Mais um dia

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- Mãe! - entrava correndo no grande salão um rapaz, vermelho de nervoso e de tanto que jáchorou- Mãe!! - ele abraçava Carmem com tanta força que poderia quebrá-la - Estava pegando a sua moto, por isso cheguei agora, desculpa que não estava aqui antes com você! - o jovem chorava em seus braços.

- Meu filho, acabei de perguntar sobre você! Como está a moto? Muito estrago?

- Estrago vai ter aquele filho da mãe que bateu em você! Já fiz o BO e consegui a placa, ele se meteu com a mãe errada! - as vezes, muitas vezes, eles discordavam e até brigavam, mais ela era sua mãe e ele não deixaria isso barato.

- Isso cascacuzinho! Vou mandar o advogado da T/W te procurar, vamos juntos em cima desse homem que deixou a nossa loira assim! - Paula tinha um brilho nos olhos diferente, que só aparecia quando ela estava com raiva e planejando algo grande.

- Ta muito bonito isso, mais precisamos transferir a paciente! - Guilherme interrompia o assunto.

- Vem coisa linda - Paula ajudava Carmem a se sentar na cadeira de rodas. Ela estava feliz, sua esposa estava bem, logo estaria 100% novamente ela garantiria isso.

Na Clínica Monteiro e Bragança, assim que entraram viram Ingrid e Tuninha. A mais nova correu para abraçar a boadrasta, elas se davam muito bem. - Que susto você nos deu heim? Não faz mais isso não! - depois abraçando a mãe.

- Ela não é nem doida filha! - Paula abraçada à filha lançou um olhar brabo em direção da loira que entendeu o recado "se você morrer, eu te mato" e riu lembrando de mais cedo.

- Pronto, esse é o quarto. O dr Guilherme pediu para colocarmos outra cama para a senhora dona Paula. A Tv tem cabo e internet. - falava a enfermeira ajudando o casal se instalar - Logo o ortopedista vem falar com as senhoras. Com licença. - saindo do quarto.

- Eu não sabia que aqui era tão bonito assim! Parece até um quarto de hotel! Se deu bem heim cascacu!? - A morena admirava o lugar e implicava com a esposa. - Agora vem, vamos trocar essa roupa. - a morena pegou um vestido mais folgado, a necessaire e a toalha, deixando no banheiro. Depois pegou a esposa pelos braços, algo difícil de fazer, já que a loira era maior que ela. Ela que a pegava no colo sempre. A sentou numa cadeira, pôs o pé operado pro alto e começou o banho.

- Não se aproveita de mim não heim? - a loira brincava com a esposa - Ei, olha essa mão boba! - ria com o toque da morena em seus seios - Paula!!! - agora lavava sua intimidade.

- Vai ficar falando assim o tempo todo mesmo? Te deixo sem banho! Ou prefere uma enfermeira fazendo isso? - ela cruzou os braços na frente do corpo e ergueu uma das sobrancelhas.

- Até que não é uma má ideia, a enfermeira que nos trouxe era bem bonitinha! - como era bom implicar com a esposa.

- Cascacu! - deu um leve tapinha no braço da loira - Vem cá! - se abaixou e deu o tão esperado beijo, estava com vontade desde que chegou no hospital e viu que a esposa estava bem, mais não haviam ficado sozinhas nenhum segundo desde então - Eu fiquei com tanto medo amor....- uma lágrima desceu, a dor ainda era recente.

- Desculpa amor....sinto muito que tenha passado por isso! - ela fazia carinho nos cabelos levemente dourados da esposa - Eu não vou te deixar tão cedo, eu prometo! - a puxando para um abraço molhado.

Terminaram aquele banho. Depois a morena fez questão de passar creme no corpo da esposa, acidentada e internada sim, feia e com a pele seca, nunca! Ela não deixaria.

Deitou a esposa na cama e ela foi tomar seu banho, estava toda molhada. Não se demorou muito por lá, correu pra não deixar a esposa sozinha. Voltou, se deitou a seu lado. A colocando confortável em seu colo, apoiando a cabeça em seu peito. Ligou a tv, conectando a Netflix e procurando a tal série que começaram a assistir juntas. Pelo visto teriam tempo para assistir o restante ali.

Estavam já no final do episódio quando um médico entrou. Se apresentou, explicou para ambas oque aconteceu com o pé de Carmem e o procedimento ao qual ela foi submetida. Por fim, falando da conduta que teriam alí no hospital, que incluía vários exames, fisioterapia e principalmente muita paciência.

Logo uma enfermeira entrou para por o acesso na loira e começar a ministrar os remédios,  as dores voltariam e eles tinham que andar na frente sempre.

O final do dia foi tranquilo, ela estava sem dor, abraçada a sua linda esposa, assistindo tv. Seus filhos estavam bem, em segurança em casa. Paula poderia cuidar de sua cascacu sem se preocupar com eles, a atenção era só pra ela.

Quando Carmem adormeceu, a morena se pôs novamente a chorar. A olhando ali, naquele estado. Estava bem, mas machucada, seu coração se apertava de novo. Rezou baixo, a anos que não rezava, nem se lembrava como se fazia mais tentou ser o mais verdadeira possível.

Deus, sei que não venho com frequência....na verdade não venho a anos, eu sei. Não acreditava muito, eu confesso. Mais depois DELA....obrigada por não ter me levado a Carmem. Eu a amo tanto, não saberia viver sem ela. E se puder, fala com a morte pra não me levar....não levar nenhum dos quatro. Somos importantes para alguém e se a minha cascacu passar por 1/3 da dor que eu senti hoje....- ela não conseguia conter as lágrimas- eu não vou aguentar! Me ajuda, por favor! Me deixa ficar velinha a seu lado!

Cansada do dia e depois de chorar tudo que estava engasgado, Paula se junta a Carmem num sono pesado, uma nos braços da outra, como tanto amavam fazer.

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora