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Midoriya

   E mesmo que eu não entenda. É ele a única coisa que passa na minha mente e mesmo que eu tente eu não consigo pensar em coisa alguma além do Kacchan. Mas por quê? Seu rosto está imerso em minha mente enquanto meus olhos observam os destroços em chamas caindo em cima de mim e do Todoroki em câmera lenta. Aceitando meu trajico destino, fecho meus olhos, entregando meu corpo a rigorosa dor que as vigas repletas de chama causarão de fora para dentro, enquanto lentamente meu corpo é carbonizado.
   Já consigo presentir a sensação de um bife em uma frigideira no fogo alto se instalando em mim. Mas isso não acontesse. Na verdade sinto alguém me empurrando para fora da sala de aula, logo após vem sobre mim um impacto que desuso ser do meu corpo contra o chão. Mas por algum motivo não dói.
   Abro os olhos e realmente me encontro fora da sala de aula, onde o fogo ainda não conseguiu se alastrar, onde só a fumaça negra das cinzas do que já foi carbonizado pelas chamada, ofusca parte da minha capacidade da visão.
   O caos já tomou conta dos corredores. No pouco que consigo enxergar, vejo silhuetas de alunos e professores correndo para salvar suas vidas do fogo. Gritos. Gritos de socorro. Gritos que imploram para que suas vidas não sejam tiradas de si.
   Quando me dou conta e recobrou meus reflexos, vejo um pé rapidamente se aproximando de meu rosto. Serei pisoteado com toda certeza. Pressiono minhas pálpebras uma contra a outra, para que eu não tenha a visão da sola de um sapato antes de desmaiar ou morrer, já me preparando para o impacto.
   Pensando melhor, acho que... Chega a ser engraçado, quem sabe até um pouco ridículo o fato de que, consegui fugir do incêndio, e logo após morrer pisoteado por alunos do ensino médio. E já estou preparado para receber o impacto seguido da dor. Porém... Ele não vem.
   Quando abro meus olhos, a princípio só consigo ver uma cilhueta masculina, mas ao forçar pouco mais a minha visão, consigo distinguir quem seja. Kacchan.
   Ele me abraça, cobrindo toda a parte exposta do meu corpo, a protegendo, com o seu, que está envolvendo o meu como uma manta, mas uma com um agradável cheiro de perfume masculino a base de caramelo e amadeirado, e um calor aconchegante. Ouço vários ruídos surdos que já sei que são de pés que estão o pisoteando, mas o choque não me permite fazer algo.

Bakugou

   Cada pisoteada, é uma dor diferente, cada uma mais aguda que a outra. Mas não posso fraquejar, não posso permitir que a dor que estou sentindo me incapacite de proteger o Deku, meu Deku.
   Sinto algumas pisoteadas em minhas costas, poucas em minhas pernas, e essas são as poucas, porém piores dores. Quando sinto uma pisada em minha cabeça, fazendo minha testa bater com toda força no azulejo gelado do piso da escola.
   A dor é dilacerante, quase fazendo eu perder a consciência, fazendo minha força de vontade lutar contra meu corpo. Minha vista escurece uma, duas, três, e quatro vezes, quando na quinta vez consigo me recuperar da dor insuportável.
   Rapidamente tiro Deku do caminho e o coloco no canto do corredor, onde tem uma mureta com metade do meu tamanho. Ele está consciente, mas está em choque e não consegue falar nada. Vejo sua boca se mexer e produzir ruídos baixos e indistinguiveis, o que me faz pensar que ele está tentando falar algo.

     — Está tentando me dizer algo?
     — To-
     — Que?
     — Cadê o Todoroki? - diz ele com dificuldade

   Uma raiva faz meu sangue ferver desde meus pés até a nuca. Mas não posso ter ciúmes, não agora. Agora não é a hora de ter sentimentos, pois meu foco não é esse no memento. Não posso deixar um mero ciúmes me tirar do real foco... "Protejer o Deku".
   Uma voz masculina e familiar ecoa nos corredores até chegar aos meus ouvidos. Sei quem é... Meio a meio

     — Midoriya!

   Ele vem até nós, está com seu rosto sujo de sangue, bastante para falar a verdade, seu olho esquerdo, onde já tinha uma cicatriz, está com um machucado ainda pior. A metade de seu cabelo que é branco, está sujo de um tom de vermelho ainda mais escuro que a o tom de vermelho da outra metade de seu cabelo.
   Em um "inocente" gesto de preocupação ele não demonstra hesitação em abraçar o Deku e em seguida o diz:

My dream boy Onde histórias criam vida. Descubra agora