Capítulo: 84

169 14 3
                                    

Ruby

Ruby observava o mar e estava pensativa, a sensação sufocante ainda estava em seu peito e tentava descobrir o que podia ser. Vestiu uma roupão preto com seu nome bordado em dourado e parada no parapeito da varanda ouve a voz de Peter.

- Boa tarde, como se sente?

Ruby não olha na direção dele mas responde com frieza.

- Não sei, mas quero voltar pra NY.
- Por que? Disse que passaria uns dias aqui.
- Eu sei Peter...mas não foi uma boa ideia.

Peter fica triste no mesmo instante e diz a ela com sinceridade.

- Ruby eu não sei o que está acontecendo, mas eu quero construir algo com você, me redimir por todos esses anos ausente, me dê uma chance.
- Peter me de espaço por favor.

O magnata entende que não adiantava insistir e a deixou sozinha, o tempo todo ela não olhou em sua direção e se entristeceu ainda mais.

****

Grace ouvia o que Peter lhe dizia e também fica sem entender o comportamento da enteada, abraça o marido e o consola.

- Não fique assim Peter, é um processo.
- Grace ela nem me olhou, eu nunca passei por isso, me fez lembrar de quando você também fazia o mesmo quando nos víamos em algum evento.
- Ahhh Peter...

Grace fica consternada, quando ele foi até a casa dela conversar deixaram as diferenças de lado e se entregaram ao amor que sentiam um pelo outro, desculpas foram trocadas e se permitiram uma nova chance. O filho de Grace apoiou a mãe quando ela contou toda a história que envolvia Peter e seu casamento fracassado posteriormente.
Decidida Grace resolve falar com Ruby, não se importou se a moça seria grossa com ela, mas estava convicta de seu papel na vida de pai e filha.

****

Em seu quarto Ruby andava de um lado para o outro impaciente, ligou para Samantha mas a secretária dela avisou que estava em reunião. Já tinha ligado pra Vincent e ele argumentou que  tinha que se entender com o pai e não fugir e que a buscaria no dia seguinte se ela ainda quisesse. Irritada a jovem joga o celular longe sem entender o porque de estar se sentindo péssima e seus olhos encontram os de Grace.

- O que você quer? Eu quero ficar sozinha.
- Estou vendo, e essa mala em cima da cama?
- Eu vou voltar pra casa do Vincent foi um erro eu vir pra cá.
- Por que? Alguém lhe tratou mal?
- Não, mas eu quero voltar.

Grace estreita os olhos e reunindo todo a paciência que tinha fala com clareza.

- Eu sei que deve estar se sentindo perdida menina, eu também fiquei assim quando a sem noção e destruidora de lares da sua mãe fez o que fez. Mas eu revi muitas coisas da minha vida nas últimas semanas e me permiti novamente uma nova chance para as coisas boas que a vida traz.

Grace suspira e continua.

- Tivemos vidas diferentes é verdade, mas Ruby eu tinha dinheiro mas não tinha o mais importante amor e sabia que seu pai também era infeliz, mas a gente se perdoou e nos permitimos.
- Que história linda Grace, agora me deixa sozinha.
- O que está te afligindo?

Ruby não a responde e olha em direção da varanda, as lágrimas voltaram para o seu rosto e desejou ardentemente estar no colo de sua avó novamente. Sem esperar nada em troca de Grace, a jovem se surpreende quando a esposa do pai a abraça, muito emocionada Ruby abraça a madrasta e chora copiosamente em seu ombro. Grace a aperta um pouco mais e fica mexida com a atitude de Ruby.

- Que foi Ruby? Confie em mim.
- Eu não sei eu senti uma angústia de repente e ela ainda está aqui.

Ruby chorava muito e Grace se soltou do abraço e limpou as lágimas dela com uma das mãos e a outra acariciava o rosto da enteada.

- Oh querida, pode ser a saudade de estar longe do Vincent.
- Não, ele já ficou longe uma vez e não senti nada parecido, exceto quando a vovó morreu.
- Hum...

