Distúrbio

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Midoriya

   Estamos eu e Kacchan na delegacia, mas não lembro porque nem como chegamos aqui. Só me lembro dos barulhos de tiro e o loiro mandando eu correr para dentro da estação.
   Após isso só me lembro de ver um homem com capacete de motoqueiro e uma roupa toda preta avançar em direção ao meu Kacchan, que já percebi estar ferido.
   Tudo que vem a seguir não passa de um clarão em minha mente.

     — Katsuki? – ouço a voz da mãe de Kacchan no ambiente, o que significa que está a sua procura e em questão de segundos, chega até nós – Katsuki! – fala ao avistar o loiro
     — Oi mãe-... – ela o abraça quando o mesmo se levanta, o surpreendendo com tal feito
     — O que aconteceu?! Você está bem?! – diz ela fazendo várias perguntas ao mesmo tempo e o deixa do com uma expressão confusa no rosto, como se estivesse atordoado com tantas perguntas seguidas uma da outra
     — Mãe calma, tá tudo bem! – diz ele pegando em suas bochechas e olhando em seus olhos – Tudo não passou de um grande susto.
     — Que bom. Que bom! – fala ela aliviada enquanto senta-se no assento mais próximo

   Quando estou concentrado na reunião familiar então padronizada de meu namorado, acaba em um transe tão forte que não me dou conta que também está presente alguém que está lá por mim.

     — Izuko! – diz minha mãe correndo até mim em passos pequenos e lentos – Meu filho!

   Ao vê-la, eu me levanto quase que de imediato e abro meus braços a chamando para um abraço com uma expressão séria e um tanto preocupada em meu rosto.

     — Mãe!... – digo quando a reencontro

   Faz bastante tempo que eu não a vejo. Por mais que eu fale com ela por telefone, não é a mesma coisa que ver uma pessoa pessoalmente. Isso se aplica de uma forma mais intensa com a minha mãe. Logo ela que sempre esteve presente na minha vida, ela que vale tanto por pai quanto por mãe.

     — Que saudade! – digo a envolvendo em um intenso abraço, descarregando toda a saudade que eu senti dela nessa última semana que ela estava no interior – Que bom que a senhora está aqui.

   Ficamos alí por alguns segundos nos abraçando enquanto nós nos livramos da saudade que estávamos guardando, até que ela toma a iniciativa de sair do abraço, colocando cada uma de suas mãos em cada um de meus ombros e olhando em meus olhos com o olhar mais profundo que já fez antes.

     — Você está bem? – diz ela com o olhar de preocupação já padrão de seu comportamento – Te machucaram?

   Lembro-me de quando cheguei em casa da escola quando eu tinha treze anos. Tinha levado uma advertência por ter me envolvido em uma discussão com uns babacas que faziam bullying com a Uraraka. Foi assim que eu e ela nos tornamos melhores amigos.
   Lembro-me que a minha mãe, ao chegarmos em casa e sentarmos na mesa de jantar para conversar sobre o acontecido, olhava para mim e observava a cena de mim, sentado e de cabeça baixa, sério, com um ar de vazio e indiferença em relação ao que aconteceu. Nesse momento ela me disse:

     — Não vou brigar com você pelo que fez. – diz ela – Você fez o certo em ter defendido aquela garota. – ela sorri com uma expressão de orgulho – Eles te machucaram? – faço que não com a cabeça – Que bom. – ela me olha com uma cara séria, criando um intervalo de pouco mais de um segundo entre uma fala e outra – Pena que você não pode dizer o mesmo deles, não é? – não resisto e dou uma risada de canto quase inaudível
     — Parece que sim. Mas não me lembro de nada que aconteceu.
     — Vá tomar um banho. E da próxima vez não mande ninguém para o hospital.

   Volto a realidade, focando no aqui e no agora e voltando a prestar atenção no que minha mãe falava.

     — Não mãe, não me machucaram. – digo – Só não consigo lembrar de nada que aconteceu hoje. Sempre é assim. – digo a encarando – Já estou ficando com medo! – permito algumas lágrimas caírem de meus olhos
     — Xi xi xi – ela produz sons que sinalizam um pedido para eu parar de chorar, enquanto enxuga meu rosto ainda sendo molhado pelas lágrimas – O que você fez não foi errado. Só tente não mandar ninguém para o hospital da próxima vez, está bem?
     — Uhum. – afirmo enquanto produzo uma careta de choro, segurando o mesmo para que não saia, pois se eu deixar o choro sair, não conseguirei fazer ele parar.

My dream boy Onde histórias criam vida. Descubra agora