O reencontro

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Midoriya

   Um dia seguido do outro. A rotina se repetindo como sempre. Todos os dias que eu acordo fazem parecer que estou preso a um looping eterno onde eu não consigo sair.
   Minhas crises estão cada dia mais fortes e elas são o único fator que diferenciam os dias um do outro. Acabou que a minha vida terminou se tornando um fardo para mim.
   Ao me dar conta já estou escutando o barulho do alarme de meu despertador tocar. Não dormir essa noite inteira. Na verdade é assim quase todas as noites. Se eu não durmo, durmo pouco.
   Na escola é o único momento onde me sinto bem, ou melhor, eu me sinto mais confortável, pois tenho a Uraraka para me distrair da minha verdadeira realidade.
   Meus braços inteiros, do meu pulso até meu antebraço, repleto de cicatrizes ou feridas ainda em cicatrização devido aos cortes.
   Todos os dias, meu eu interior me diz "e se você não sair de casa hoje?", "E se você cortar mais fundo?", "E se você se matar?". Mas sempre o que me chama a atenção e a parte em que eu digo para mim mesmo sobre a morte, sobre o fim da minha vida. Sobre por um fim na minha vida.
   Não tenho mais nenhum motivo para viver, embora meu psicológico tente me ajudar ele não consegue. Vários traumas contribuíram para eu chegar a esse momento. O Kacchan...
   Me lembro da vez que ele falou coisas para mim e que eu nunca poderia esperar. Éramos melhores amigos e a cerca de cinco anos atrás antes dele viajar para morar fora do país.

     — Vai pro inferno seu idiota! – diz ele –não quero saber da sua existência, não quero mais saber sobre você. Toda a amizade que nós tínhamos acabou – em um momento de pausa curta ele continua a me insultar – não sei como eu pude perder tempo em uma amizade com um bosta como você. Seria mil vezes melhor se você morresse – fala ele engasgando como se não quisesse falar isso, e eu realmente queria q isso não fosse só uma impressão – Você foi o único erro que eu cometi na minha vida – completa ao sair andando no sentido oposto ao meu.

   Volto ao presente quando me dou conta que estou com meus olhos cheios de lágrimas e perdido em mágoas do passado.
   Olho a hora no despertador ao lado direito da minha cama e já são seis e meia, o que me faz cair na realidade bruscamente.

     — Meu deus eu estou muito atrasado – falo saltando da cama.

   Minhas olheiras já estão impossíveis de serem escondidas e provavelmente irão começar a perguntar na escola se eu estou dormindo bem ou coisas do tipo.

+++

   Já na escola fico parado um tempo olhando para a gigante placa de metal suspensa na estrutura de concreto onde fica o portão. Fico lá preso a pensamentos que só eu consigo distinguir, as vezes, mas consigo.
   Caio na real somente quando a Uraraka esbarra em mim de propósito e começa a rir em tom de deboche olhando para a minha cara.

     —Acho que você já deveria estar na sala de aula não Deku? – pergunta ela em tom irônico
     — Digo o mesmo a você Ura – forço um sorriso para não transparecer que estou em um momento ruim.

   A Uraraka é aquele tipo de amigo que se você está mal, nunca vai desistir até saber o que é que está te deixando assim. E quando ela descobre, ela faz de tudo para resolver esse problema e faz de tudo para de deixar bem de novo. É aquele tipo de amizade denominada como verdadeira.
   Acompanhado dela, entro na escola mas quando estou em frente ao primeiro degrau da pequena escada de no máximo dez degraus que dar de encontro com o corredor de entrada, observo com atenção onde fica o terraço da escola. Rapidamente eu tiro a minha atenção de lá que é voltada para a Uraraka quando a mesma me chama a atenção.

     — Desculpa. – afirmo
     — Deixa isso pra lá – fala ela ignorando o que eu estava fazendo – Vamos que estamos atrasados Deku.
     — Sim. Vamos

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