Desembucha!

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- Bom dia! Bom dia! - falava Paula chegando na T/W

- Bom dia chefinha! - respondia um dos coisinhas - Cadê a outra chefinha?

- Carmem me deixou aqui e volta depois do almoço. - ela ia no apartamento do filho ver como ele estava depois de ontem, mais não daria essa satisfação a ninguém.

- Bom dia Paula! - Marcelo chegava logo atrás - Podemos conversar?

- Lógico! Vamos pra minha sala. - ela entrou na sala, sentando em sua cadeira e indicando outra a sua frente para ele - Diga Marcelo, o que você quer já a essa hora?

- Calma Paula! - levantou as mãos em sinal de redenção - Vim em paz! E não, não é nada sobre a empresa.

- Desembucha logo! - estalava seus dedos no ar impaciente.

- Eu pedi a Joana em casamento!

- Ela aceitou? - perguntou com cara de espanto. Quando imaginou o pastel de vento casando.

- Me ofende essa pergunta Paula! - o homem abaixou a cabeça - Mais vou fingir que você não falou isso, porque querendo ou não, você é a minha melhor amiga.

- A única! - interrompeu ela.

- Posso falar? - tendo apenas um aceno de cabeça concordando, ele continuou - Então, eu gostaria que você fosse a minha madrinha, na verdade você e a Carmem, mais você minha testemunha para assinar lá os papéis...Você aceita?

A morena estava realmente surpresa com aquilo, não com o pedido para ser madrinha, mais com o casamento em sí - Lógico que eu aceito pastel de vento! Se a Joana quer mesmo casar com você eu preciso estar lá pra ver isso! - ela ria alto debochando um pouco da cara dele, que devolveu os risos com um semblante triste - Ah Marcelo, para de drama, se eu sou a sua melhor amiga já era pra ter acostumado comigo! Agora vai trabalhar vai! Pode deixar que eu falo com a cascacu sobre o casamento! Anda Marcelo, vai trabalhar! - o expulsando da sua sala quase a pontapés, se pondo novamente a rir quando ele fechou a porta em suas costas.

Ela organizou alguns papéis, abriu alguns e-mails, sentia falta da esposa. Já tinha se acostumado a trabalhar com os olhos da loira sobre ela. Até a sala delas agora era dividida.

Paula se perdia na mesa da esposa, pensando nela concentrada, com seus óculos, analisando os contratos, brigando com as pessoas pelo telefone. Como a loira ficava linda brava! Talvez tenha sido por isso que no início ela fazia questão de brigar, pra aflorar, ainda mais aquela beleza divina.

- Paulinha, posso entrar? - Leona chegava com alguns papéis nas mãos.

- Lógico, entra! - ela se levantou pra falar com a sobrinha - Aqui, não esquecemos de você! - entregando para a menina um pequeno embrulho com o presente que trouxeram da viagem.

- Vocês trouxeram presente pra mim? - a mais nova estava radiante de felicidade, abriu igual criança rasgando o papel e revelando um lindo filtro dos sonhos, todo colorido - Eu amei! Nossa....lindo! Obrigada Paulinha! - ela abraçou a nova tia - Mais não foi por isso que eu vim, aqui - entregou os papeis que trouxera consigo - Preciso que vocês analisem ainda hoje, o pessoal da Alemanha quer fechar tudo essa semana.

- Ótimo! Vou ver isso agora mesmo e quando sua tia chegar, ela analisa também! E como foi aqui com a nossa ausência?

- Foi tranquilo, o Marcelo quase surtou com os três patetas algumas vezes mais no fim deu tudo certo!

- Como assim ele quase surtou? Me explica isso direito! - elas ficaram ali durante um tempo, conversando sobre o que aconteceu na empresa nesses 3 dias longe.

Naquele mesmo momento, não muito longe dalí, Carmem chegava no apartamento que antes ela morava com o filho, hoje dividido temporariamente com a prima.

