Capítulo: 41

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Ruby
Alguns dias depois...

Após alguns dias, Ruby ainda tinha pesadelos com Luther, seu corpo ainda carregava as marcas da violência sofrida, sua mãe não ligava para o estado da filha só desejava que ela saísse logo de sua casa. Mas Leonora como sempre a mimava e Elizabeth se aborrecia com isso.

– Acho que está na hora de você arrumar suas coisas e voltar pro mundo, não acha?
– Eu não tenho para onde ir, sabe disso.
– Isso não me interessa, continue fazendo programas e logo vai arrumar um velho que te banque.
– Para mãe , por favor, eu não tive escolhas sabe disso.
– Preferiu o caminho mais fácil como sempre, igual seu pai...aquele inútil.

Ruby bufa e levanta do colchão que usou de cama dividindo com a avó, enquanto esteve na casa da mãe ajudou como pôde, limpou a casa minúscula de dois cômodos, que consistia em uma sala com uma cozinha improvisada e um banheiro menor ainda, sua avó lhe havia dito para passar na igreja e pegar a cesta básica que ofereciam para as famílias cadastradas.

– Eu vou na igreja pegar a cesta ok?
– Não precisa voltar Ruby, vai deixar a cesta e sair da minha casa.

Ruby não respondeu, sua mãe não a amava e não fazia questão de esconder.

****

A caminho da igreja Ruby sente um mal estar e se recosta em uma parede de uma loja, uma senhora que saía da loja lhe perguntou se estava tudo bem e ela assente.
Ruby levanta e ao andar novamente vomita, coloca uma das mãos na barriga e lágrimas enchem seus olhos. Atravessa a rua para ir na farmácia e lá sem que os funcionários percebam furta um teste de gravidez, tinha dias que sua menstruação estava atrasada mas por conta do estresse da violência que sofrera se esquecera completamente.
Caminhando rápido, entra em um supermercado e vai ao banheiro e lá faz o teste, foram cinco minutos intermináveis à espera do resultado e logo o desespero toma conta do seu espírito.

– Nãoooooo não pode ser...

Se recosta na parece e se abaixa com a cabeça entre os joelhos, seu maior medo era que o estupro lhe engravidasse e aconteceu. Chora desesperada no banheiro, ainda que fosse uma mulher hetero e a gravidez não fosse fruto de uma violência, não tinha condições de cuidar de uma criança, mal cuidava de si mesma.
Alguém no banheiro ao lado a ouve chorando e pergunta se estava tudo bem, mas a garota não responde.
Ruby levanta e sai do banheiro e anda sem rumo pelas ruas, estava perdida sem saber o que fazer. Era óbvio que não podia ficar com a criança e nem queria, mas um aborto era caro e não tinha dinheiro nem pra comprar uma bala.

****

Depois que se acalmou e pegou a cesta básica e deixou na casa da mãe, Ruby arrumou uma  mochila com alguns pertences, deu um beijo na avó que chorou por vê-la partir novamente e saiu para o mundo.
Não queria ter que fazer isso, mas a única pessoa que podia ajudá-la com seu "problema" era Mitchel, não podia contar com mais ninguém.
Indo até o hospital onde ele trabalhava espera no corredor pelo médico, sabia que Luther estava preso então não teve receios de voltar ao hospital, Michelle sumira do mapa ao saber do ocorrido e Ruby não disse nada da sua participação, se recusou a prestar depoimento contra Luther, seu medo era imenso e deixou que a vida seguisse seu curso.
Ao ver Mitchel em um balcão preenchendo papéis, se aproxima e lhe fala.

– Mitchel eu preciso de um favor. 

O médico ficou surpreso, desde que ela tivera alta não teve mais notícias, o celular dela só dava caixa postal e achou que ela tivesse vendido para sustentar o vício das drogas.
Ruby ainda tinha algumas marcas no rosto mas andava normal, Allan havia lhe dito que os pontos dela haviam se soltado sozinho e ela estava bem, poderia ter uma vida sexual novamente quando quisesse. Era como se nada tivesse acontecido, fisicamente seu corpo estava se recuperando, somente sua mente que amargava lembranças terríveis.

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