Capítulo: 46

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Ruby

Em seu escritório Vincent, já sabia quem era Luther Collins e de toda a sua vida.
O ex-médico cumpria pena por abuso sexual e tráfico de remédio controlado, entretanto, por bom comportamento e por uma manobra de seu advogado ganharia as ruas em poucos dias em uma condicional. E era aí que morava o problema e a preocupação de Vincent, o advogado sabia que ele poderia ir atrás de Ruby por vingança ou para lhe fazer mal novamente.
Vincent teve que agir e reservou passagens para Los Angeles no próximo dia e não poderia cuidar de Ruby, o que implicaria no programa, os tutores do programa não podiam se afastar de seus tutelados sob pena de serem desligados do projeto. Se precisassem se ausentar por um período superior a dois dias como era o caso dele, tinham que colocar alguém de confiança em seu lugar, mas isso tinha que seguir todos os trâmites e a burocracia, Vincent nunca precisou se ausentar em tutelas passadas, mas não podia deixar Luther ganhar as ruas.
Com isso em mente ligou para a coordenadora do programa e expôs a situação à espera dela aceitar sua proposta sem ter que preencher toda a papelada que era exigida.

****

Ruby estava demasiadamente feliz, após almoçar, pegou um Uber e foi para o escritório de Vin. No caminho pensou em Samantha e sorria, ultimamente andava sem muita fome e sorrindo por bobeiras, começou a achar tudo lindo em volta e fez planos para o futuro algo que nunca tinha pensado.
Quando chega no escritório, Olga lhe cumprimenta com um abraço e lhe diz que Vincent estava muito ocupado, mas a garota não ligou e foi falar com seu tutor.

– E aí coroa tudo certo?
– Oi Ruby, como se sente?
– Ah bem, estou feliz.
– Eu percebi.

Vincent estava com trabalho acumulado e correndo contra o tempo, chamou Samantha para conversar, mas esqueceu que Ruby estaria por ali e tenta dar algo a jovem para distraí-la e poder conversar em particular com Sam.

– Ruby arrume os arquivos por gentileza, os estagiários deixaram uma bagunça.
– De novo? Não sabem pegar as pastas sem bagunçar?

A jovem fala em um tom normal, mas quem a ouvisse diria que estava aborrecida, faz um ok com os dedos e se retira para o arquivo. Vincent sabia que ela tinha TOC com organização e limpeza e seria uma boa distração para poder conversar com Samantha sem a presença da moça.

Samantha

Depois que saiu da casa de Vincent, Sam foi para casa e trocou de roupa, pediu para Luce lavar e passar as roupas de Ruby, a diarista estranhou as roupas, sabia que não eram do estilo que a patroa usava, principalmente a calça e acabou por fazer um comentário.

– Estou curiosa, Srta. Evans, desde quando usa jeans e tão justos desse jeito?
– Hahaha Luce essas roupas são emprestadas.
– A mulher que usa isso consegue entrar nessas calças?
– Boa pergunta!

Luce tinha razão em ficar curiosa, mas se conhecesse Ruby entenderia o estilo dela e no fim aprovaria.
Samantha trocou as roupas da garota por um vestido em tom de laranja de comprimento médio, colocou sandálias com saltos pequenos e arrematou o look com uma bolsinha redonda. Gostou tanto da sua escolha que tirou uma foto e postou em sua conta do Instagram, e foi só nesse momento que percebeu que Ruby a seguia, a empresária tinha um número considerável de seguidores quase um milhão, e não misturava o trabalho com o lazer, em sua conta pessoal só postava seu tempo livre e raramente mencionava o trabalho.
Curiosa olhou o insta de Ruby, mas só tinha uma foto. A moça estava sentada na sua banheira vestida de moletom preto e botas com uma das mãos na boca, Sam ficou apaixonada e deu um like.

– A mocinha não sabe só escrever, mas tirar foto também, que fotogênica.

Luce ouve Sam falando sozinha mais uma vez e franze a testa, torceu para que ela logo encontrasse alguém e parasse com essa mania.

****

Depois que ficou um pouco na editora e executou seu trabalho, Sam foi para o escritório de Vincent, não sabia se Ruby estaria lá, mas desejou que sim pois queria falar com ela, a convenceria a fazer terapia para seu próprio bem.
Ao chegar Olga estava ao telefone e lhe fez um sinal para aguardar, a empresária olha em volta mas não encontra Ruby por ali.

