Plano

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Bakugou

   Hoje foi um dia muito puxado para mim pois não fiquei um momento sequer sem pensar em tudo o que aconteceu mais cedo. Tudo foi tão bem arquitetado que por um momento cheguei a acreditar que o Kirishima realmente tentou me matar.
   Mas que amigo bosta eu sou, não é mesmo?
   Quem que acreditaria que seu próprio amigo, melhor amigo, seria capaz de tentar tirar sua vida. Fora que não faz sentido nenhum o Kirishima tentar me matar sendo que eu nunca fiz nada contra ele ou fiz algo que eu pudesse fazer chegar a esse ponto.
   Desde que voltei do Estados Unidos, o Kirishima tem sido um ótimo amigo para mim. Eu sempre falei que o Deku era meu melhor amigo, mas na verdade tudo isso é algo que vai bem mais além do que uma amizade. Eu e o Deku não somos melhores amigos, somos um só. Ele é o amor da minha vida e eu o amor da vida dele e isso nos faz ser um só.
   O Kirishima sim é o meu melhor amigo.
   Quando o final da aula se aproxima, peço para sair da sala de aula por um momento pois preciso falar com o meu pai sobre um determinado assunto.

     — Professor. – digo levantando a mão
     — Sim?
     — Eu preciso falar com o meu pai sobre uns assuntos urgentes. – digo sendo Cortez o máximo possível – O senhor me permitiria sair da sua aula por um momento?
     — Tudo bem. – diz ele em uma voz cansada – Mas nada mais que cinco minutos. – fala em sua voz mais firme, enfatizando o fato de que está falando sério e se eu o desobedecer, me darei mal
     — Muito obrigado. – digo me levantando da cadeira que sento e me dirigindo até a porta da sala de aula indo em retirada

   Saio da sala e aperto no botão de ligação no contato de meu pai. O telefone mostra a mensagem "chamando" por alguns segundos, mas depois meu pai atende a ligação.

     — Alô, filho?
     — Oi pai.
     — Aconteceu alguma coisa?
     — Eu preciso da sua ajuda.
     — Hum, prossiga.
     — Eu queria visitar um amigo meu.
     — Ah, só isso?
     — Mas tem um pequeno detalhe...
     — Lá vem. Qual?
     — É no reformatório.
     — O quê Katsuki Bakugou?! – diz ele espantado e com sua voz rasgada pela baixa qualidade do áudio do celular – Você está andando com esse tudo de gente?! O próximo passo é qual? Roubar? Matar?
     — Não pai puta que me pariu, ele é inocente!
     — O linguajar Katsuki! – me repreende em um tom severo
     — Por favor pai. Nunca te pedi nada!
     — Aff... Tudo bem, eu levo.
     — Valeu pai, o senhor é o melhor!
     — O que você não me pede rindo que eu faço chorando?
     — Preciso ir.

   Eu desligo o celular na cara do meu pai sem raciocinar o que acabei de fazer. Volto para a sala e me sento em meu lugar. Sei que o meu amigo não é o culpado, mas preciso provar sua inocência se não, não terei o que fazer a respeito dessa situação.
   Hoje é um dia de céu limpo, sem nuvens, porém mesmo assim o clima está em uma temperatura muito baixa e uma sensação térmica mais baixa ainda, o que praticamente obriga os moradores de Tokyo a usarem roupas próprias para o inverno.
   Ainda é outono, mas o frio que se aloja na cidade mais faz parecer que estamos no inverno do que em qualquer outra estação. Eu já tinha me esquecido de como o outono era tão rigoroso nesta cidade. Porém eu gosto do outono, do seu clima, das árvores nuas com suas últimas folhas amareladas caindo e forrando o chão da cidade.
   As horas vão se passando e o entardecer já está alojado na cidade de Tokyo. Como sempre fico feliz em ver o pôr do sol, Pois por incrível que pareça sempre tem algo importante para fazer após a escola e sempre que vejo essa luz alaranjada sei que está perto de chegar a hora em que eu finalmente irei fazer tal coisa.
   Em um determinado momento, sinto uma mão leve e Macia pairando sobre um de meus ombros e uma voz falando em um tom baixo para não interromper a aula do professor.

     — Kacchan, você está bem? – o pequeno provavelmente percebeu que eu estava com a mente em outro lugar e ficou um tanto quanto preocupado com isso.
     — Ah... – produzo o som da vogal quando ainda estou me recuperando do transe
     — Você está perdido hoje. – ele comenta
   E o que o pequeno falou é a mais pura verdade. Não posso negar que hoje realmente é um dia que estou fora da realidade. E não é para menos levando em consideração todos os últimos acontecimentos.
     — Não nego.
     — Aconteceu alguma coisa?
     — Aconteceu.
     — Quer conversar?
     — Não me conformo com o que aconteceu com o Kirishima. – digo

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