Capítulo: 78

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Ruby

Peter estava no médico e ouve com atenção as explicações dele, dois dias depois de conversar com a filha resolveu voltar a Miami, não só pelos negócios como pra dar continuidade ao tratamento contra o câncer.

- Sr. Harris após analisar minuciosamente os exames posso dizer que a cirurgia que removeu sua tireoide foi eficaz para conter o câncer.
- Que bom.

O tipo de câncer que Peter desenvolveu era até comum e fácil de tratar, ele não precisou fazer quimioterapia, retirou a glândula através de uma cirurgia  e tomava medicação para substituir os hormônios que eram produzidos por ela. Entretanto alguns de seus hábitos como o cigarro e o álcool tiveram que ser deixados de lado.
Peter era um homem que fazia exercícios regularmente, quando descobriu o câncer ficou receoso mas o médico lhe garantiu que tinha cura por ter sido descoberto bem no início.

- Deve continuar com a medicação e a terapia orgânica, a terapia recomendo por mais um ano pelo menos. E claro nada de álcool em excesso, sei que o senhor gosta de uísque.
- Ah sim, não tomo mais como antes não se preocupe.

Peter pega sua bengala e sai do consultório, Guttemberg o esperava no carro e antes do magnata entrar notou um paparazzi tirando fotos dele e se aborreceu.

- Seus urubus não tem algo melhor pra fazer não?

Peter levanta a bengala e agita ela no ar, sua vontade era quebrar o acessório na cabeça do fotógrafo mas se conteve. Entra logo no carro e pragueja.

- Que ódio que tenho desses imbecis.
- Fique calmo senhor, não vale a pena.

A imprensa sabia por alto do problema de saúde de Peter, tentavam a todo custo uma foto ou entrevista com ele tudo em vão. As páginas  especializadas em celebridades em geral tinham receio dele que quando aborrecido distribuía impropérios e processos quando pegava birra de algo ou alguém.
Peter praticamente não tinha amigos, ele tinha conhecidos, mesmo quando era casado com Grace não fazia amizades facilmente, e quem tinha o privilégio de frequentar a casa dele pisava em ovos o tempo todo.

- Vamos pra casa senhor?
- Sim.

Guttemberg pede para o motorista tomar o caminho da casa de Peter, quando olha pra ele nota que ele estava distraído e pensativo.

- Não, ligue para o hangar e veja seu meu jatinho está preparado e pronto para o vôo.
- Claro senhor, qual destino?
- Hamptons.

O mordomo fica curioso, mas sabia que a ex-esposa dele morava por lá e se perguntou o que o patrão poderia estar tramando.

****

Grace cuidava do seu jardim quando uma das criadas lhe avisa que tinha visita.

- Ah é meu filho? Ele disse que viria me visitar com as crianças.
- Não, é um senhor de bengala e olhos azuis.

Grace franze o cenho e pela descrição sabia que era Peter.

- A senhora vai aceitar a visita? Eu o deixei na sala de estar.
- Sim eu eu, eu já vou. 

A criada assente e pergunta se ela estava bem.

- Sim!

Grace larga a tesoura de poda e retira as luvas, vai para o seu quarto e troca rapidamente de roupa. Enquanto fazia isso, pensou na ironia do momento, na noite anterior pensou nele e agora ele estava ali materializado na sala de sua casa.

****

Peter observava a casa de Grace, apesar de morar bem a casa não era maior do que outras que tinham por ali, repara com atenção nos portas retratos e as fotos de momentos que ela teve com o filho, e estranhou não ter quase nenhuma com o marido.

- Hum...que estranho.

Peter tinha a mesma mania de Ruby falar sozinho e pensar demais, distraído não percebe que Grace o observava.

- O que faz em minha casa Peter?

O magnata vira em direção a ela e contém a emoção, a última vez que a viu tinha sido meses atrás em um coquetel na casa de um político influente.