- Gabriel? Filho, ta em casa? - ela entrava o chamando, mesmo tendo as chaves, não morava mais ali, então não sairia entrando assim.

- Oi mãe, tô na cozinha! - a voz do rapaz vinha lá de dentro - O que você faz aqui a essa hora? Não era para estar na empresa?

- Era meu filho, mais lá tem a Paula resolvendo tudo. Aqui, com você que eu precisava estar agora. Fiquei preocupada contigo ontem meu amor. Você quer conversar direito? - a loira não era uma das melhores mães do mundo, trabalhava muito e acabou deixando a desejar em alguns aspectos. Mais seu amor pelo filho era gigantesco e vê-lo daquela forma na noite anterior deixou a mais velha arrasada. Tanto que passou uma parte da noite conversando com a esposa.

- Obrigada mãe, mas acho que não tem muito mais o que falar não. Eu ainda não dei sorte no amor. Talvez daqui a uns 30 anos eu ache a minha Paula! - ele ria brincando com a mãe sobre o fato dela ter encontrado a esposa depois dos 50 anos.

- Acho que você já está bem mesmo né? Até tirando sarro com a cara da sua mãe! - fingiu tristeza.

- Tirando sarro? Quando que Carmem Wollinger, a mulher mais chic que eu conheço começou a falar assim?

- Acho que é o convívio com a Flávia e a Ingrid! - eles riam juntos se abraçando. - Eu tenho a manhã toda pra você, oque quer fazer?

Ele ainda abraçado com a mãe, pensou um pouco. Tendo ela fazendo um cafuné em seus cabelos, como ele gostava daquilo, do colo de mãe e realmente estava precisando.

- Eu quero.....assistir filme de terror deitado no seu colo e comendo pipoca com muita manteiga! - o sorriso infantil, aquele menino encheu o coração da mãe de alegria.

- Eu faço a pipoca e você escolhe o filme! - dobrando as mangas de sua blusa e pegando tudo que precisava pra fazer a tal pipoca que o filho tanto amava desde pequeno.

Enquanto o filho foi para a sala, ela pegou o telefone e mandou uma mensagem para a esposa:

C: Amor, ele esta bem melhor. Vou assistir um filme com ele agora, dar o colo que ele precisa e te busco para almoçarmos. Já estou com saudades. Te amo!

P: Que bom meu amor! Isso, da colo pra ele! Esse colinho aí faz verdadeiros milagres! Não se preocupe que por aqui está tudo sobre controle. Muitas saudades cascacú! Te amo!

O resto da manhã passou voando. Carmem e Gabriel assistiram 2 filmes seguidos, da série de Invocação do mal, os preferidos do filho. Paula trabalhou muito, toda hora mexendo no celular esperando algum sinal da esposa. Mexeu tanto no aparelho que acabou a bateria. - Perfeito! Esqueci de carregar essa noite e agora ela acabou de vez! - reclamou.

Continuou trabalhando, quando a esposa chegasse subiria para buscá-la. Já eram 12:30 e nada da loira. Procurou um carregador na sala, nada! Ia pedir para um dos coisinhas ou para Marcelo, todos já haviam saído para o almoço. O carregador da secretaria não era compatível. O que será que aconteceu com a Carmem? Já estava ficando nervosa, ela não era de atrasar.

Tentou distrair a mente trabalhando mais.

- Paula! - Marcelo entra correndo na sala dando um susto na menor - Você não atende o celular!

- Esta descarregado! O que houve?! - pergunta a morena já se levantando.

- Acho bom você se sentar! Aconteceu....aconteceu alguma coisa com a Carmem!

Paula prendeu a respiração - Fala Marcelo, oque aconteceu com ela? - a morena sentia todo seu corpo tremer de nervoso, não conseguia respirar...

- Ela sofreu um acidente vindo pra cá, eu só sei que ela foi levada...PAULA! - a chefe desmaia na hora por cima da cadeira.

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora