Natal

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Já era dia e nem Dorotéia nem Violeta haviam dormido essa noite, não paravam de pensar no que estava acontecendo, ela não poderia casar com ele!

- Bom dia mamãe...- Violeta entra na cozinha, com o semblante cansado, os olhos fundos de choro.

- Dormiu bem...- a mãe perguntava quando olhando para a filha pôde ver que não. - Calma querida, seu irmão não fará nada para prejudica-la!

A filha não queria discutir aquela hora da manhã, saiu sem dizer uma única palavra para aquilo.

- Bom dia Vio! O que houve? - Dory se alegrava quando via a amiga chegar, mais quando essa se aproximou mais, despertou nela preocupação - O que houve? Vem cá! - abraçando a amiga que se punha a chorar em seus braços.

- Depois conversamos tá? Agora precisamos ir, temos muitos alunos a nossa espera. - ela enxugava as lágrimas e tentava se recompor para não assustar as crianças.

Durante a aula Dory percebia a amiga distante, quieta, triste. Tentava de todas as formas a alegrar, tentara até uma musiquinha com os pequenos, mais nada tirava aquele semblante de seu lindo rosto.

- Hoje não vamos almoçar em casa. Vem, vou te mostrar o lugar mais lindo daqui. - segurando a mão da amiga elas foram até uma cachoeira que ficava na entrada da cidade. Era alta, imponente e no fim um rio se formava com as águas já calmas, onde Dory aprendera a nadar quando pequena. - Pronto, aqui você pode falar, não tem ninguém por perto, só eu e você. - ela olhava fundo os olhos da amiga.

- Minha mãe falou-me ontem que seu irmão foi até minha casa conversar com o Leopoldo, acho que foi pedir minha mão Dory.....mais eu não quero casar com ele! - as lágrimas rolavam de seu rosto.

- Aquele sacripantas! Sabia que estava de olho em você! Ele não pode fazer isso, não com a MINHA Violeta! - Dory andava de um lado para o outro com raiva do irmão, não sabia oque fazer..

- Sua Violeta? - a menina fitava a amiga com interrogação estampada no rosto.

- É modo de dizer Vio....modo de dizer - suas mão tremiam, suando frio, de raiva e também porque quase deixara escapar seus reais sentimentos pela amiga. Estava apaixonada e com ciúmes do próprio irmão, que poderia desposá-la sem problemas, enquanto ela teria que afundar seu amor no fundo de uma gaveta sem poder vivê-lo.

A mais baixa se levanta, vai em direção da amiga, pega em suas mão de uma forma delicada, olha em seus olhos - Sua Violeta? ........Sim, SUA Violeta! - sem saber exatamente de onde vinha aquela coragem, a menina beija a outra nos lábios. Era o primeiro beijo de ambas, então a emoção bateu mais forte ainda.

- Você não pode casar com ele! Eu não suportaria! - Dory dizia agora com suas mão no rosto da pequena. Uma lágrima desceu por seu rosto, um pouco por raiva e também por felicidade, ela não estava sozinha nesse sentimento, ela era correspondida!

- Eu não vou! Nem que tenhamos que fugir para bem longe, mais eu não caso com ele! Te prometo MINHA Dory! - ela riu e selou a promessa com mais um beijo em seus lábios. - Esse vai ser nosso segredo, Você e Eu, isso que sentimos, apesar de ser lindo e puro...não é bem visto pela sociedade, sabe-se lá oque podem fazer conosco.... - uma névoa de tristeza pairou sobre elas.

- Fica tranquila, ninguém vai saber! Somos amigas antes de tudo! Seremos duas solteironas dividindo uma casa um dia! - a mais alta ria imaginando um possível futuro para elas.

....

Os meses se passaram e as duas estavam cada dia mais apaixonadas, vivendo aquele romance escondidas, muitas vezes ali, com a natureza apenas como testemunha. Ninguém nunca percebeu nada, violeta até aceitou ser cortejada por Afonso, assim chamaria menos atenção.

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora