Jantar

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- Onde será que essa toalha foi parar? - Perguntava Luzia revirando algumas malas a procura da toalha de mesa especial que havia ganhado em seu casamento.

- Já olhou nessa mãe? - Violeta tentava ajudar.

- Vai ter de ser aquela outra mesmo filha! Daqui a pouco os convidados chegam e a mesa nem posta vai estar! - ela pega um pano branco, que estava em cima de uma cadeira e as duas saem apressadas rumo a sala de jantar tentar terminar tudo antes da família de Dona Emilia chegar.

Ouvem-se batidas na porta, eram eles. Estavam presentes o casal com seus dois de seus três filhos. Assim que adentrou a casa, Dorotéia começou a procura-la com os olhos. Logo a achando, atrás da mãe, próxima ao sofá da sala com um vestido rosa lindo. Ela era linda!

- Fiquem a vontade! Podemos nos sentar aqui na sala enquanto esperamos para servir o jantar. - Dona Luzia conduzia os convidados até a sala social, onde beberam um licor de framboesa para abrir-lhes o apetite e conversaram bastante sobre suas famílias.

As meninas ficaram cada uma de um lado da sala, caladas, se observando, escutando tudo, mais se alguém perguntasse a opinião delas sobre algo, não saberiam oque dizer.

Dona Jussara, a empregada da família vem a sala avisar que o jantar será servido em alguns minutos, então todos se encaminham para a mesa. Ficando Dorotéia e Violeta lado a lado.

- Que bom, vocês sentaram juntas, agora conversem, pelo amor de Deus! Façam amizade! - Dona Emilia falava feliz para as moças. A matriarca da família via ali um bom casamento para seu filho. Violeta era uma menina linda, bem educada, de boa família...a amizade dela com sua filha poderiam render bons frutos.

O jantar correu bem, apesar das poucas palavras trocadas, elas combinaram de se encontrar no dia seguinte para irem juntas até a escola.

...

Na manhã seguinte, Violeta acordou com as galinhas! Se arrumou, pôs um bom vestido, a colônia que ganhara no último aniversário e foi até cozinha, onde tomaria seu café com a mãe- Bom dia minha mãe! Acha que me arrumei muito? - ela falava e girava em seus calcanhares amostrando toda a roupa para a mãe.

- Está linda minha filha! Agora coma, para vocês aguentarem um bando de crianças, só bem alimentadas! Não esqueça de pegar a bolsa com um lanche para vocês. Tem para as crianças também, Dona Emilia falou que alguns são bem pobres.... - Violeta já saia apressada, estava na hora e não poderia se atrasar!

- Bom dia Violeta! Pontual! - Dorotéia olhava o relógio confirmando a hora e dando um beijo no rosto da amiga.

- Bom dia! Estou muito animada para nosso primeiro dia! Separei alguns papéis e tintas para as crianças. Espero que gostem da aula de pintura!

- Tenho certeza que vão adorar! Agora vamos! - as duas foram, de braços dados andando pela cidade, como velhas e boas amigas.

Os alunos adoravam as aulas que davam juntas, quase todos os dias elas almoçavam na casa uma da outra. Os laços foram se estreitando nos dias próximos.

- Estou gostando muito dessa amizade de vocês, não é mesmo Roberto? - Dona Emília se dirigia ao marido que não prestava atenção em nada que era dito. - Violeta minha querida, venha a noite jantar conosco. - Ela convida a mais nova com o intuito de aproxima-la agora de seu filho.

- Claro Dona Emília, será um prazer! - ela laçava um olhar feliz para a amiga, cada momento que elas pudessem passar juntas era bem aproveitado.

No outro dia, no jantar...

- Violeta, você vai se sentar ao lado do Afonso. Você e Dorotéia já passam muito tempo juntas, conversar com outra pessoas é muito bom! - e deu uma piscada para o filho.

Dorotéia que não gostou nada disso, ela era SUA amiga! Não queria dividi-la com ninguém, muito menos com seu irmão....ela sabia qual era a real intenção deles, sentiu um aperto no peito só de imaginar sua Violeta com o irmão, não aguentaria!

- Claro Dona Emília, será um prazer. - mesmo sem gostar, a menina era muito educada para falar algo. O jantar se arrastou, as conversas de Afonso de nada chamavam a atenção da moça, ele falava de números, contabilidade... trabalhava junto ao pai. O que ela queria era conversar com a amiga. Seus olhos se encontravam vez ou outra, implorando para saírem dalí. - O Jantar estava uma delícia, como sempre. Muito obrigada pelo convite, mais agora preciso ir, prometi a mamãe que voltaria cedo. - arrumava uma desculpa para ir embora, o filho mais velho da dona da casa a convidara para um dedo de proza após o jantar na varanda de sua casa.

- Uma pena que não possa ficar minha amiga, mais eu entendo bem! A Dona Luiza pediu, você deve cumprir! - Dorotéia incentivava que a amiga fosse embora, se não poderiam ficar sozinhas e conversar, ela também não ficaria com seu irmão.

Dando um beijo no rosto da anfitriã e outro na amiga, Violeta se despede. - Até amanhã Dory, não se atrase!

A menina com nome de flor chega em casa vermelha de raiva. Já havia sentindo Afonso com galanteios para seu lado mais preferia não acreditar, hoje ela teve a certeza que não só ele, como sua mãe também estava interessada nessa união. - O que eles pensam que eu sou? Uma mercadoria? Tenho sentimentos! Nunca me casarei assim, NUNCA! - A menina falava alto na sala, andando de um lado para o outro. Sua mãe que estava chegando, ouvira tudo.

- Está falando de Afonso querida? - pergunta a mais velha.

- Sim mamãe, eles pensam que podem me juntar a ela, mais não! Não é dele que eu gosto! - a mais nova falara demais.

- E de quem a senhorita gosta, posso saber? - a interpela.

- Ninguém mamãe, é só uma forma de falar que não gosto dele! Ele é irmão da Dory! - fazia uma cara de nojo respondendo.

- Bom, ele esteve aqui outro dia e conversou com seu irmão. Suas intenções são as melhores possíveis querida. Se Leopoldo achar que é um bom feito, assim o fará! Agora devemos respeito as suas decisões. - Dona Luiza nem acabara de falar e a filha já a deixava sozinha. Saindo batendo os pés em negativa e bufando de raiva.

- Eu fujo se quiserem me obrigar a casar com ele, EU FUJO!

Outra vida, mesmo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora