✨ When I Found You...

Capítulo: 03

Ruby

Ruby arrumava o seu cubículo, era um quadrado de 10x10 com meia parede dividindo com o cubículo ao lado, todos eles eram iguais com: duas camas de solteiro, um armário de duas portas que ficava no fundo do cubículo entre as duas camas, uma mesinha pequena com uma cadeira e um espelho que não era espelho e sim uma espécie de folha laminada que refletia, não possuía portas nem cela, já que era uma unidade de segurança baixa e que atendia também quem tinha bom comportamento, as detentas tinham livre circulação. O cubículo era extremamente limpo, Ruby odiava sujeira e mesmo que não tivesse o que limpar ela procurava.
Louise encontra a colega terminando de passar o pano no chão do cubículo e aprova o cheiro de limpeza, nunca precisava limpar o lugar, e caso fizesse a colega limpava novamente.
Quando Ruby arqueia as costas e se espreguiça, Louise lhe passa um recado.

– Tem visita pra você, é um velho.
– Como sabe?
– Eu estava limpando a sala de visitas e pediram pra te avisar.
– Hummm.

Ruby estranha, nunca recebia visitas exceto da avó quando estava viva. Sua mãe cortara relações com ela e seu pai era desconhecido.
Indo até a sala de visitas, um homem de meia idade e bem vestido acena para ela e Ruby vai até a mesa onde o homem está sentado.

– Olá, Srta. Olsen, eu me chamo Vincent Argo, e serei responsável por você após sair da penitenciária.

Ruby franze a testa, será que ouvira certo, ela teria um tutor? Já era maior de idade, não precisava de ninguém pra cuidar dela.

– Hahaha, como é? Olha seja lá quem você seja e não me interessa eu tenho 25 anos, não preciso mais de tutor. Vaza cara.

Vincent ouve mas não se abala e lhe responde:

– Precisa, porque é uma usuária de drogas, há uma lei que obriga detentos recém saídos da prisão  que o sistema acompanhe essa pessoa por pelo menos dois anos. Se você se recusar, sua condicional é suspensa automaticamente.
– Porra não fode eu estou limpa cara.
– Aqui dentro e lá fora como será?
– Lá fora não é da sua conta.
– É da minha conta porque estará em condicional ainda, deverá cumprir certas obrigações se não quiser voltar para cá.
– Meu cú.

Ruby se levanta pra voltar para junto das colegas quando ouve Vincent novamente:

– Você tem a chance de fazer algo diferente porque não tentar? É jovem ainda e nem tudo está perdido pra você srta.

Ruby para de costas para o homem e processa as palavras, exceto por sua avó, mas ninguém acreditava nela, nem ela mesma.

– Eu não tenho nada lá fora, não creio que possa me ajudar com algo.
– Será? Me dê uma chance pra te provar que está errada, o sistema funciona Olsen, só precisa acreditar.

Vincent entrega um envelope pardo para Ruby e lhe orienta a ler sobre o programa do governo e as obrigações que terá que cumprir na condicional. Se despede dela com um aceno e suspira, sabia que ela lhe daria trabalho.

****

Sozinha no pátio, Ruby abre o envelope e lê o termo da condicional junto do programa do governo que acolhia jovens adultos até 25 anos.
Ao sair, teria que arrumar um emprego e voltar aos estudos, durante esse tempo teria um tutor escolhido pelo programa, no seu caso era Vincent.
Deveria também reportar seu dia-a-dia por escrito, não poderia se envolver em nenhum tipo de briga e nem ficar na rua depois da meia-noite exceto se o tutor desse permissão, e claro como ela supôs deveria ficar longe das drogas.
Se cumprisse tudo conforme as regras, ao final de dois anos estaria livre da vigilância do governo e sua condicional concluída. Ao terminar de ler pensa em como iria conseguir se virar sozinha depois que o programa terminasse.

Samantha

Samantha acorda com o som da tv da casa do irmão, o sobrinho colocara em um desenho barulhento e ela acorda meio aborrecida.

– Bom dia titia!
– Bom dia querido, abaixe um pouco por favor.

Kevin obedece a tia e volta sua atenção para seu cereal e o desenho.
Samantha levanta e vai até a cozinha e encontra a cunhada amamentando a pequena Aurora.

– Bom dia, dormiu bem ?
– Não, sofá duro.

Evellyn dá risada, a cunhada sempre dormia no sofá, porque gostava de trabalhar até tarde.
Samantha preferiu ficar na casa do irmão até arrumar um novo apto, do que ficar com a mãe, que já estava lhe arrumando outros pretendentes.

– Já falei pro seu irmão comprar outro, mas depois que a bebê nasceu ele esquece das coisas.
– Ah não se preocupe, eu já consegui um apê, pequeno mas muito fofo em Manhattan.
– George deve estar uma fera.
– Eu quero que ele se dane, fodia mal pra cacete e era um babaca sem tamanho, machista e homofóbico.

Evellyn assente, era amiga de Samantha desde a faculdade e sabia da sua bissexualidade que ela não escondia de ninguém, exceto de George e nunca soube o porquê.
Samantha sobe para tomar banho e arrumar suas coisas e ir para o trabalho. Se lembra que seu amigo Vincent iria até a Editora Evans para lhe passar os últimos projetos que chegaram de livros. Seria um longo dia pensou.

****

Em sua sala, Samantha ouve atentamente Vincent e faz algumas anotações.

– Esse romance sobrenatural acho que não vende Sam.
– Talvez, vou ler direitinho, o público alvo pode se interessar mas acho que o mercado está saturado.
– Você quem sabe...os outros dois policiais acho que tem futuro. Agora tenho que ir.
– Vin ainda está nesse programa horrível do governo?
– Hahaha, não é tão ruim assim querida, recuperar pessoas sem um objetivo na vida é minha missão já te disse. Além do mais ganho isenção de alguns impostos.

Sam assente e sorri, Vincent perdera a esposa cinco anos atrás em um acidente de carro, passou a fazer trabalho voluntário para esquecer a dor e passar pelo luto. Era um homem muito bom, gostava de ajudar o próximo. Quando soube do programa do governo não pensou duas vezes, passou pela triagem e fez um curso para lidar com as diferentes pessoas que teria que lidar pelo caminho. Tinha orgulho de ter ajudado cinco pessoas durante os quatro anos que estava no programa, era um processo difícil mas Vincent nunca desistia dos seus tutelados.
Samantha abraça o amigo e se despede dele. Depois que Vincent sai, liga para a melhor amiga Sarah, queria ir em um barzinho espairecer, estava estressada pelo divórcio e com o trabalho.