Capítulo 14

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Eu estava deitada de lado na minha cama comendo o que sobrou dos meus ovos mexidos com o prato na minha frente. Maria estava deitada com as costas encostadas na cabeceira, o lençol branco estava até a altura do seu peito e ela fumava um baseado me observando comer. Olhei para ela e sorri envergonhada, cobrindo a minha boca com a mão fazendo ela rir.

- Qual foi, pô?

- Você fica me olhando. Não consigo comer.

- To admirando, linda. Não posso? - Ela falou dando mais um trago. - Até comer cê come bonito.

- Come. Você disse que estava com fome. - Coloquei o garfo no prato e o empurrei na direção dela na cama.

- Ah vida, isso aí não tampa nem o buraco do dente. - Falou soltando a fumaça e me empurrou o prato de volta.

- Eu faço mais pra você.

- Fazer nada não, nós pede um Ifood. - Ela pegou seu celular da mesa de cabeceira.

- São duas da manhã.

- E daí? - Ela deu de ombros. - Ninguém vai dormir aqui não.

- Não tá cansada? - Perguntei arqueando minhas sobrancelhas surpresa.

- Quem pediu água foi tú. - Ela disse debochada me fazendo rir.

- Você é atentada, hein!

- Atentada nada, só to falando a verdade. Viu o que a gente podia ta fazendo a semana inteira?

- Se eu soubesse que ia ser bom assim... - Fiz uma pausa para comer mais um pouco. - Tinha dado no dia do seu aniversário mesmo.

Ela caiu na gargalhada pela minha resposta, me fazendo rir também.

- Vacilona.

- Só to falando a verdade. - Respondi no mesmo tom que ela, fazendo Maria rir ainda mais.

- Tá aprendendo. - Ela acenou positivamente e deu outro trago enquanto eu ainda ria debochada da sua cara.

Eu mal tinha terminado de comer e Maria Luz pegou meu prato, colocando-o sobre a mesa de cabeceira.

- Quer um copo d'água? - Perguntou.

- Não. - Neguei com a cabeça.

- Demoro, bora fazer de novo.

Ela falou me fazendo rir ao vir para cima de mim e jogar o lençol sobre nossas cabeças.



Acordei com a luz do sol batendo direto no meu rosto, meus olhos arderam pela claridade forte. Os braços da Malu continuavam firme ao meu redor, um embaixo do travesseiro que a gente dividia e o outro me prendendo contra ela, seu rosto estava enterrado no meio do meu cabelo, não consegui deixar de dar um sorriso ao lembrar da noite anterior. Lentamente e tomando cuidado para não acordá-la, fui escapando do seu abraço e me levantei da cama. Vesti minha calcinha e minha camiseta, fechei as cortinas para a luz não bater no rosto dela daqui a pouco. Fui para o banheiro e fiz minha rotina da manhã, xixi, escovar os dentes e lavar o rosto. Quando passei pelo quarto de novo ela ainda tava apagada na minha cama, dei um sorriso ao pensar que isso era uma imagem que eu podia me acostumar.

Peguei meu celular e sai do quarto sem fazer barulho, fui colocar comida para as minhas filhas. Haviam várias mensagens, Brunna, Lud, Rafa e mais outras de trabalho, ia deixar para responder tudo depois. Ontem ela tinha me feito aquele agrado e pensei em retribuir, fui até a minha cozinha a procura de algo para o café da manhã. Bom... café pelo menos tinha. Encontrei pão de forma para fazer torradas e o menu novamente iam ser ovos mexidos, ainda haviam três na geladeira. Aproveitei para responder algumas das mensagens enquanto preparava o café da manhã.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora