Outra vida, mesmo amor

Hospital

Ainda se situando da situação, Paula ouvia de longe Marcelo chamando seu nome. Ela estava dormindo no escritório e teve um pesadelo? Só poderia ser isso! Não aconteceu nada com a sua cascacu, não poderia ter acontecido!

- Paula! Paula! - ele dava leves batidinhas no rosto da chefe.

Ela retomando um pouco da consciência viu que não, não era um pesadelo. Realmente algo aconteceu com seu amor! Lembrou do prazo da morte, ELA não poderia fazer isso! Não aguentaria viver os próximos 5 meses sem a esposa. O desespero foi tomando conta de seu corpo, ela não sabia se chorava, gritava, saia correndo....-Mar....Marcelo, me conta exatamente o que te falaram! - com um esforço sobre-humano ela terminava a frase. Segurando o choro entalado na garganta.

- Só que sofreu um acidente de moto aqui perto e não conseguiam falar com você. Aqui o endereço do hospital. - entregando a morena um pequeno pedaço de papel.

- Vamos agora pra lá! - pegou a bolsa e saiu correndo, um pouco tonta ainda, ela precisava saber da sua loira - Vai ligando lá pra casa e tenta falar com o Guilherme, preciso dele agora! - Paula ativou o modo piloto de fuga, ela nunca chegou tão rápido num lugar.

Eles entraram naquela recepção da emergência - CADÊ ELA?!? - Paula gritava perguntando para a moça do balcão, agora seu rosto era tomado por lágrimas. - ANDA, CADÊ A MINHA ESPOSA?

- Boa tarde senhora, desculpe, mais eu preciso de um nome para saber de quem se refere. É paciente? - a menina tinha um tom calmo, sereno e muito educado, o que deixou a morena ainda mais nervosa. Como ela poderia estar calma assim com a sua Carmem ali dentro!?

- É Carmem Wollinger, ela sofreu um acidente de moto! - a menina começou a procurar as informações do computador - Anda garota, agiliza aí! - ela batia na mesa, coitada, estava nervosa.

- Achei. Ela agora está passando por uma cirurgia. Podem aguardar aqui e logo o médico vem falar com a senhora. Aqui a pulseirinha de acesso. - entregava um papel na mão da mais velha que atônita a encarava. Como assim cirurgia? Então era grave o que Carmem tinha!

A morena andava de um lado pro outro, já havia tomado mais de 10 cafés. O pastel de vento não saiu do seu lado, mas permanecia calado. Sabia que se falasse qualquer coisa naquele momento, quem precisaria de médico era ele!

- Mãe! - Flávia chamava entrando na recepção acompanhada de Guilherme - Viemos o mais rápido possível, o Gui estava em cirurgia. Alguma notícia? - ela abraçava a mãe.

- Ela.....ela...- Paula desabou a chorar no colo da filha mais velha.

Marcelo então resolveu falar - Ela ta em cirurgia, mais ninguém fala nada! Qual a cirurgia, se é grave...estamos a mais de 1h aqui e nada!

- Eu vou tentar descobrir Paula, fica calma. Se fosse algo grave já saberíamos. E não se preocupe, vamos transferi-la para a minha clínica. - Guilherme tentava tranquilizar a sogra.

A morena não conseguia falar nada, dando apenas um sorriso amarelo em agradecimento para o genro.

- Ingrid queria vir junto, mais eu não deixei. Já tem muita gente aqui, não iria ajudar em nada! - Falava a filha mais velha sentada com a mãe em seus braços.

- Se acontecer alguma coisa com ela Flávia? Eu...eu não vou aguentar! - essa era a primeira vez que Paula chorava na frente de alguém, estava vulnerável, triste, sensível, com medo.

- Calma mãe, o Gui não falou que se fosse algo sério já saberíamos? Vai dar tudo certo. A sua cascacu ta bem! - ela beijou o topo da cabeça da mãe, assim como ela fazia com as filhas todas as manhãs antes de ir para a empresa.

Guilherme voltava com um médico do lado - Boa tarde, eu sou o Dr Ricardo, sou cirurgião ortopédico. Fique tranquila dona Paula, sua esposa está bem. Ela teve algumas escoriações no braço e precisou operar o pé porque a moto caiu em cima dele, quebrando alguns ossos. Colocamos alguns parafusos e logo ela estará em perfeito estado novamente.

