Memories

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Bakugou

   Quando saio do banheiro e percebo que o Deku não está na cama, um lapso de teorias paira sobre minha cabeça, mas a mais forte é de que o pequeno presenciou tudo o que aconteceu dentro do banheiro.
   Desço as escadas com naturalidade, sem demonstrar qualquer sinal de suspeita ou de apreensão. Como eu falei... É só uma possibilidade.

     — Você está acordado? – digo
     — Sim, desci assim que você foi ao banheiro.
     — Entendi. – na verdade bem mais do que ele acha que eu entendi
     — Sem sono Kacchan? – ele fala de forma um tanto cautelosa, medindo suas palavras para não falar o que não deve

   O que foi Deku? Tá com medo de alguma coisa? Escondendo algo? Quem não deve não teme em.

     — Sim... Estava pensando em algo.
     — Algo? – fala ele jogando verde, pelo menos essa foi a impressão que passou
     — Nada que você precise se preocupar.

   Pego em sua mão, que por sinal está melada com um líquido meio viscoso e suponho ser seu esperma, meus dedos indicador e polegar estão com um pouco melados do seu esperma e para ter certeza que eu estou certo, toco meus dedos algumas vezes fazendo pequenos fios da substância.

     — Suas mãos estão sujas meu pequeno. – digo enquanto estou tocando seu dedo indicador com seu polegar da mesma mão que assim como eu tinha falado, estão com um pouco de esperma – Se quiser eu limpo para você. – falo sussurrando em seu ouvido com uma voz mais atrevida e rouca.

   Tenho que confessar que adoro provocar o pequeno esverdeado então não perco nenhuma oportunidade de provocar o mesmo, seja essa oportunidade qual seja.
   Ele sobe as escadas sem falar nada e inventa uma desculpa qualquer, ele não volta para o quarto usando a mesma desculpa. Mas é óbvio que eu não caio nessa tão fácil.
   Subo as escadas em destino ao quarto do Deku. Quando me deito na cama algo estranho começa a acontecer comigo. Mas é algo que eu já senti antes.
   O que aconteceu mais cedo comigo, volta a acontecer, os mesmos sintomas, as tonturas, os calafrios. Mais uma vez nos mesmos locais. Porém agora, há algo de diferente. Acho que desta vez está mais forte.
   O aumento da intensidade dos sintomas é de certa forma insignificante, porém não deixo de perceber, até por quê só quem sente na pele consegue medir o gral de dor que está sentindo.
   Agora a visão está meio turva e não sei bem o que estou vendo ao certo. Assim como da última vez que aconteceu isso a minha visão é preenchida por uma cena porém dessa vez uma cena diferente.
   Agora eu estou na frente do Deku, que está envergonhado contra a parede ajoelhado diante de mim com uma aura de submissão. Dessa vez a visão foi mais rápida do que a outra porém os sintomas assim como eu já falei foram um pouco mais intensos. Sei que só não caí porque eu já estava sentado na cama na hora que tudo aconteceu.
   Penso que, talvez, essas visões que eu tenho aleatoriamente são na verdade memórias que estão voltando para mim. Não sei ao certo de escrever como são essas visões mas é como se agulhas estivessem me perfurando de dentro para fora e minha visão clareia mostrando as cenas que passam diante dos meus olhos quando isso acontece.
   Raciocinando bem, estou torcendo para realmente ser memórias, porque se for assim eu e o Deku já tivemos algo a mais antes do meu acidente. Com malicioso sorriso no rosto me deito para que eu tente pegar no sono mais uma vez. Desta vez tenho sucesso.

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Midoriya

   Já de manhã, acordo no quarto da minha mãe como é de se esperar o que significa que Kacchan não tentou em nenhum momento me levar para o meu quarto, como o meu medo estava achando que aconteceria.
   Agora tem uma missão mais delicada para realizar. Preciso pegar uma roupa no meu armário que está dentro do meu quarto, o mesmo quarto que Kacchan está dormindo.
   Abro a porta do quarto da minha mãe com cautela para que não produza nenhum som de rangido devido à falta de óleo nas dobradiças. Por sorte não faço nenhum barulho tão alto com a porta e vou em passos leves até a porta do meu quarto.
   Para minha sorte, a porta do meu quarto está aberta o suficiente para que eu possa entrar sem precisar abri-la ainda mais, o que me dá menos chances de acordar o Kacchan.
   Não é que eu não queira falar com ele depois do que aconteceu. É que eu tô meio sem jeito de falar com ele depois do que... Enfim já deu para entender. Quanto mais ele demorar a acordar mas vai demorar para eu ter que enfrentar o mesmo o que vai me dar tempo para calcular as palavras que eu devo usar com ele quando o encontrar.
   O que fode mais da minha vida é que estamos dentro da minha casa, presos e sozinhos. Pensando por esse lado é óbvio que daria merda dois adolescentes no meio da puberdade dentro de uma casa sozinhos e sem nenhum adulto perto.
   Assim como fiz com a porta do quarto da minha mãe, faço o mesmo com a porta do armário que tenho em meu quarto.
   E antes de me julgarem pelo fato de ter um armário dentro do meu quarto e já falo logo que nem sempre foi assim. Até porque o tempo atrás eu tinha um guarda-roupa. Pequeno. Mas era um guarda-roupa. Até que o abençoado resolveu quebrar, ou melhor, desmontar de velho e por conta da situação financeira da minha família no momento ainda não compramos um guarda-roupa para mim.
   Por sorte alguns meses atrás minha mãe trocou o armário da cozinha que tem uma estética muito parecida com a de um guarda-roupa o que me fez ser a brilhante ideia de colocar no meu quarto só para ter onde colocar minhas roupas. Se não prestar atenção nele você nem sequer percebe que não se trata de um guarda-roupa e sim de um armário de tão parecida que a estética é a de um guarda-roupa.
   Quando pega as roupas que eu preciso não me arrisco a fechar o armário e vou saindo em passos leves, tão leves que parecem penas caindo no chão sem fazer qualquer ruído ou som que o ser humano Faria quando caminha normalmente.

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