Grace pensa por um instante, e logo Elizabeth vem a sua mente, se algo aconteceu a ela era de se esperar que a jovem pudesse sentir algo mesmo que ambas tivessem uma péssima relação.

- Será que é algo com a sua mãe?
- Não, eu tenho certeza que não...

Ruby abaixa a cabeça e Grace coloca um dos dedos no queixo dela, levanta e lhe diz:

- Então vamos descobrir o porque de estar se sentindo assim.
- Mas como? Eu estava bem ontem...

Ruby olha de novo para o mar com um olhar perdido, a sensação ruim e latente não a deixava por mais que tentasse ignorar. Grace fica enternecida e curiosa com tal comportamento.

- Olhe querida, eu vou te deixar sossegada por esse momento e se você quiser conversar estarei na sala ok?
- Sim.

Grace se retira e Ruby volta sua atenção para o mar.

****

Peter suspirava e admirava uma foto de Ruby ainda bebê que David conseguiu, eram poucas fotos dessa época mas eram sufientes para o remorso o acometer sempre que as olhava. Lágrimas surgiam em seus olhos imaginando a filha sorrir pela primeira vez ou sua primeira palavra, pensou na época da escola em que ele não estava por ali para vê-la nas apresentações de datas comemorativas. Pensou em quantas vezes a jovem foi discriminada por não ter um pai presente e por viver em extrema pobreza enquanto ele desfrutava do bom e do melhor.
Abraça o porta-retratos e chora ainda mais e pede desculpas, Ruby entra no escritótio do pai e o observa curiosa, logo viu que ele chorava e fica meio sem entender o porque e pergunta assustando-o.

- Por que está chorando coroa?

Peter olha pra trás e seca as lágrimas e fica meio constrangido por ser pego em um momento vulnerável, Ruby se aproxima e o magnata nota que ela estava vestida pronta pra sair apesar dos olhos vermelhos e pergunta os planos dela para o dia.
Entretanto a jovem não responde e tira das mãos dele o porta-retratos e sorri dizendo.

- Vovó amava essa foto, ela dizia que foi uma das poucas vezes que o laço parou na minha cabeça porque eu sempre arrancava.

Peter sorri e assente. Realmente ela não era mulher que gostava de coisas delicadas e muitos enfeites.

- Não vai me dizer pra onde vai? Não conhece Miami, mas eu posso pedir pra uma das secretárias da empresa te mostrar um pouco da cidade.

Ruby olha pra ele e pergunta.

- Por que não você?

O magnata se surpreende e engasga ao responder.

- Porque, eu, sou, eu é...
- Tem vergonha de mim ou não quer ser visto ao meu lado e aumentar as fofocas envolvemdo seu nome?
- Fofocas? Que fofocas menina, eu não sei de nada...

Peter desconversa, mas a verdade era que seu nome já andava nas rodas de conversa da alta sociedade por conta de seu comportamento que ultimamemte não era mais tão discreto.

- Não eu não tenho vergonha de você, pois se tivesse era só ignorar sua existência como vinha fazendo, pois até então ninguém fez ligação alguma sua comigo. Eu venho me preparamdo pra esse dia há muito tempo...é só uma questão de tempo ter meu nome associado ao seu.
- Interessante.

Ruby faz um sinal de positivo com os polegares pra cima, senta na mesa e arruma sua foto. Assim que olha em volta nota outras fotos suas pelo ambiente e se pergunta se ele colocou ali quando foi atrás dela meses atrás ou dias antes dela ir pra casa dele.

- Então não vai me mostrar a cidade?
- Mas eu sou um velho, vai se entediar em dois minutos.
- Vincent também é um coroa e eu adoro passar o tempo com ele, aprendo muito na companhia dele.

Peter fica enciumado sem querer, mas sabia que Vincent só ocupava esse espaço na vida dela porque ele conquistou.

- Vai Peter, veste outra roupa e vamos dar uma volta, te espero lá na sala em cinco minutos.

Ruby desce da mesa e dá uma piscadinha para o pai. Peter sorri e segura as lágrimas, conseguiu o que tanto queria um pouco da atenção da filha.

✨ When I Found You...Onde histórias criam vida. Descubra agora