Paula sentiu uma mistura de alívio e felicidade. Sua cascacu estava bem! - E quando eu posso ver ela? Não me venha dizendo que não posso porque eu invado isso ai e acho ela! Nem que eu abra porta por porta! - batia no peito já alterando a voz.

- Você vai poder ve-la agora mesmo. Vim buscar a senhora para isso. Guilherme, pode resolver a transferência com ela - apontou para uma senhora de cabelos brancos numa pequena sala a frente. - Vamos dona Paula? - ele fez um movimento para ela o seguir.

Chegaram na frente de uma porta grande, era uma enfermaria. A morena nem reparou nas coisas, estava ansiosa para ver a esposa.

- Fica calma porque ela ainda está sob efeito da anestesia, vai demorar um pouco para despertar totalmente. - ele avisava antes mesmo de abrir a porta.

Assim que a morena entrou, procurou correndo a sua loira, a encontrando no final da grande sala, numa cama a direita. Correu em sua direção, beijando cada pedaço de seu rosto - Que susto você me deu cascacu! Nunca mais faça isso comigo! Eu te mato se você morrer! - ela voltava a chorar, agora abraçada a esposa que dormia tranquila.

Sentiu uma mão passar por seus cabelos e uma voz fraca falando - Você achou mesmo que se livraria assim de mim coração?

- CARMEM! Meu amor! - se levantando e ficando de frente para a mais alta - O médico falou que você ainda iria demorar para acordar! - seu rosto vermelho agora era iluminado por um belo sorriso - O que você fez de errado pra isso acontecer heim dona Carmem! - Paula colocava a mão na cintura brigando com a esposa.

- Na verdade, nada. Um filho da mãe que ultrapassou o sinal vermelho e pegou na roda da minha moto. Eu desequilibrei e cai por cima do meu pé. Como foi acidente de trânsito precisa chamar bombeiro e eu vim parar aqui....mais eu pedi mesmo pra me levarem na clínica do Guilherme...- ela falava com um pouco de dificuldade ainda, devido aos remédios. - Agora para de brigar comigo, preciso da minha esposa linda e carinhosa cuidando de mim!

Ela não fez esse biquinho não né? Pensava Paula, já não bastava toda a tensão ainda ia jogar sujo assim?

Paula se sentou do seu lado da cama, segurando em suas mãos, dando um beijo nas duas e depois falando - Eu vou cuidar de você pra sempre meu amor! Só me promete nunca mais me dar um susto assim, eu não sei mais viver sem você!

Não demorou muito para a loira dormir em seus braços, com os afagos da sua morena. - Paula, tudo pronto. Quando ela acordar podemos transferir, a ambulância tá aí na frente esperando. - Guilherme falava se aproximando.

- Ela já pode ser transferida Guilherme? Tem certeza? Olha como ela está! Acabou de dormir! - olhava com carinho para aquela mulher linda dormindo tranquila.

- Podemos esperar ela acordar ou você acorda ela. Mais em condições de transferir ela tá, já olhei os exames e está tudo certo, agora é cuidar do pós operatório.

- Vocês vão continuar falando de mim como se eu não estivesse aqui? - Carmem falava ainda com os olhos fechados.

- Meu amor, o Guilherme já resolveu a sua transferência, mais eu preciso saber se você está bem para isso!

- Estou mais que bem! Vamos agora Guilherme? - segurava firme nas mãos da esposa com os olhos agora cravados no homem alto a sua frente.

- Vou chamar o pessoal e vocês se arrumam. Os documentos e roupas eu já peguei e estão com a Flávia lá fora. Agora tem uma coisa, Paula, você vai no carro comigo. Não pode ir na ambulância.

- Eu não posso ir onde? - colocou a mão em forma de cuia no ouvido, como se estivesse fazendo um esforço para escutar melhor - Você acha mesmo que eu vou desgrudar dela? Mais é nunca! Aqui - entregou a chave do carro - Fala pro Marcelo deixar lá em casa e pede pra Tuninha mandar nossas roupas pela Ingrid ou pela Flávia, tanto faz! Mais eu não saio do lado da Carmem, em nenhum momento! - a morena estava decidida e uma coisa que o dr das galáxias aprendeu nesse tempo era não contrariar uma Terrare.

- Viu dr, é melhor obedecer a senhora minha esposa. Ela é danada! - Carmem ria ainda com alguma dificuldade, mais estava bem. A dor que sentia no pé não a incomodava mais, tinha sua esposa do lado. - Alguém lembrou de avisar o Gabriel?