- Grace, como vai?
- Bem, não vai responder a minha pergunta?
- Ah, eu só queria ver você.
- Hum, veio até aqui pra isso?
- Sim.

Grace apesar de tentar não conseguiu ficar brava com ele, Peter era assim, fazia as coisas que davam na cabeça.

- Vem vamos sentar.

Peter fica surpreso e aceita o convite dela,  em sua mente achou que seria escorraçado, sorriu ao poder conversar com ela novamente.

Samantha

Sam esperava Ruby terminar de ler o contrato que fez pra ela poder publicar os textos.
Tentou convencê-la a ser escritora mas sem sucesso, a garota lhe disse que esse era um sonho quando ela era mais nova e alimentou durante um tempo, mas que agora não era mais o que queria.

- Ainda acho que você daria uma ótima escritora.
- Não, vamos deixar para os profissionais, se eu publicar os textos já estarei feliz.
- Certo, vai assinar como Australiana mesmo?
- Sim, a Karine gosta de ler jornal e revistas e se chegar nela ela vai saber que sou eu.
- Ahhh sim.

Sam fica desconfortável por ela ter mencionado a ex, mas ficou curiosa e pergunta:

- Não teve mais notícias dela não é?
- Pra falar a verdade não e me sinto péssima, a Louise eu tenho esporadicamente porque ela liga no meu celular, e eu mando coisas pra ela.
- Hum.

Ruby olha para Samantha e a entende pela primeira vez.

- Acha que eu gosto dela?
- Não sei me diz você.
- Porra gata e nosso lance?

Samantha reprime o desgosto, mas Ruby percebe de imediato.

- Acha que se eu gostasse dela estaríamos aqui?
- Ué não foi você que passou o rodo na prisão?
- Sim, mas isso foi na prisão, e não vou me desculpar com ninguém por gostar de sexo.
- Não me refiro a isso...se você gosta dela porque está comigo?
- Samantha eu acabei de dizer que não gosto dela e eu não teria quebrado a cara daquela coisa que me xingou. Eu gosto de você, pela primeira vez estou sendo fiel em um relacionamento e desconfia dos meus sentimentos por você, porra gata não fode minha inteligência.

Ruby levanta da cadeira e passa as mãos no cabelo irritada, olha pra Sam e se aproxima dela e lhe diz segurando o rosto dela entre as mãos.

- Você é foda pra caralho e por ser foda que quero ficar com você e se não entendeu ainda eu te falo novamente. Samantha não quero outra mulher que não seja você, estou apaixonada e nem sei como aconteceu, mas o fato é que não imagino como será minha vida se você não estiver lá me apoiando nos momentos que mais preciso, depois do Vincent você foi a pessoa que acreditou em mim e na minha mudança.

Samantha fica emocionada e beija Ruby, as duas se entendiam finalmente e a empresária agora estava tranquila quanto ao "lance" de ambas.

****

Sam observava Ruby vestindo as roupas depois de terem feito amor em sua sala, a admiração que sentia por ela cresceu a tal ponto que assim como a jovem não conseguia mais se imaginar sem ela, sorria e Ruby logo percebe, após arrumar o cinto vai até o sofá e senta perto de Sam.

- Agora está tranquila?
- Sim...mas, foi tão difícil assim assumir seus sentimentos por mim?
- Para gata, eu estava processando a coisa toda, e tem todos esses eventos simultâneos na minha vida, é muita coisa...

Sam concorda, Ruby viveu muitas emoções nas últimas semanas e se achou egoísta por só pensar nelas e se desculpa, e a jovem para sua surpresa é quem lhe pede desculpas por ter sido insensível aos sentimentos dela. Sam se perguntou se era o pouco tempo de terapia que já surtia o efeito em sua vivência de mundo ou se Ruby já tinha o conhecimento de suas atitudes, seja como for, estava muito feliz por ela finalmente ter entendido o significado da palavra empatia.

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