Leona

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A semana passou como um furacão pela vida do nosso casal. Há tempos que elas não trabalhavam tanto. Mal tinham tempo para ficarem juntas, quando conseguiam era um almoço ou jantar rápido e apenas dormir de conchinha. As vendas estavam indo de vento e popa e agora, uma empresa alemã estava negociando exportar alguns produtos da T/W para a terra natal da loira. Aquilo realmente estava tirando a paz das duas. A empresa era grande, mais no Brasil. Torná-la internacional demandaria muito mais trabalho.

- Amor, precisamos pensar em aumentar a equipe. Pelo menos contratar umas duas pessoas para cuidar dessa parte. - Carmem falava com seus lindos óculos no rosto e muitos papéis em sua frente.

Elas estavam na sala de reuniões sozinhas analisando a proposta tentadora junto as projeções futuras, caso fechassem negócio. - Tem razão coisa linda. Por mais que sejamos maravilhosas nisso - interrompeu a fala pra dar um selinho na mais velha - não vamos dar conta de tudo sozinhas. Os coisinhas já são muito enrolados com o mínimo, não dá pra colocarmos mais responsabilidades pra cima deles..

- Tive uma ideia!

Paula arrumou a postura na cadeira, ficando de frente pra noiva - Fala amor, confio em você!

- Te amo! - e ficou olhando a morena por um tempo até Paula estalar os dedos na sua frente a trazendo de volta a terra - Bom, eu tenho uma sobrinha que fez química também e mora na Alemanha. Pensei em chamar ela aqui, ensinamos tudo que ela precisa aprender e depois ela fica de lá, nos ajudando diretamente do nosso novo polo. O que acha coração?

- Você tem sobrinha? - a morena tinha uma cara surpresa - Nós somos noivas e eu não sabia que você tinha sobrinha! Tem mais alguma surpresa familiar pra me contar? - Paula tinha os braços cruzados e uma carinha de raiva com ciúmes que fazia a loira derreter.

- De tudo que falei você só ouviu isso? - ela ria com a birra da menor - Sim meu amor, eu tenho uma sobrinha, Leona o nome. Filha de minha irmã gêmea que morreu a alguns anos. Eu tento cuidar dela, mesmo que de longe mais falar da minha família não é fácil, você sabe. Te contei como cortamos relações a uns anos atrás quando resolvi vir para o Brasil.

- Também, veio atrás de rabo de saia....- Paula realmente estava com ciúmes - Mais a sua sobrinha aceitaria vir?

- Eu não vim por rabo de sai dona Paula, eu tive uma ótima proposta aqui e vim....foi coincidência ela ser a presidente de lá. - ela olhava baixo porque sabia que no fundo a morena estava certa, mais se pensar bem, que bom que ela veio ao Brasil. Hoje tinha a sua própria empresa e conhecera o grande amor de sua vida. - Eu acho que ela adoraria vir, trabalha num lugar pequeno e a oportunidade é maravilhosa. Sabe coração, nos dávamos muito bem...tenho ela como uma filha.

- Então oque estamos esperando? Vai, fala com ela! - a morena fazia sinal pra Carmem pegar o telefone.

- O que? Quer que eu ligue agora? Amor?! - a morena já estava com o celular nas mãos entregando para a loira. - Ta bom, eu ligo...- ela não falava com a sobrinha por telefone, estava com medo de não ser atendida.

Pegou o celular, abriu a agenda telefônica e finalmente ligou para Leona. Deu um, dois, três toques até que a pessoa do outro lado atendeu.

- Tante Carmen? (Tia Carmem?) Ist etwas passiert? (Aconteceu alguma coisa?)- a menina perguntava preocupada, a anos a tia só falava com ela por e-mails.

- Não se preocupe Leona, está tudo bem, na verdade, mais que bem. - fez um carinho no rosto da morena a sua frente. - Vamos falar em português por favor, preciso colocar você no viva voz. - Falou olhando para a noiva que sorriu feliz por aquele pequeno ato de atenção. Já retornando a ligação, Carmem explica a sobrinha todo o plano que ela e a sócia tinham travado e ela era uma chave primordial para aquilo dar certo.

