Capítulo 2

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Xamã percebeu o clima da conversa privada e aproveitou a deixa para sair de fininho e pegar mais uma bebida, nos deixando sozinhas.

- Quem é ela? - Repeti a pergunta em voz alta para Bruna.

Olhou novamente na direção do grupo recém chegado liderado pela garota e percebi que seus olhos ainda estavam fixos em mim mesmo dando atenção para outras pessoas ao seu redor, fazendo o meu rosto esquentar um pouco com toda aquela atenção.

- Aí Luísa! Não! Sério? - Bruna fez uma cara de nojo e protestou. - Pelo amor de Deus!

- Quê? Ela tá na maior intimidade com a minha amiga, tua mulher por sinal! Não posso saber?

- Luísa, a Malu é problema, fica longe dela! Ela é amiga de infância da Lud. Menina, você parece mosca só quer ficar em volta de bosta!

- Tá bom! Só perguntei, nossa... - Falei rindo da sua comparação.

Olhei rapidamente na direção da morena bronzeada de novo e ela continuava me encarando fixamente, me virei de costas para não correr o risco de ser pega a encarando de novo.

- O que você achou do Xamã?

- Legal. - Respondi sem muita animação.

- Você nem disfarça! - Bruna disse irritada me fazendo rir.

- Vamo dançar, menina chata!

- Vamos!

Fiz o melhor que pude para obedecer a minha amiga e ignorar a presença esmagadora de Maria Luz naquela noite. É aquele velho ditado, quem avisa, amigo é. E foi até uma coisa boa, me joguei na pista com minhas amigas, ainda mais na companhia do resto do pessoal que chegou depois. Dancei até cansar e soar, quando não aguentei mais deixei a pista com os protestos das meninas para ir pegar outra bebida e tomar um fôlego, estava tão concentrada no que estava fazendo que nem percebi o par de olhos fixos em mim. Quando me dei conta, já era tarde demais.

Quase instintivamente virei um pouco meu rosto pro lado e o seu rosto estava poucos a centímetros do meu e o seu corpo atrás de mim me encurralando entre a mesa e ela. Arregalei os olhos como se estivesse assustada por vê-la de tão perto, o sorriso estava lá. Bruna estava certa, Malu era problema. Ela tinha cheiro de problema, ela era ainda mais linda de perto.

- Posso ajudar? - Me virei de frente incomodada pela proximidade e tentando soar indiferente.

- Se você quiser. - Respondeu com a voz rouca e se inclinou mais na minha direção, ela era alguns centímetros mais alta.

- Já ouviu falar em espaço pessoal?

- Espaço? - O sorriso cafajeste aumentou, exibindo uma fileira de dentes brancos perfeitos. - Pode crer, vamo acabar com ele.

Ela esticou os braços tatuados e colocou as mãos na mesa ao meu redor, me prendendo entre seus braços. Um baseado bolado na blunt estava preso entre seu dedo indicador e do meio, se destacando com grossos anéis de ouro.

- Você é abusada. - Empurrei seu peito para trás fazendo ela recuar um passo para eu sair. - Com todo respeito, não vai rolar. A festa tá cheia, escolhe outra.

- Não quero outra. - Malu falou baixo me olhando nos olhos e segurou uma mecha do meu cabelo entre os dedos. - Quero você.

- Querer não é poder. - Respondi com um sorriso debochado e soprei um beijo de despedida.

Então sai andando para longe e rebolando enquanto fazia isso, olhei rapidamente para trás e dei um sorriso sapeca quando vi que Malu ainda estava lá, petrificada com um sorriso cafajeste e me olhando com olhos brilhantes mesmo após ser rejeitada, mordendo seu lábio inferior.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora