Amigas?

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Toc Toc Toc

Alguém batia na porta da sala de Carmem. - Onde será que aquela menina está que não me perguntou se eu poderia receber alguém? - a loira odiava sem pega de surpresa, contratara uma secretária para isso!

A porta se abriu e ela pôde ver os longos cabelos dourados de Paula na pequena frecha que se fez - Carmem? Cascacú? Posso entrar? - o último encontro delas não acabara da melhor forma, então a morena entrava com cuidado naquela sala.

- Paulinha?! - ela deu um pulo de felicidade saindo da cadeira indo ao encontro da morena. - Lógico, entra coração! - Ops, esse aí saiu sem querer! Com o rosto vermelho de vergonha, continuou - A que devo a visita? Ou tínhamos algo marcado para hoje? - ela tentava lembrar de sua agenda.

- Não! É que você sumiu....só nos falamos por e-mail, fiquei....fiquei preocupada. É por causa da nossa briga? Porque se for, ta muito mole! Pra ficar o meu lado precisa aprender que eu sou assim mesmo, intensa e adoro uma briga!- ela falava sem parar gesticulando com os braços de tanto nervoso.

A loira ria vendo-a tagarelar - Não mein schatz, uma coisa que eu não tenho é medo de você. Mais como não tínhamos nada marcado...bom, não quis atrapalhar. - nessa hora ela fez um biquinho que derreteu o coração da morena.

- Pode parando com a palhaçada cascacu! Vem, vamos! Hoje você vai jantar lá em casa comigo! - não dando nem a opção da mais velha recusar, ela mesma pega a bolsa da Carmem e a puxa pelo braço.

- Vem você com esse cascacu de novo! - ela revirava os olhos sempre que a mais nova a chamava daquela forma.

- Você me chama daquela coisa esquisita, por que não posso te dar um apelidinho fofo também? - na verdade Paula adorava mesmo era ver a cara da loira quando ela a chamava assim, ficava mais linda ainda com raiva!

Paula foi no seu carro e Carmem a seguindo de moto. A loira não aceitou ir de carona de forma nenhuma. E deixar sua moto preciosa assim? Jamais!

- Entra cascacu! Essas são minhas filhas - Fazia sinal para a loira entrar e indicava as meninas no sofá - Flávia e Ingrid, aquela ali arrumando a mesa é a minha mãe. Mãe, coloca um lugar pra Carmem por favor, ela janta conosco! - Da um beijo rápido nas meninas e antes de sair da sala olha pra loira e fala - Fica a vontade, vou só tomar um banho rápido. Meninas, se comportem! - e piscou para elas.

- Então você é a famosa Carmem Vollinger? - Ingrid perguntava chegando para o lado dando espaço entre ela e a irmã para a mais velha sentar.

- É Wollinger! Mais famosa? Sua mãe falou de mim? - aquilo fez o coração da loira bater acelerado, o que será que a morena andou falando dela para as filhas?

- Falou um pouco, disse que vocês brigam muito! Mais pelo visto nem tanto! - Flávia falava com tom de ironia.

Jogaram conversa fora por um tempo, Flavia falou do seu noivado com o Dr das Galáxias, que estava grávida mais que era segredo até o casamento que aconteceria no próximo mês. Com Ingrid falava de seus animais, Carmem tinha o Totó Wollinger, um Spitz Alemão de pêlos brancos muito dócil e a mais nova de seu gato Bartô, um felino da raça Comum Europeu que já estava fazendo amizade com a platinada.

- Olha mãe, o Bartô gostou dela! - Ingrid falava para a mãe que agora estava entrando na sala. O gato estava feliz da vida no colo da cascacu, ronronando e roçando nela.

- Olha, isso é um acontecimento! Bartô só gosta da Ingrid! O que você prometeu pra ele cascacu? - ela ria com a cara da mais velha ao ouvir seu apelido carinhoso.

- Não prometi nada, só dei amor! Coisa que você não deve dar pra ele né Paulette, por isso ele gosta mais da Ingrid. Menino esperto! - falava olhando o gato bem nos olhos, esse ronronava mais ainda para ela.

- A comida está na mesa! - Tuninha chamava a todos para a mesa.

Flávia estava só observando toda a cena e pode observar a cara que a mãe fez ao encontrar a loira com o gato, pareceu que ela tinha ficado muito feliz com isso, ela só não conseguia entender o porque. - Ingrid, deixa a visita sentar do lado da mamãe! - ela falava pra irmã sair da cadeira a esquerda da mãe, onde ela normalmente se sentava desde a "morte" mudar as coisas por ali.

- Obrigada meninas, mais não precisa! O lugar é seu! - Carmem estava roxa de vergonha, não poderia aceitar isso, mais não teve jeito. As meninas insistiram tanto que ela aceitou.

Ela e Paula passaram o jantar todo sem trocar uma única palavra. A morena conversava feliz com as filhas, perguntando sobre o dia delas, as novidades...a loira ficou feliz de estar presente, a muito tempo não jantava como uma família de verdade. Seu filho Gabriel não morava mais com ela e isso a deixava triste.

- E ai cascacu, gostou das minhas meninas?

- Muito! Nem parecem sua filha! - a loira gostava de implicar!

- Não começa não! - ela entendeu o recado mais estava tarde demais para embarcarem numa briga - E seu filho? Você nunca fala dele.

Carmem sentiu um penso com a pergunta, seus olhos marejaram na mesma hora - Eu pouco falo com ele. Sabe como é, independente! Gabriel tem um bar aqui perto, trabalha muito e por isso saiu de casa, dorme lá no bar mesmo. Como nossos horários não batem, eu o vejo a cada 15 dias, é difícil pra mim ficar sem ele, síndrome do ninho vazio que a terapeuta me falou....ele é tudo que eu tenho! - nessa hora uma lágrima desceu pela face, Paula olhou com carinho aquela cena e sua vontade era de abraça-la.

- Ei, cascacu, não fica assim não! Agora você tem a mim e eu te empresto as minhas filhas um pouco se você quiser! Somos amigas, ou não? - a abraçou forte, sentindo o perfume da loira e o calor de seu corpo.

Seus corações aceleraram com o abraço, assustando-as. Os olhos se encontraram e ambas sentiram que aquilo já havia acontecido antes...aqueles olhos, aquele olhar, isso já aconteceu antes!

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora