capítulo 01

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🚨🚨ATENÇÃO🚨🚨
🚨🚨RETIRADA DO LIVRO DO WATTPAD DIA 22/01/2024🚨🚨

A N A S T Á C I A
G R E E N

─ Ana, cuidado com a cabeça! —- Lúcia grita, fazendo-me girar o rosto em sua direção. O aviso, no entanto, não é o suficiente para me fazer refrear os movimentos dos pés e acabo batendo com força a cabeça em algo sólido e duro.

—- Ai! —- grunho, colocando a mão sobre a testa e massageando o local dolorido. Abro os olhos e avisto uma parede de vidro que eu não tinha notado antes —- Quem é que coloca paredes de vidro em todo lugar? —- ralho, irritada.

Coloco as mãos em cada lado da cintura e analiso indignada a parede de vidro que divide o hall da sala de estar. Lúcia ri, exibindo seus dentes brancos e alinhados. Ela está no hall de entrada espanando um dos armários.

Lúcia, como sempre, tem uma beleza estonteante. A mulher alta e com a pele negra, marrom clara e acobreada, tem sempre um sorriso gentil nos lábios carnudos.

—- Gente rica, meu bem.

—- Gente rica tem um péssimo gosto. —- reviro os olhos e balanço a cabeça em negação.

Não são todas as pessoas ricas que tem um gosto ruim, é claro. Mas, como funcionária de uma empresa de limpeza, eu posso falar com propriedade que existe doido para gostar de cada tipo de decoração que às vezes me deixa com medo.

Igual a minha querida avó diz, a gente vai ver cada coisa nessa vida...

Enfim, trabalho na Empresa de Neteja em Barcelona, na Espanha, há mais ou menos uns seis meses. Vim para cá depois que consegui uma bolsa de estudos integral na Universidade de Barcelona.

Foi necessário tomar uma boa dose de coragem para enfrentar a minha família, todos os meus medos e mudar para um país completamente diferente, onde eu não conhecia ninguém. Em contrapartida, a Universidade de Barcelona podia me oferecer um curso de literatura muito melhor do que as universidades do Brasil.

Sai do Brasil quando eu tinha acabado de completar dezoito anos e, como eu tinha acabado de terminar o ensino médio, todos esperavam que eu ingressasse numa faculdade promissora, como medicina ou direito. Foi uma decepção muito grande para a minha família quando eu revelei a minha real vontade: ser escritora.

Infelizmente no meu país a literatura não é reconhecida, além de ser depreciada e injustiçada. Logo, já dá para ter uma noção do que é ser escritora num país como esse.

E foi uma decepção ainda maior para a minha família quando eu revelei que tinha ganhado uma bolsa integral numa faculdade no exterior e que eu iria me mudar, não importava o que custasse. Meu pai e o meu irmão mais velho até me apoiaram um pouco, mas quase que a minha mãe me deserdou. Ela sempre teve a mente muito fechada para algumas coisas e mudanças radicais como essa não estavam incluídas nos seus critérios.

Porém, me mudei mesmo assim. Paula, minha mãe, ficou uma semana sem conversar comigo, mas logo tudo voltou ao normal quando ela viu que estava dando certo. Hoje, assim como toda a minha família, ela me apoia em morar aqui. Acredito que todos que me julgaram falando que não ia dar certo e que eu era louca, pagaram com a própria língua, porque eu estou estudando e trabalhando num país onde é melhor em muitos âmbitos.

No meu primeiro mês em Barcelona recebi o apoio humanitário da Universidade. Fiquei hospedada no alojamento deles até que consegui alugar o meu apartamento.

Foi na primeira semana que conheci Lúcia, uma brasileira que mora em Barcelona há quinze anos e que possui uma empresa de limpeza. Vi um anúncio seu no jornal, ela estava contratando novos funcionários e fui atrás dela.

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