– Srta. Evans meu chefe a aguarda como vai?
– Estou bem obrigada, e a Ruby onde está?
– Ah a mocinha está no arquivo organizando, ela mudou o cabelo está ainda mais bonita.
– Sim, eu a levei no salão, coisas de amigas sabe?
– Uhum, que bom que ela fez amizade com alguém da idade dela.

Sam sorri, era mais velha que Ruby cinco anos, mas de personalidade era até mais nova que a garota.

– Sam querida venha, preciso muito conversar com você.

Vincent a recebe na porta de sua sala e a abraça, dá ordens para não ser perturbado nem mesmo por Ruby , fazendo com que Samantha ache que vai levar um sermão.

****

Em sua sala, Vincent percebe que Samantha estava um pouco nervosa e não sabe o porquê, mas estava sem tempo para conversar sobre outras coisas e foi direto ao assunto.

– Samantha preciso que cuide de Ruby na minha ausência, já deixei tudo pronto.
– Espera Vin, como assim cuidar?
– Vou para Los Angeles, ficarei uns quinze dias fora pelo menos, mas minha menina não pode ficar sozinha, eu posso perder a tutela dela e não quero que isso aconteça.

Sam pensa por uns minutos, mas não deixa de notar como Vincent se referiu a ela, percebeu que o amigo gostava da jovem como uma filha.

– Me desculpe perguntar, mas o que vai fazer lá?
– Quando eu voltar eu falo, mas você cuida dela pra mim?
– Claro, do que preciso pra ser hã tutora? É isso?

Vincent fica tranquilo com o sim de Samantha e lhe fala da rotina de Ruby.

– Bom, Ruby toda quarta tem que fazer uma chamada de vídeo com a coordenadora, ela tem que dizer como foi a semana anterior e o que ela fez, com quem conversou e etc. E todos os dias ela tem aula e precisa estar nessas aulas, em casa Lizette fica de olho nela, às sextas ela frequenta os narcóticos anônimos.
– Uau, e você está sempre presente?
– Na maioria das vezes sim, geralmente a coordenadora conversa com ela sozinha, a chamada é feita na sala lá de casa e eu fico por perto, nos narcóticos eu fico esperando na livraria que tem na esquina.
– Certo.

Vincent passa as últimas instruções em relação aos cuidados com Ruby e Sam assente.
Quando Vincent ligou para a coordenadora pensou que seria negado seu pedido, mas Bárbara não só aceitou como o elogiou pela evolução de Ruby.
Disse a ele que enquanto ela esteve presa, nunca ia em sua sala, só participava das sessões em grupo e pouco interagia. Já no encontro semanal por vídeo, Ruby conversava e falava das coisas mais bobas e disse que conheceu alguém mas não disse o nome.
Em suma era a isso que o programa se destinava, reintegrar jovens adultos que cometeram crimes leves de volta à sociedade.
Vincent deu o telefone de Samantha para a coordenadora se comunicar com ela, o advogado não comentou sobre a amizade de Ruby com Sam, seria conflito de interesse mas não tinha outra pessoa a quem confiar a garota, Lizette tinha os afazeres domésticos e não daria conta e Olga tinha que cuidar do escritório.

****

Após aceitar ser tutora de Ruby por uns dias, Samantha queria falar com Vincent que era importante que a garota fizesse terapia para poder dar prosseguimento a sua vida sem ser atormentada por fantasmas do passado, mas percebeu que o amigo estava com pressa e deixou pra depois.
Vincent pede pra Olga chamar Ruby e logo a moça aparece e fica surpresa com Sam por ali, sem ligar pra Vincent ou para o que ele fosse achar cumprimentou a empresária com um selinho.

– E aí gata, como você está?
– Ótima e você?
– Bem.

Vincent observa as duas e sente um remorso repentino por ter interferido na relação que ambas começaram a construir semanas atrás.

– Ruby eu vou me ausentar por uns dias e a Sam vai monitorar você durante esse tempo.
– Hum, tu vai pra onde?
– "Você" Ruby...eu vou para Los Angeles resolver algumas coisas.
– Certo, eu vou ficar na casa da Sam?
– Não meu bem, ela vai ficar em casa e já pedi pra Lizette arrumar o quarto de hóspedes pra ela, nem preciso dizer que a mocinha deve continuar com suas tarefas e compromissos.
– De boa coroa.

Ruby dá um soquinho de leve no ombro de Vincent e sorri, era óbvio que Sam não dormiria em outro quarto que não fosse o seu.

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