Luto

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Bakugou

   Chego em casa e ainda estou pensando em tudo o que aconteceu na casa do Deku. Acho que estou nesse estado por que eu ainda não processei o que aconteceu. Mesmo que eu e a Toga tenhamos mostrado para ele que não tinha acontecido nada.
   Acho que eu só não quero aceitar que nosso relacionamento qual eu achava que iria durar para sempre e iria ser tão bom, agora está a beira de desabar e nunca mais ser reconstruído.
   Estou indo em direção ao meu quarto, subindo as escadas. Quando eu já estou na metade do caminho, eu sou abordado por meu pai.

     — Filho?
     — Oi pai. – digo
     — Vai passar mais uma noite aqui?
     — Na verdade..  – fico hesitante em falar a verdade – Eu acho que eu vou voltar a morar aqui. – digo – Já passou da hora. – forço a formação de um sorriso de canto em meu rosto
     — Claro, sem problemas. – diz ele – Essa é sua casa a final de contas kkk.
     — Bom, eu vou indo para o meu quarto, estou precisando descansar.
     — Tudo bem. – ele fala – Pode ir.

   Subo as escadas com pressa e vou em direção ao meu quarto. Abro a porta do cômodo e o cheiro amadeirado do meu vaporizador ainda está presente aqui. Uma onda de nostalgia me preenche o que me faz respirar fundo para sentir bem o cheiro do ambiente.
   Vou até a minha cama de casal que está com os seus lençóis brancos tradicionais. Deslizo minha mão sobre a superfície do móvel para sentir bem a textura e gravar a sensação de estar deitada em cima do mesmo.
   Me joga na minha cama e espalho meu corpo por toda a sua superfície, abrindo meus braços e pernas como se eu estivesse brincando na neve mas sem me mexer.

     — Confesso que mesmo gostando de morar com o Deku eu estava com saudade do meu quarto. – digo enquanto converso com meu próprio subconsciente

   Aqui no meu quarto, é o único lugar que eu sinto que eu posso ser eu mesmo sem medo do que as pessoas vão pensar, dizer ou até mesmo, as consequências de ter uma personalidade tão bosta.

     — Estou de volta quarto. – digo – Agora eu acho que eu vou demorar muito para sair daqui.

   Me viro para o lado e pego meu celular. Eu ligo o aparelho e abro, mechendo nele enquanto cada vez mais o sono vai me cercando e tomando conta de mim.

     — Alexa, tocar "I wanna be yours" de Arctic Monkeys. – digo
     — Reproduzindo... I wanna be yours

   Começo a apreciar a melodia da música antes da letra começar. Começo a cair no sono e fico alí, dormindo enquanto a música soa por todo o quarto.
   Essa música combina bastante com a minha situação e os meus sentimentos do momento. Tudo o que eu queria era estar com o Deku, ser dele e ele ser meu. Mas pelo visto ele não quer o mesmo.
   Acordo já de manhã. Como sempre a iluminação me atrapalha, principalmente por ontem eu ter esquecido de fechar a cortina. O chão ainda está gélido da madrugada.
   Eu esperava acordar e nada do que rolou ontem ter acontecido. Esperava que tudo não tivesse passado de um sonho ruim, mas não é isso que aconteveu. Se for um sonho, eu continuo nele, vou ficar nesse pesadelo por muito tempo e disso eu sei bem.
   Como que as coisas chegaram a esse ponto na minha vida? Eu realmente queria saber. Desde que eu cheguei de volta no Japão eu foi recebido com um monte de notícias ruins e acontecimentos graves ondo alguns até puseram minha vida em risco. Mas também não posso falar que foi tudo ruim por que não foi.
   Aqui eu conheci gente nova, fiz novos amigos e não que eu me importe com amizade, mas é sempre bom ter alguém que você pode contar. Não posso esquecer que também revi o Deku, mesmo que isso tenha levado ao meu estado atual.
   Desço as escadas para o andar de baixo e vou em direção a cozinha, onde provavelmente minha mãe está terminando de preparar o café da manhã de hoje.
   Sempre gostei de ajudá-la na cozinha. Ela sempre disse que eu tinha um talento nato sobre humano para a culinária e sempre me incentivou a fazer minha carreira como chefe de cozinha embora eu nunca tenha pensado muito no que eu vou fazer da minha vida profissional.
   Quando desço as escadas e chego na cozinha, minha mãe não está lá e o café da manhã ainda não está pronto. Deslizo meus olho em direção a geladeira, onde tem um pequeno calendário. Forço minha vista para ver a data de hoje de onde estou, o que é mal sucedido, pois as letras do calendário são um tanto pequenas. O calendário marca "21 de setembro de 2019".
   Em um lapso de memória me lembro que dia é hoje. Hoje é o aniversário de morte da minha irmã. Nunca gostei muito dessa data por me fazer lembrar dela então sempre procurei ocupar minha mente até esse dia passar.
   Para o azar do destino, justo hoje não tenho nada que vai me ocupar e o que me resta e afundar nesse mar sem fundo chamado luto. Deslizo um de meus dois dedos indicadores sobre o papel do calendário onde está escrito a data de hoje.

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