gongadas na internet por isso?

- Tá com medo? - Carmem aprendera já que a morena odiava que pensassem que ela pudesse sequer sentir medo, ou de duvidarem de algo. Ria internamente ao perceber que conseguia o efeito esperado.

- Tá bom, eu aceito! Mais depois ninguém pode dizer que eu não avisei! Principalmente você, cascacú! - ela gesticulava com as mão mais que o normal. Carmem adorava provoca-la.

Mais tarde, naquele mesmo dia...

- Paulinha, posso falar com você?

- Claro cascacú! Senta ai!

Carmem já estava acostumando com o ''carinhoso'' apelido, mas mesmo assim revirada os olhos, só para agradar a morena - Hoje vai ser uma noite especial no bar do meu filho, gostaria que você e as meninas fossem....pra me fazer companhia...- ela olhava pra baixo, com os olhos tristes e um biquinho nos lábios.

- Vou ver com as meninas, acho q Flávia ia dormir na casa do Dr, mais se elas não forem, eu vou! - ela olhava para a loira com ternura, aquele biquinho conseguia fácil tudo com ela, mais a mais nunca poderia saber. Ou como ficaria sua fama de mal se descobrissem seu ponto fraco?!

Com uma alegria genuína, a loira levantou a cabeça, um sorriso largo agora estampava seu rosto - Você vai mesmo?! Vai me fazer companhia?

- Já disse que vou! Para de ficar perguntando se não eu desisto! - ela pegava um papel para Carmem anotar o endereço. Depois de anotado a loira saiu de sua sala como uma criança feliz, cantarolando e dançando. - Essa mulher as vezes parece uma criança e eu a doida que quer cuidar dela! - Paula pensava alto e ria de si própria, não poderia estar em seu juízo perfeito.

Carmem estava impaciente, já havia tomado 3 drinks e nada da Paula chegar! Olhava toda hora para o relógio, ignorava por completo que ainda faltavam 20 min para o horário marcado com a morena - Mãe, é melhor você parar de beber assim! Depois a sua amiga chega e como você vai dar atenção pra ela? - Ele ria, pois sua mãe já estava bem alegrinha.

15 min depois a morena entra sozinha no bar, ela vestia um conjunto vermelho de cropped com mangas bufantes e uma saia caneta também vermelha, bem colada em seu corpo, os sapatos eram no mesmo tom e muitos, muitos acessórios. Com a imagem de Paula entrando, Carmem perde os sentidos de tempo, mergulha em seu interior admirando a beleza da mulher a sua frente. Realmente era oquehádemelhor.com. - Carmem! Ei! Cascacú! - a morena estalava os dedos na frente do rosto da loira, tentando fazer ela voltar à terra.

- Oi, Paulinha mein schatz! Veio sozinha? - ela não conseguia disfarçar e mordia nos lábios admirando agora o detalhe do decote da morena.

- Vim, as meninas saíram com os namorados...Vem, vamos procurar uma mesa! - Quando Carmem se levantou, estava tonta e precisou se apoiar na morena para não cair. Elas riram juntas por um tempo. Até que a morena prestasse atenção agora em Carmem. Ela estava com um macacão de couro preto, colado no corpo e um decote que deixava a vista seu belo colo, os sapatos um scarpin da mesma cor da roupa e alguns poucos acessórios completavam o look. - Carmem, você está...você está linda! - a frase saiu de sua boca sem ela ao menos perceber.

- Obrigada Paulinha! - ela agradece meio sem jeito e lembrando das mil roupas que experimentou antes de sair de casa só pensando em qual a morena gostaria.

A noite correu bem agradável. Era e estreia de uma banda que o Gabriel estava agenciando. Meninos talentosos, as duas disseram. Paula acabou provando todos os drinks da casa e Carmem não a deixou beber sozinha, provou junto. Mesmo a morena não querendo deixar, lembrara do primeiro almoço delas onde a loira lhe 'confidenciou' que era fraca para bebidas, mais ela estava se divertindo tanto que a morena fingiu esquecer novamente e elas aproveitaram ao máximo a companhia uma da outra.

- Mãe, eu preciso fechar o bar, já está tarde! Hora das duas irem para suas camas! - Gabriel tentava pela segunda vez, fazer com que elas fossem embora. - Olha, eu já pedi um taxi para vocês, ninguém ai tem condições de dirigir!

- Meu filho não é lindo Paulinha? - a loira abraçava o filho e dava um beijo demorado em seu rosto - Pena que é chato e tá colocando a gente pra fora! - ela estava muito alta e ria sem parar - Vamos mein schatz, deixa esse menino pra la - elas saíram rindo e se apoiando uma na outra até chegarem no taxi, haviam dois as esperando. - Tchau Paulinha, até amanhã!

- Tchau cascacu, até! - Elas iam se abraçar quando Paula desequilibra e cai nos braços da loira. Ela não sabe se foi o álcool ou o que seja, mais a vontade de beijar a amiga foi maior que tudo e foi isso que a morena fez, selou seus lábios no dela.

Carmem foi pega de surpresa mais logo retribuiu o beijo. O beijo alé do gosto forte das tantas bebidas que elas misturaram tinha também um gosto familiar, de casa, de saudade, de amor!

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora