Viagem

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Midoriya

   Durante o trajeto do hospital até a minha casa, o Kacchan fica quieto e emburrado sem sorrir por siquer um momento. Nem sequer tentou disfarçar sua implicância com Todoroki o que pelo visto também foi uma das coisas que ficaram mesmo com ele perdendo sua memória.
   Mas não critico por isso pois depois de algumas situações, percebi que tudo que também age de uma forma estranha, meio egoísta por assim dizer.
   Mas até agora desde que o Kacchan o encontrou após receber alta, o Todoroki que não deu motivo sequer para ele desgostar de sua pessoa. Mas enfim... Kacchan sendo Kacchan.
   Tento ignorar o comportamento do Kacchan, pois afinal de contas, não é sua culpa. Ele ainda está muito confuso com tudo isso que está acontecendo então não tem total controle de suas emoções. Talvez ele tenha controle, mas é como se ele estivesse experimentando tudo pela primeira vez.
   Quando estamos no meio do trajeto, já tendo passado da primeira metade do percurso para a minha casa, o Kacchan finalmente decide quebrar o clima estranho que estava dentro do carro do Todoroki.

     — Me diz uma coisa... – ele passa a falar como se tivesse esquecido alguma informação importante – Qual o seu nome mesmo? – diz ele se dirigindo ao todoroki
     — Todoroki. – diz Todoroki em uma tonalidade de voz gentil e suave
     — Ah verdade. – Kacchan continua a falar – To- doroki...
     — Sim Bakugou?
     — Você conhece o Deku já faz tempo?
     — Somos colegas de classe desde pequenos.
     — É eu fiquei sabendo disso mais cedo.
     — Por quê? – questiona Todoroki em uma forma que não soou provocante ou irônica, provavelmente também não foi essa sua intenção
     — Por nada... É que eu tive a impressão que te conhecia de algum lugar só não lembrava de onde.
     — Entendi.

   A conversa se encerra nesse momento, a partir daí, nenhuma troca de palavras foi vista dentro deste automóvel, a não ser quando Todoroki se despediu de mim e do Kacchan.
   Ao entrar  pela porta da frente da minha casa, eu e Kacchan, principalmente Kacchan, fomos recebidos pela infinita e imensa hospitalidade de Minha Mãe, que o tratou como um verdadeiro Lorde ou como seu próprio filho.
   Confesso que fiquei com um pouco de ciúmes, mais até do que é de costume.
   As horas foram se passando e logo chegou a hora de jantar. Com a mesa bem mais caprichada do que o normal, pois por conta da visita de Kacchan, minha mãe fez questão de caprichar bem mais do que ela normalmente quando não há visitas ou hóspedes em nossa casa.

     — Nossa, que mesa bonita mãe.
     — Já que hoje é o primeiro dia do Bakugou como hóspede em nossa casa, fiz questão de caprichar no jantar. – fala enquanto deixa a estética da mesa mais agradável, ajeitando ou mudando alguns pratos de posição
     — Não acho que precisa de tudo isso senhora Inko.
   Sei que por conta da perda de memória, o Kacchan está totalmente diferente e confuso, mas não imaginava que até sua personalidade seria tão afetada deste jeito.

Bakugou

   Tudo parece novo para mim, não sei explicar, mas mesmo estando perto do Deku, uma pessoa que me deixa mais a vontade em todo esse caos que está sendo minha vida.
   Espero que nem sempre minha vida tenha sido assim.
   E agora, mesmo estar na presença do Deku, eu me sinto como um urso pardo no hábitat de um urso polar.
  Devido ao meu nível de desconforto, acelero o ritmo que mastigo toda comida, e assim consequentemente diminuindo drasticamente o tempo que eu levo para dirige toda a comida. Sem meias palavras, anuncio minha saída da sala de jantar e subo as escadas em direção ao quarto do Deku que fica no final do corredor do andar de cima.
   Ao chegar na porta do quarto, que se encontra aberta, meu corpo fica estranho, de uma forma que eu sinto que nunca ficou antes.
   Minhas mãos estão formigando, minhas pernas bambas e trêmulas, meus pés estão suando frio e um sentimento de angústia, decepção e tristeza, tudo misturado preenche meu corpo de uma só vez.
   Na mesma hora uma pontada fortíssima atinge minha cabeça e minha pressão cai de uma forma drástica de tal modo que caio de joelhos no chão e um flash me preenche com uma imagem como um raio atravessando meu corpo.
   O amigo do Deku, o tal de Todoroki, está na frente do Deku, praticamente colocando o pequeno contra a parede e ambos envergonhados. Rapidamente a imagem se desfoca e quando me recupero, o quarto está vazio, como sempre esteve.
   "Que estranho" digo em pensamento. Acho melhor deixar esse acontecido somente comigo e com mais ninguém. Não quero preocupar o Deku e sua mãe.

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