É como você disse antes

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Midoriya

   Ando em passos rápidos para que eu possa me afastar o mais rápido possível do Todoroki.
   Tudo o que ele acabou de fazer comigo me deixou muito desconfortável e sem jeito, além de mais nervoso ainda do que eu já estou com ele. O pior de tudo é que eu já sabia que ele iria tentar alguma coisa comigo, afinal de contas, estamos falando do Todoroki, e mesmo assim eu aceitei dar essa volta com ele.
   Me sinto um completo idiota por ter aceitado sair com ele para não levantar suspeitas mesmo sabendo que, quem sabe, era exatamente isso que ele queria que acontecesse.
   De qualquer forma, espero não ter que contar isso para o Kacchan, até porque todos sabemos como ele irá reagir com a notícia. Não quero contar para ele sobre o que aconteceu, pelo menos não agora, pois ele tem muitas coisas para resolver em seu convívio familiar, e deve estar estressado de mais.
   Jogar em suas costas mais um problema seria muito ruim não só para ele, mas também para todo o ambiente em que vivemos que se tornaria um verdadeiro campo de batalha.
   Preso aos meus pensamentos, acaba fugindo um pouco da rota que me levaria ao dormitório da minha turma e quando percebo, estou de frente a uma das áreas de simulação do curso de bombeiro.
   No final do ano passado, antes desta doença contagiosa surgir, a gestão do colégio comprou vários lotes de terras ao redor e construiu áreas de simulações para ajudar na formação dos cursos que os alunos do terceiro ano estão cursando.
   Sinto uma mão me tocar por trás. Uma mão delicada e aparentemente feminina, que confirmo ao virar em duração a pessoa atrás de mim, se revelando como Uraraka.

     — O que você está fazendo aqui Deku?
     — Eu que te pergunto isso. – respondo com uma rispidez inconsciente
     — Eu estava com um pessoal do terceiro ano. Eles me chamaram para experimentar uma simulação de evacuação de prédio em caso de incêndio.
     — Mas você não queria virar astronauta?
     — Queria não, meu bem... Ainda quero. Mas eu particularmente adoro experimentar situações de tensão e adrenalina pura. – ela explica com sorriso no rosto – Acho que posso levar isso como um robe.
     — Isso não é robe e sim psicopatia.
     — Você não entende mesmo.
     — E nunca vou entender.

   Ela me encara, analisando até mesmo a menor de minhas acnes, que são casos isolados e fica alguns segundos em silêncio, até que finalmente resolve falar:

     — Você não parece bem, aconteceu alguma coisa?
     — Na verdade, sim. Mas acho melhor falar sobre isso outra hora.
     — Se você está falando então tudo bem. – ela diz – Mas olha. Vai ter um encontro entre um pessoal da escola hoje a noite, você não vai?
     — Eu tô sabendo disso agora.
     — Mas você vai, não é?
     — Ah, não sei. Não estou muito no clima.
     — Mais um motivo. – ela diz – Vai ser bom você ir pra se distrair.

   Penso no que ela acaba de falar. Realmente, Uraraka tem toda a razão quando fala que pode me ajudar me distrair e sair um pouco da rotina. Fico relutante no que ela diz, mas no final acabo aceitando.

     — Que horas mesmo? – pergunto
     — Vai começar às sete da noite. Mas sabe-se lá que horas vai acabar.
     — Meu Deus. – digo – Ainda bem que não vai ter bebida. Imagina o caos que seria.
     — Quem disso que não vai ter? – ela fala em tom irônico
     — Vai?! – pergunto descrente, mas ao mesmo tempo surpreso
     — Claro que sim. – ela diz
     — Como que vocês arrumaram bebida dentro da escola?! – falo intrigado
     — Demos o nosso jeito. Mas um mágico nunca revela seus truques.
     — Você e esses seus segredos.
     — Lógico.
     — Bom, agora eu acho melhor eu ir para o dormitório.
     — Tudo bem, eu vou com você. – diz ela – Também estava indo para lá.
     — Então vamos.

+++

   Na sala de estar do nosso dormitório, está Kirishima concentrado em seu celular, sentado em um dos bancos no balcão da cozinha.

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