R.I.P

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Midoriya

   Saio do quarto desolado, depois de alguns minutos de tentativas. Não me conformo com ele não ser capaz de acordar, não ter quase chance alguma de acordar desse coma profundo e ficar a mercê de equipamentos e cuidados de terceiros.
   Me recuso a sair de hospital, não terá ninguém capaz de me tirar de perto do Kacchan.
   Ao decorrer do tempo, aos poucos, nossos amigos se despedem e vão para suas casas, com excessão do. Até que, chega minha vez, mas como de se esperar, não cedo às vi tardes de ninguém, nem minhas, dos meus amigos ou se quer da minha mãe.
   Sei que pode parecer um tanto extremo eu estar obcecado na ideia de ficar aqui esperando o Kacchan acordar, mas eu sei, sei que... O Kacchan... O meu Kacchan... Ele vai acordar a qualquer momento e algo me diz que ele vai precisar de mim quando abrir aquele olhos que parecem até rubis de tão lindos.
   Quando me dou conta, minha mãe já está me chamando para ir para casa descansar, o que é algo que eu não quero.

     — Izuko...
   Eu, que estava deitado no ombro de Todoroki, que estava quase que me abraçando, me levanto para falar com ela
     — Sim?
     — Já está na hora, vamos?
     — Não.
     — O que? Filho, precisamos ir, já está tarde.
     — Tia Inko. – diz Todoroki se pronunciando de forma educada, a mesma que ele sempre usa antes de fazer aqueles seus curtos discursos dicertativos para convencer alguém mais velho. Usando todo o seu talento de persuasão – Desculpe a minha indelicadeza de interromper a conversa de mãe e filho de vocês dois, porém se a senhora quiser, eu posso levar ele para casa no meu carro. Não terá problema nenhum, até por quê para chegar até minha casa, vou ter que passar no bairro de vocês – diz ele – de qualquer forma será perda de tempo tentar convencê-lo a ir embora, então é melhor deixar por enquanto.
     — Se for assim, tudo bem.
     — Ótimo – digo
     — Mas...
     — Aff... Sempre tem um "mas" – retruco
     — Por favor, me mantenham informada de tudo, inclusive de vocês dois.
     — Tá mãe... Nós vamos ligar depois – digo em um tom um pouco mais manso que eu estava falando antes
     — Bom. Eu já vou indo
     — Tudo bem tia. Nós mandamos notícias.

   A cada segundo, com tantas coisas para pensar, não sai da minha cabeça a imagem do Kacchan naquele quarto, com aparelhos médico por todo o corpo, faixas, tubos. Seu rosto adormecido, de forma que parece que não tem vida. Sua pele mais pálida que o normal, sua boca sem cor.
   Sei que ele não vai resistir, sei que lá dentro o Kacchan está acordado tentando de alguma forma despertar desse coma. Por mais que os pensamentos negativos me consomem de tal forma, não consigo tirar da minha cabeça que o Kacchan ainda vai estar de pé, vivendo com nosco.
   Sei que alguma hora eu estarei vendo ele surtando com alguma brincadeira do Kaminari ou do Kirishima. Estará com aquela cara séria de quem quer matar alguém, lançando aquele olhar mortal que já é de seu costume.

+++

   Acordo deitado no ombro do Todoroki. Ele ainda está dormindo, de uma forma desajeitada. Sua cabeça, sem apoio o que me dá uma certa preocupação em ele ter uma futura torsecolo.
   Espero que eu não tenha babado o coitado.
   Olho o relógio e já são nove da manhã. Fico um pouco bravo pois já está tarde e não dá mais para ir para a escola. Não é como se eu fosse ou quisesse ir para a escola. A questão é que eu não acho certo o Todoroki faltar a escola por minha causa. Me sinto como um peso morto por estar atrapalhando sua rotina.
   O médico vem até nossa direção e nos cumprimenta em um exagerado tom de formalidade que as vezes me deixa um tanto desconfortável ainda eu não sabendo o motivo. O fato de ele estar aqui, significa que pode ter acontecido alguma coisa com o Kacchan, e isso pode nos levar a uma notícia, tanto boa, quanto ruim.

     — O senhor tem notícias do Kacchan?

   O médico faz uma expressão de como se estivesse esperando que eu falasse isso.

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