- Eu aceito tia! Só preciso de uns dias para organizar tudo aqui. Não posso sair de uma hora pra outra do meu emprego.

- Claro, não se preocupe quanto a isso. Nem em ver onde ficar, você fica com Gabriel no meu apartamento. É bom que os primos matam a saudade! - Antes da irmã morrer, ela veio ao Brasil com a filha visitar a tia sem seus pais saberem. As irmãs eram muito próximas.

- Ok tia....mas.....onde a senhora vai ficar? - a menina perguntou curiosa.

- Quando você chegar eu te conto. Isso não é assunto para telefone. Quando estiver com tudo pronto para vir me avisa. - Elas se despediram e a loira desligou o telefone.

- Porque você não falou de mim pra ela? - Paula a indagava.

- Porque eu não sei o quanto que ela ainda tem de influência dos meus pais. Pensei que ela aqui, vendo nós duas juntas, seria mais fácil pra aceitar e quem sabe um dia - a loira deixou uma lágrima cair - quem sabe um dia eu possa te levar para conhecê-los.

A morena deu um abraço apertado na mais alta. Aquele era um assunto por demais dolorido na vida de sua amada. Tudo que ela pudesse fazer para compensar tantos anos de tristeza, ela o faria. - Amor, ei, eu tô aqui viu?! Não precisa ser forte quando está comigo. Pode chorar se quiser, desabafa esse coração lindo! - fazia carinho em seus cabelos, afagando aquela mulher que só tinha tamanho, mais era um bebê as vezes e Paula amava cuidar.

- Eu amo tanto você! Obrigada meu amor! - ela dava um beijo no pescoço de Paula.

- Coisa linda, não faz assim que eu derreto! - sentindo o corpo se arrepiar com o toque dos lábios da loira em seu pescoço. - Eu também amo muito você, demais!

Mais uns dias se passaram e chega um e-mail de Leona, avisando que em três dias ela chegava ao Brasil. Já tinha resolvido tudo da melhor forma possível e estava disponível para assumir esse negócio junto a sua tia e a sócia dela.

A loira arrumou o apartamento todo, comprou tudo que lembrava ser do gosto da sobrinha. Abarrotou a geladeira, comprou roupa de cama nova, toalhas - Mãe, isso tudo é pra Leona? - Gabriel perguntava atrás da mãe que estava no quarto que era dela, hoje dele, arrumando umas coisas no armário.

- Preciso que tudo seja perfeito meu filho!

- Você quer a aprovação dela com relação a Paulinha né? - o rapaz era na dele, mais observava tudo e sabia da relação da mãe com a família. Ele mesmo nunca conheceu os avós.

Ela se sentou na cama, colocou as mãos no rosto, escondendo a tristeza estampada. - Eu não posso deixar eles me abalarem mais Gabriel, não agora. Não quando eu estou mais feliz na minha vida!

- Mãe. Carmem Wollinger, presta atenção no seu filho! - tinha um tom altivo, que pouco usava por se um rapaz bem mais tranquilo que a mãe - Você é uma Wollinger, tem tanto orgulho desse nome, mesmo sendo de uma família que tanto te fez sofrer. Eu tenho muito, muito orgulho da mãe que eu tenho! Você é linda, inteligente, uma grande empresária, tem um coração de ouro e está na melhor fase da sua vida. Achou a Paulinha no meio disso tudo e eu nunca te vi mais feliz, mais amada. Se agarra nisso mãe! Não deixa eles te afetarem! Não deixa que as pessoas, que nem quiseram conhecer seu próprio neto - tinha a voz embargada nessa hora - te façam sofrer mais! Eu tô aqui e sempre vou estar! E se essa Leona ai implicar com a Paula, pode deixar que eu coloco ela ciente das coisas....ta que a Paula é abusada e logo da uns gritos com aquela garota mimada...

Essa última parte tirou risos da mais velha. Era verdade, a primeira resposta atravessada de Leona para Paula, ela veria como sua baixinha era invocada. - Quando você se tornou esse homem meu filho? - ela o olhava com admiração - Uma das melhores escolhas da minha vida com certeza foi ter você! Mamãe te ama! - o abraçando com toda ternura e amor que os cercavam.

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora