pouso forçado

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Midoriya

   Está noite não consegui pegar no sono, mas não por conta da insônia.
   Sempre que eu passava noites sem dormir era por algo ruim que me desencadeada as crises de insônia, mas agora, é algo bom de certa forma.
   Mais cedo, quando o Kacchan chegou do tal local que tinha ido com seu pai, ele comentou que queria me levar em um lugar, mas não disse onde. Fiquei um pouco apreensivo, confesso.
   Não consegui pegar no sono então ao iniciar do crepúsculo peguei meu sketch book e comecei a desenhar algumas imagens que vinham em minha cabeça e quando me dei conta, o sol já estava dando os primeiros indícios de seu nascer.
   Sempre quis saber como é ver esses fenômenos, como o nascer do sol, na visão de um satélite artificial, como aqueles que ficam na órbita da terra. Deve ser mágico. Enquanto a falta da gravidade te faz flutuar, observar todo o mundo seguindo em frente sem nem se dar conta que tem alguém os observando lá de cima.

     — Bom dia pequeno. – diz o loiro ao quebrar o meu transe de pensamentos
     — Oi Kacchan.
     — Acordou mais cedo hoje? – diz ele ainda deitado e com metade de seu rosto escondido no travesseiro, escondendo sua face inchada pelo sono
     — Na verdade eu nem dormi. – digo soltando uma risada frouxa e curta
     — Como assim Deku? – diz ele se sentando na cama – Já falei que você tem que dormir direito pra não ficar doente. – ele me repreende.

   Confesso que gosto quando o loiro chama minha atenção a respeito desse tipo de situação, mas também não posso negar que não tenho muito saco para aguentar tanto sermão a todo momento.

     — Você sempre me fala isso.
     — E mesmo assim você nunca me obedece. – diz ele olhando pra mim com uma expressão até que engraçada e com uma ponta de deboche e cansaço – Vem aqui pequeno.

   Ele bate com delicadeza, com a palma da sua mão na cama, bem ao seu lado. Para mim já está subentendido que o mesmo quer que eu vá até onde ele indicou, e assim faço. Vou até o mesmo e me sento ao seu lado.
   Ele me deita sobre seu colo com delicadeza e começa a fazer cafuné em meu cabelo, deixando-o levemente bagunçado.

     — Quando eu digo para você fazer alguma coisa, é por quê eu me preocupo com você e não quero que nada de ruim te aconteça, meu bem.
     — Eu sei.
     — Então vai se arrumar logo e faz as malas por quê se não nós vamos perder o avião.
     — Avião?!
     — É lindo, vamos viajar de avião.

   A palavra avião não me traz boas lembranças, pois foi em um acidente de avião que o meu pai morreu. Me lembro que o mesmo está indo em uma viagem de negócios para os Estados Unidos e o seu avião sofreu uma falha na mecânica e assim explodiu ao cair no litoral de New York.

     — Mas esse troço não é seguro! Vai cair! – falo desesperado
     — Não vai não relaxa.
     — Eu não quero ir, eu não vou. Nem que me você force.
     — Mas aí você não vai poder ver a surpresa que eu preparei para você.
     — Eu não vou.

+++

   Já estamos nos nossos respectivos acentos. Como já deu para perceber acabei cedendo às chantagens do Kacchan. Ele tem um poder surreal de me persuadir. Ele é a única pessoa que consegue tirar alguma ideia da minha cabeça.
   Estou ansioso. Bastante ansioso. Não consigo conter meus tics nervosos e minhas pernas balançam, uma delas bate constantemente com o pé no chão. Bato o indicador de uma de minhas mãos no braço da cadeira enquanto apoio o cotovelo do outro braço e uso minha mão de apoio para meu queixo.

     — Você vai viajar de avião pela primeira vez. Não é um máximo?
 

    — Tá de brincadeira não é? – falo um tanto enfurecido com ele, mas sem aumentar o tom de voz

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