Salvador

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Bakugou

   Quando me deixo levar por pura intuição começo a correr em direção a porta que separa o pátio da escada que leva ao terraço. Abro a porta rapidamente com minha respiração ficando irregular.
   Escuto barulho de passos lentos segidos de um barulho de metal se chocando em algo.
   Mesmo ofegante não me dou ao luxo de parar para respirar, meu pequeno corre perigo de vida e eu sou o único que pode salva-lo agora. Corro subindo as escadas, cada vez mais ofegante. Abro a porta que dá acesso ao terraço já necessitado de ar.
   Finalmente paro para respirar e observo o Deku do outro lado da grade de proteção. O que caralhos ele está fazendo alí? É perigoso, ele pode morrer

     — IZUKO MIDORIYA! – ele começa a falar já se jogando para a frente.
   Ele fala algo mais, porém não dou atenção para conseguir entender o que ele está falando. Todo o meu foco está em agarrar a sua mão e fazer com que ele não se vá. Logo agora que eu o reencontrei. Logo agora que eu voltei para ficar, para ficar ao seu lado e nunca mais sair. Para ficar e o protejer de qualquer mal que venha atormenta-lo.
     — MIDORIYA NÃO! – falo já correndo em sua direção para salvar sua vida
   Por pouco agarro seu pulso com uma mão seguro na grade com a outra, assim, o suspendendo a pouco menos de vinte metros de altura.
     — Seu doente! – falo em voz alta e repreendendo-o – Você sabe muito bem que se cair dessa altura é morte na certa!
     — O quê? – fala ele baixinho, desacreditado e surpreso
     — Cara, foi por pouco que eu não consigo te pegar seu imbecil.
     — Me solta! – grita ele
     — Nem fudendo
     — Me deixa em paz Katsuki!

   Ele começa a falar coisas que sabe que me irritariam na intenção de que eu o solte na raiva. Mas antes que ele consiga me tirar de si, o ergo para cima e jogo nosso corpo para longe da beirada, passando por de baixo da grade de proteção.

     — Consegui te pegar – falo ao mesmo tempo que pego fôlego
     — Seu idiota  – fala ele dando um tapa em meu rosto – você mesmo falou pra mim! Será melhor comigo morto! – fala ele. Insistindo em fazer eu me lembrar do quão babaca sou – Você se lembra, não lembra? Impossível não lembrar! – fala ele já aos prantos e com um olhar vazio, despejando todo o seu rancor e mágoa sobre mim.

   Me sinto mal, mas ainda sim sinto um pouco de raiva dele. Eu o salvo e sou retribuído com um tapa tão forte que com certeza ficará a marca de seus dedos em meu rosto. Sei que sua raiva de mim deve ser grande, mas não tem necessidade de fazer toda essa tempestade em copo de água.

Midoriya

   Entre todas as coisas que ele fez comigo, essa com toda a certeza foi a pior de todas. Ele mesmo me disse que seria melhor assim, e agora que consigo tomar a iniciativa ele me impede.

     — Sério?
     — Sério o quê, Deku? – fala ele
     — Já falei para você que é para me chamar de Midorya – falo me exaltando  – Agora ficou com Alzheimer?
     — Caralho eu realmente desisto.
     — Do quê especificamente? De me atrapalhar? De ser um atraso na minha vida? – o respondo, despejando as palavras sem me importar com o peso delas sobre ele.

   Mas por que eu deveria me importar com o estrago que as minhas palavras podem causar no psicológico dele? Ele pensou no que poderia causar no meu a cinco anos atrás? Não. Então não tenho o por quê pensar no dele.

     — Quer saber Midoriya? – fala ele se levantando do chão onde estamos sentados – Eu realmente não vou me importar com o que você vai fazer com a merda da sua vida – fala ele olhando diretamente em meus olhos com frieza e também um fundo de tristeza – Eu realmente tentei muito fazer toda a nossa amizade voltar a ser como antes. Mas cada vez que eu quero tentar me explicar para você, você me trata com a maior rispidez possível.
     — Voltar a amizade? Sério que você vai vir falar isso para mim agora Kacchan? – começo a falar – Cinco anos. Fazem cinco anos que você se foi e ainda por cima antes falou todas aquelas coisas para mim. Eu até fui na sua casa no dia seguinte para saber o por quê que você tinha falado tudo aquilo para mim, mas você já tinha ido para os Estados Unidos sem ao menos se despedir.
     — Eu tentei mil vezes explicar o que aconteceu! – diz ele cada vez mais revoltado – Eu voltei, não voltei? – por um momento seus olhos brilham de um modo que parece estar se enchendo de lágrimas – Eu só voltei pra ficar do seu lado e nunca mais sair. Tudo por que eu amava a nossa amizade e você também, digo, como era a nossa relação entre amigos.
     — Kacchan pensa pelo menos uma vez na vida seu troglodita!
     — Eu cansei de tentar ser compreendido por você. Tentei de verdade. Mas se você acha que sou um atraso na sua vida eu não posso fazer nada pra mudar isso – fala ele mudando seu tom de voz para um mais suave – está na hora de compensar todo o atraso que causei na sua vida.

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